agosto 29, 2013
Olá seguidores!
Bom, como perceberam, o Project Monkeys está meio abandonado, mas nos bastidores a correria é grande! Em breve nascerá um novo site, com mais críticas, artigos, novidades e informação! Aguardem!
agosto 16, 2013
Crítica: 'Círculo de Fogo' traz muita ação e pouca história - em néon
Ficção científica recicla histórias de monstros e robôs da cultura pop
Hollywood tem chegado em um momento embaraçoso para si mesma. Enquanto roteiros geniais estão engavetados em escritórios dos grandes estúdios, pelo frequente medo de arriscar alto e amargar prejuízos - apesar de consultores acertarem com frequência - outros apostam em fórmulas batidas e orçamentos milionários (cada vez mais próximo do meio bilhão) que ganham aval de executivos e ainda assim, de vez em quando, não despertam um pingo de interesse do público. Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013) foi uma das maiores provas do ano, e além de provar o pouco apresso do público de casa com o longa, mostrou um interesse cada vez maior de uma audiência em ascensão: o resto do mundo.
O filme conta história de uma grande ameaça alienígena que brota das vísceras da Terra, onde foi aberto um grande portal superando a barreira tempo e espaço que a conecta com uma civilização pronta para destruir tudo - se apoiando em gigantescos monstros (Kaiju) - e assim tomar conta do planeta. Com o passar do tempo e a evolução tecnológica, o governo e empresas privadas se juntaram para a construção de robôs gigantes (Jaegers) que lutam "mano a mano" com os Godzillas. Apesar da aparência "Transformers", essas máquinas de combate são controladas pelo humanos, geralmente, dois pilotos que também são exímios lutadores. Com a consciência compartilhada com a máquina e entre eles mesmos - no melhor estilo A Origem (Inception, 2010) - eles possuem uma capacidade de unir o melhor das armas, mas também a humanidade necessária para vencer os monstrengos.
A direção de Guillermo del Toro, que cada vez mais tem conquistado respeito na indústria norte-americana, trabalhando como produtor em diversos longas, sendo que recebeu convites para dirigir O Hobbit, O Homem de Aço e até, o ainda inédito, Star Wars VII, tendo recusado todos esses. Mas então aceitou esse desafio. Desafio, pois, não tem nenhum grande astro (apenas atores conhecidos de seriados) e ele dividiu a produção com o interessado mercado oriental - o filme se passa em Hong Kong e possui como protagonista uma japonesa. O diretor mexicano, que mostrou uma grande capacidade criativa com a fábula O Labirinto do Fauno (2006), parece ter entregue o jogo nessa produção "made in USA" para o resto do mundo. Apesar de se tratar de um blockbuster, daqueles com regras e formato definido (bem didático e fácil), poucas cenas que não são ligadas com ação realmente transparecem uma característica autoral. São situações retratadas com pouco aprofundamento que se apoiam em personagem estereotipados - o jovem americano rebelde e herói, o negro como exemplo de conduta e liderança (no lugar de um presidente), a oriental que preza pelo máximo de respeito, além dos cientistas e pesquisadores esquisitos e cômicos (um grande deboche para a ciência).
Por outro lado, a parte técnica é quase irretocável. Os combates entre os gigantes é excepcional, assim como a fotografia e a direção de arte. As cores são o grande trunfo que fazem Círculo de Fogo possuir uma identidade única, em meio a tantos filmes de robôs e ataques alienígenas. Desde o design das máquinas, até mesmo as mechas azuis da protagonista, tudo se torna relevante para deixar o filme marcante visualmente. O néon contrasta nas várias cenas noturnas, que está desde nos letreiros da cidade sendo destruída, detalhes dos monstros e até mesmo no painel de controle das máquinas. A trilha sonora também é muito bem intercalada marcando a tensão (apesar de mais uma vez se ouvir as trombetas de A Origem). Uma cena marcante - provavelmente a mais tensa e que percebe-se todo o talento do diretor - é quando se entra no subconsciente de Mako (Rinko Kikuchi). Ela, criança, se vê no meio do ataque de um monstro e a sua salvação por um dos robôs, o que lhe ocasionou um trauma, mas também um respeito pelo seu chefe (Idris Elba). A cena, excepcional, destoa de todas outras mais barulhentas e agitadas.
Círculo de Fogo é um filme ousado no sentido se oferecer entretenimento sem se apoiar em um grande astro - tática que volte e meia dá certo, basta lembrar de Avatar (2009) -, mas também no sentido de se passar fora do EUA - o que pode justificar o seu fracasso por lá. Porém, é uma obra que se aproveita apenas do que mais tem de superficial da realidade apresentada. Não vai a fundo em questões como o impasse do governo pelo projeto - esse acha que construindo paredões iria frear a ação dos monstros -, nem mesmo nas diferenças culturais, tudo acaba caindo no mesmo lugar, o EUA salvando o mundo e ficando com a mocinha no final (é tão infantil, que o sexo se dissolve em uma cena de luta cheia de tensão sexual subjetiva, além do protagonista aparecer bastante sem camisa). Os clichês irritam constantemente, assim como o clímax final, em uma tumultuada cena no fundo do oceano. Apesar dos equívocos, Hollywood tem se dado bem enxergando lucro em outros continente, que aceita sua fórmula cada vez mais misturada de gêneros e a diversão quase infantil para agradar a todos. Pena que o cinema é tratado dessa forma, afinal, Godzilla sempre foi apresentado como uma metáfora ao ataque dos Estados Unidos contra o Japão, mas hoje é referência para um filme com roteiro banal e pouco marcante , da qual, busca lucro nessas redondezas. Curioso, não?
Hollywood tem chegado em um momento embaraçoso para si mesma. Enquanto roteiros geniais estão engavetados em escritórios dos grandes estúdios, pelo frequente medo de arriscar alto e amargar prejuízos - apesar de consultores acertarem com frequência - outros apostam em fórmulas batidas e orçamentos milionários (cada vez mais próximo do meio bilhão) que ganham aval de executivos e ainda assim, de vez em quando, não despertam um pingo de interesse do público. Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013) foi uma das maiores provas do ano, e além de provar o pouco apresso do público de casa com o longa, mostrou um interesse cada vez maior de uma audiência em ascensão: o resto do mundo.
O filme conta história de uma grande ameaça alienígena que brota das vísceras da Terra, onde foi aberto um grande portal superando a barreira tempo e espaço que a conecta com uma civilização pronta para destruir tudo - se apoiando em gigantescos monstros (Kaiju) - e assim tomar conta do planeta. Com o passar do tempo e a evolução tecnológica, o governo e empresas privadas se juntaram para a construção de robôs gigantes (Jaegers) que lutam "mano a mano" com os Godzillas. Apesar da aparência "Transformers", essas máquinas de combate são controladas pelo humanos, geralmente, dois pilotos que também são exímios lutadores. Com a consciência compartilhada com a máquina e entre eles mesmos - no melhor estilo A Origem (Inception, 2010) - eles possuem uma capacidade de unir o melhor das armas, mas também a humanidade necessária para vencer os monstrengos.
A direção de Guillermo del Toro, que cada vez mais tem conquistado respeito na indústria norte-americana, trabalhando como produtor em diversos longas, sendo que recebeu convites para dirigir O Hobbit, O Homem de Aço e até, o ainda inédito, Star Wars VII, tendo recusado todos esses. Mas então aceitou esse desafio. Desafio, pois, não tem nenhum grande astro (apenas atores conhecidos de seriados) e ele dividiu a produção com o interessado mercado oriental - o filme se passa em Hong Kong e possui como protagonista uma japonesa. O diretor mexicano, que mostrou uma grande capacidade criativa com a fábula O Labirinto do Fauno (2006), parece ter entregue o jogo nessa produção "made in USA" para o resto do mundo. Apesar de se tratar de um blockbuster, daqueles com regras e formato definido (bem didático e fácil), poucas cenas que não são ligadas com ação realmente transparecem uma característica autoral. São situações retratadas com pouco aprofundamento que se apoiam em personagem estereotipados - o jovem americano rebelde e herói, o negro como exemplo de conduta e liderança (no lugar de um presidente), a oriental que preza pelo máximo de respeito, além dos cientistas e pesquisadores esquisitos e cômicos (um grande deboche para a ciência).
Por outro lado, a parte técnica é quase irretocável. Os combates entre os gigantes é excepcional, assim como a fotografia e a direção de arte. As cores são o grande trunfo que fazem Círculo de Fogo possuir uma identidade única, em meio a tantos filmes de robôs e ataques alienígenas. Desde o design das máquinas, até mesmo as mechas azuis da protagonista, tudo se torna relevante para deixar o filme marcante visualmente. O néon contrasta nas várias cenas noturnas, que está desde nos letreiros da cidade sendo destruída, detalhes dos monstros e até mesmo no painel de controle das máquinas. A trilha sonora também é muito bem intercalada marcando a tensão (apesar de mais uma vez se ouvir as trombetas de A Origem). Uma cena marcante - provavelmente a mais tensa e que percebe-se todo o talento do diretor - é quando se entra no subconsciente de Mako (Rinko Kikuchi). Ela, criança, se vê no meio do ataque de um monstro e a sua salvação por um dos robôs, o que lhe ocasionou um trauma, mas também um respeito pelo seu chefe (Idris Elba). A cena, excepcional, destoa de todas outras mais barulhentas e agitadas.
Círculo de Fogo é um filme ousado no sentido se oferecer entretenimento sem se apoiar em um grande astro - tática que volte e meia dá certo, basta lembrar de Avatar (2009) -, mas também no sentido de se passar fora do EUA - o que pode justificar o seu fracasso por lá. Porém, é uma obra que se aproveita apenas do que mais tem de superficial da realidade apresentada. Não vai a fundo em questões como o impasse do governo pelo projeto - esse acha que construindo paredões iria frear a ação dos monstros -, nem mesmo nas diferenças culturais, tudo acaba caindo no mesmo lugar, o EUA salvando o mundo e ficando com a mocinha no final (é tão infantil, que o sexo se dissolve em uma cena de luta cheia de tensão sexual subjetiva, além do protagonista aparecer bastante sem camisa). Os clichês irritam constantemente, assim como o clímax final, em uma tumultuada cena no fundo do oceano. Apesar dos equívocos, Hollywood tem se dado bem enxergando lucro em outros continente, que aceita sua fórmula cada vez mais misturada de gêneros e a diversão quase infantil para agradar a todos. Pena que o cinema é tratado dessa forma, afinal, Godzilla sempre foi apresentado como uma metáfora ao ataque dos Estados Unidos contra o Japão, mas hoje é referência para um filme com roteiro banal e pouco marcante , da qual, busca lucro nessas redondezas. Curioso, não?
julho 28, 2013
Crítica: Divertido, 'Wolverine - Imortal' apresenta novos dilemas ao herói
A dor de ser imortal
Todo bom herói que se preze tem seu lado sombrio, sua complexidade em aceitar suas responsabilidades e seus momentos de fraqueza. Não é apenas de altruísmo que eles sobrevivem - o saldo é sempre desequilibrado para o seu lado. Alguns são tão complicados que ficam entre a linha tênue de herói e anti-herói. Wolverine é um desses casos. O mais popular dos X-Mens - e de toda a Marvel - é também um dos que sempre está com seu humor à deriva, como se funcionasse como um Hulk. Porém, a pressão sobre ele é um tanto maior, pois é nele que se concentra grande parte da responsabilidade no universo mutante, devido sua força, sua imortalidade e o instinto animal que volte e meia atinge seus objetivos. O longa Wolverine - Imortal (2013) se aprofunda em seus dilemas, com um personagem vagando sem destino, vivendo os lutos que se acumulam em sua dolorosa vida.
A trama se passa após os eventos de X-Men 3: O Confronto Final (2006), da qual, Logan (Hugh Jackman no auge de sua forma física - mais uma vez) precisou matar seu grande amor Jean Grey (Famke Janssen) para salvar a humanidade depois que os poderes da Fênix à sucumbiu. Deprimido, ele é encontrado em um bar pela jovem Yukio (Rila Fukushima, ótima no papel), que fora enviada por seu pai adotivo, Yashida (Hal Yamanouchi), salvo por Logan em Nagasaki, no Japão, no momento em que a bomba nuclear dizimou o lugar. No leito de morte, Yashima deseja reencontrar Logan para lhe oferecer o fim de seus tormentos como agradecimento: trocar seu fator de cura em troca da mortalidade, o que faria Logan morrer como uma pessoa qualquer. Claro que isso é algo mais do que uma moeda de troca qualquer e antes de qualquer resposta, Logan acaba infectado por Víbora (Svetlana Khodchenkova), uma mutante bióloga, fazendo-o ficar vulnerável. No meio disso, ele precisa proteger Mariko (Tao Okamoto), neta de Yashida, que herdeira das conquistas do avô, é alvo de seu pai, Shingen (Hiroyuki Sanada) e da Yakuza, a poderosa máfia japonesa.
Essa intricada trama, acaba tendo como resultado um filme introspectivo, sem deixar de ser um blockbuster com grandes cenas de ação (a luta em cima do trem bala é alucinante) e bons efeitos especiais - mesmo que contidos. Destaque para a boa trilha sonora de Marco Beltrami que garante uma emoção a mais. Os dilemas de Logan aos poucos vão dando espaço ao seu lado heroico, altruísta que mesmo com uma mala sem alça que é Mariko, acaba despertando nele um motivo para viver e ser novamente imortal. Mas isso é mais consequência do luto. No cinema, até agora foram dois amores perdidos: Kayla Silverfox (Lynn Collins) e Jean (que apareceu mais do que o necessário neste). Wolverine por mais que sofra a dor da perda, acaba dando chance ao amor como um motivo de continuar sua vida. Não a sua importância com a humanidade, mas sim o sentimento que lhe preenche. Se isso o faz um herói, é uma consequência de situações e do contexto, entretanto, ele como imortal, tem como aprendizado se descobrir e buscar uma forma de equilibrar seus sentimentos.
Wolverine - Imortal é uma obra que veio para apagar de vez as fracas lembranças do filme de 2009, X-Men Origens: Wolverine, que mal é tocado durante o filme. Além disso, ele também prepara terreno para o mega evento que a FOX e Marvel prometem para 2014: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o longa que promete unir as duas gerações de heróis vistos na primeira trilogia (2000, 2003 e 2009) e no recente X-Men: Primeira Classe (2011), como a cena perdida (e de arrepiar) entre os créditos finais mostra. Essa grande franquia tem lá seus deslizes, mas o carisma de Jackman aliado ao forte e desafiador personagem que é Wolverine, fazem seus filmes sempre garantia de diversão com alguma questão para ser aprofundada. Se X-Men é uma das criações que mais conseguem contextualizar os dramas de personagens com o contexto atual, Wolverine é o anti-herói necessário para fazer a série ainda mais interessante. E que venham mais produções buscando cada vez mais ampliar esse mundo, afinal de contas, o melhor deles, é imortal - o que não falta história para contar.
Todo bom herói que se preze tem seu lado sombrio, sua complexidade em aceitar suas responsabilidades e seus momentos de fraqueza. Não é apenas de altruísmo que eles sobrevivem - o saldo é sempre desequilibrado para o seu lado. Alguns são tão complicados que ficam entre a linha tênue de herói e anti-herói. Wolverine é um desses casos. O mais popular dos X-Mens - e de toda a Marvel - é também um dos que sempre está com seu humor à deriva, como se funcionasse como um Hulk. Porém, a pressão sobre ele é um tanto maior, pois é nele que se concentra grande parte da responsabilidade no universo mutante, devido sua força, sua imortalidade e o instinto animal que volte e meia atinge seus objetivos. O longa Wolverine - Imortal (2013) se aprofunda em seus dilemas, com um personagem vagando sem destino, vivendo os lutos que se acumulam em sua dolorosa vida.
A trama se passa após os eventos de X-Men 3: O Confronto Final (2006), da qual, Logan (Hugh Jackman no auge de sua forma física - mais uma vez) precisou matar seu grande amor Jean Grey (Famke Janssen) para salvar a humanidade depois que os poderes da Fênix à sucumbiu. Deprimido, ele é encontrado em um bar pela jovem Yukio (Rila Fukushima, ótima no papel), que fora enviada por seu pai adotivo, Yashida (Hal Yamanouchi), salvo por Logan em Nagasaki, no Japão, no momento em que a bomba nuclear dizimou o lugar. No leito de morte, Yashima deseja reencontrar Logan para lhe oferecer o fim de seus tormentos como agradecimento: trocar seu fator de cura em troca da mortalidade, o que faria Logan morrer como uma pessoa qualquer. Claro que isso é algo mais do que uma moeda de troca qualquer e antes de qualquer resposta, Logan acaba infectado por Víbora (Svetlana Khodchenkova), uma mutante bióloga, fazendo-o ficar vulnerável. No meio disso, ele precisa proteger Mariko (Tao Okamoto), neta de Yashida, que herdeira das conquistas do avô, é alvo de seu pai, Shingen (Hiroyuki Sanada) e da Yakuza, a poderosa máfia japonesa.
Essa intricada trama, acaba tendo como resultado um filme introspectivo, sem deixar de ser um blockbuster com grandes cenas de ação (a luta em cima do trem bala é alucinante) e bons efeitos especiais - mesmo que contidos. Destaque para a boa trilha sonora de Marco Beltrami que garante uma emoção a mais. Os dilemas de Logan aos poucos vão dando espaço ao seu lado heroico, altruísta que mesmo com uma mala sem alça que é Mariko, acaba despertando nele um motivo para viver e ser novamente imortal. Mas isso é mais consequência do luto. No cinema, até agora foram dois amores perdidos: Kayla Silverfox (Lynn Collins) e Jean (que apareceu mais do que o necessário neste). Wolverine por mais que sofra a dor da perda, acaba dando chance ao amor como um motivo de continuar sua vida. Não a sua importância com a humanidade, mas sim o sentimento que lhe preenche. Se isso o faz um herói, é uma consequência de situações e do contexto, entretanto, ele como imortal, tem como aprendizado se descobrir e buscar uma forma de equilibrar seus sentimentos.
Wolverine - Imortal é uma obra que veio para apagar de vez as fracas lembranças do filme de 2009, X-Men Origens: Wolverine, que mal é tocado durante o filme. Além disso, ele também prepara terreno para o mega evento que a FOX e Marvel prometem para 2014: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o longa que promete unir as duas gerações de heróis vistos na primeira trilogia (2000, 2003 e 2009) e no recente X-Men: Primeira Classe (2011), como a cena perdida (e de arrepiar) entre os créditos finais mostra. Essa grande franquia tem lá seus deslizes, mas o carisma de Jackman aliado ao forte e desafiador personagem que é Wolverine, fazem seus filmes sempre garantia de diversão com alguma questão para ser aprofundada. Se X-Men é uma das criações que mais conseguem contextualizar os dramas de personagens com o contexto atual, Wolverine é o anti-herói necessário para fazer a série ainda mais interessante. E que venham mais produções buscando cada vez mais ampliar esse mundo, afinal de contas, o melhor deles, é imortal - o que não falta história para contar.
julho 23, 2013
Crítica: 'O Homem de Aço' traz um novo (e bom) rumo para o herói
Uma bela repaginada do herói desbotado
Na história do cinema, o Super Homem tem uma vida um tanto peculiar. Seu sucesso dos quadrinhos foi logo repetido nas telas com o ótimo filme de 1978, Superman - O Filme, que já previa o alto investimento atual com nomes de peso no elenco como Marlon Brando e Gene Hackman (além de apresentar Christopher Reeve, que ficou marcado no papel) e efeitos especiais muito bons para época. Após uma continuação bem sucedida em 1980, outras três sequências foram produzidas, uma em 1983, outra em 1987 (que finalizou um ciclo) e um retorno mal sucedido, em vários sentidos, em 2006. Em uma nova abordagem partindo do começo da história, o longa se aproveita de um contexto favorável para o resgate do herói que, apesar de ter um dos filmes mais idolatrados na cultura, há tempos sofre para ganhar destaque na dura concorrência entre Homem Aranha, Homem de Ferro, Hulk, X-Mens e, seu amigo, Batman. Eis que, chega aos cinema O Homem de Aço (2013).
O longa dirigido por Zack Snyder apresenta um novo reinício com grandes pretensões de gerar sequências e assim realizar o sonho da Warner Bros que precisa correr atrás do tempo perdido, ainda mais depois que a concorrente Marvel ganhou vida própria na industria cinematográfica e tem feito muito dinheiro com os heróis que sobraram em seu casting, conquistando o ápice no ano passado com o mega lançamento de Os Vingadores. A Warner que é dona dos heróis da DC Comics - casa dos personagens da Liga da Justiça - precisa inserir cada integrante em longas e assim lançar o filme do grupo reunido, como tem sido seus planos. Sua dificuldade vem do fato de que quando a Marvel Studios mostrou serviço, a Warner estava em meio a uma lucrativa franquia de Batman, dirigido por Christopher Nolan, e o receio de retomar a história de Super Homem, após o fiasco do longa de 2006. No meio desse caminho, ainda veio o fracasso de outros personagens da mesma empresa, como o filme do Lanterna Verde (2011) e a série de TV da Mulher Maravilha - cancelada pela NBC apenas com o episódio piloto gravado. Porém, com o tempo passando e empoeirando os fracassos e sucessos, foi confirmada a participação do Batman em Homem de Aço 2.
A notícia vem apenas para comprovar o que era esperado após um massante trabalho de marketing - nunca vi tanto trailer de um filme em diferentes sessões. O Homem de Aço acabou sendo um sucesso de bilheteria, sem chegar a ser um Cavaleiro das Trevas e muito menos um Homem de Ferro, mas apagou a má impressão que se tinha do herói. Mas não foi apenas o marketing que o salvou. A reformulação foi bem intensa em diversos âmbitos. Não adianta apenas escurecê-la, a tal cueca por fora da roupa finalmente já não existe mais - característica que denotava ingenuidade das diferentes épocas - e o filme percorreu um caminho mais sério, de visual austero e focado na ação. Snyder que tem experiência com longas de ação como 300 (2006), Sucker Punch - Mundo Surreal (2011) e a ótima adaptação do dramático e complexo quadrinho também da DC Comics, Watchmen (2009), conseguiu equilibrar seus exageros dando alguma profundidade no herói. O resultado é uma releitura rica dos dois primeiros filmes, seja em um roteiro melhor trabalhado ou no visual que tem um orçamento e tecnologias infinitamente superiores.
Seus atos remetem diretamente ao que foi visto nos filmes de 78 e 80 (apenas deixando de fora o grande vilão Lex Lurthor), com pequenas mudanças na construção do roteiro - são inseridos flashbacks para mostrar o crescimento de Clark Kent na família de humanos, fato que enriqueceu a psicologia em torno da evolução moral do personagem, tanto no seu aprendizado quanto na forma de pôr em ação. Tais semelhanças e mudanças foram significativas para fazer de O Homem de Aço um filme fácil, divertido, mas ao mesmo tempo que desafie o espectador, revertendo a banalidade de blockbusters que, de praxe, subestimam a capacidade do público. Outra questão foi na estética do filme, da qual, Znyder não caiu na armadilha que poderia surgir se seguisse a escuridão da saga de Nolan nos filmes do Batman. Então apresentou uma obra, cheia de vida e efeitos visuais de primeira. A ação desenfreada - não basta um personagem ser arremessado para o espaço, ele precisa encontrar um satélite no meio do caminho - ganha um bom equilíbrio com os flashbacks com planos contra a luz e câmera na mão, tremida, à la o cultuado A Árvore da Vida (2011) de Terrence Malick.
As atuações também estão condensadas nesse roteiro equilibrado dando chance a atores novatos como Henry Cavill e Amy Adams conseguirem manter o nível dos veteranos que tem nomes expressivos como Russell Crowe, Kevin Costner e Diane Lane. Foi também revelado para o grande público, mesmo já sendo indicado ao Oscar, o bom Michael Shannon, que ultimamente rouba a cena na série Boardwalk Empire - no longa ele é o vilão Zod. Contudo, nem tudo se saiu tão bem. O roteiro tem algumas passagens questionáveis como a morte do pai "adotivo" de Clark, que acaba perdendo a vida para salvar um cachorro; o excesso de Crowe querendo explicar a mesma coisa dezenas de vezes; poucas cenas de humor; e a prisão dos vilões que, banidos, acabam com a situação revertida após a explosão de Krypton, e uma nova chance surge transformando o castigo em uma salvação. A longa duração também deixa à desejar já que se trata de um filme "pipoca".
Entretanto, O Homem de Aço ainda funciona como bom entretenimento, que busca nas suas referências dos clássicos e no melhor da indústria cinematográfica em questões técnicas, para assim construir uma obra sólida e levantar a cabeça do herói que perdia o brilho e corria o risco de cair de divisão. O discurso de proteger o american way of life, deu lugar para um tema mais relevante como o bullying e uma mensagem mais universal como a compaixão pelo ser humano, mesmo este sendo tão variável nas questões morais. Soma-se a isso questões psicanalíticas (busca pela identidade em meio aos conflitos familiares e a perda do pai), filosóficas (vida fora da terra) e religiosas (o herói que vai se confessar na igreja). Esse retrato mais complexo do herói o faz sobressair, por exemplo, em qualquer outro filme da Marvel Studios, que foca na diversão, sem trazer algo a mais em sua justificativa de existir. Nos quadrinhos, geralmente, essas histórias vão à fundo disfarçadas de fantasia para tocar em temas espinhosos e nessa transposição para o cinema não deviam deixar essa essência ser perdida. Afinal, Superman é praticamente uma representação cristã para a humanidade que busca nos céus uma salvação e, nessa sociedade tão conturbada, esse tipo de heroísmo sempre tem espaço, pois não faltam os vilões.
O longa dirigido por Zack Snyder apresenta um novo reinício com grandes pretensões de gerar sequências e assim realizar o sonho da Warner Bros que precisa correr atrás do tempo perdido, ainda mais depois que a concorrente Marvel ganhou vida própria na industria cinematográfica e tem feito muito dinheiro com os heróis que sobraram em seu casting, conquistando o ápice no ano passado com o mega lançamento de Os Vingadores. A Warner que é dona dos heróis da DC Comics - casa dos personagens da Liga da Justiça - precisa inserir cada integrante em longas e assim lançar o filme do grupo reunido, como tem sido seus planos. Sua dificuldade vem do fato de que quando a Marvel Studios mostrou serviço, a Warner estava em meio a uma lucrativa franquia de Batman, dirigido por Christopher Nolan, e o receio de retomar a história de Super Homem, após o fiasco do longa de 2006. No meio desse caminho, ainda veio o fracasso de outros personagens da mesma empresa, como o filme do Lanterna Verde (2011) e a série de TV da Mulher Maravilha - cancelada pela NBC apenas com o episódio piloto gravado. Porém, com o tempo passando e empoeirando os fracassos e sucessos, foi confirmada a participação do Batman em Homem de Aço 2.
A notícia vem apenas para comprovar o que era esperado após um massante trabalho de marketing - nunca vi tanto trailer de um filme em diferentes sessões. O Homem de Aço acabou sendo um sucesso de bilheteria, sem chegar a ser um Cavaleiro das Trevas e muito menos um Homem de Ferro, mas apagou a má impressão que se tinha do herói. Mas não foi apenas o marketing que o salvou. A reformulação foi bem intensa em diversos âmbitos. Não adianta apenas escurecê-la, a tal cueca por fora da roupa finalmente já não existe mais - característica que denotava ingenuidade das diferentes épocas - e o filme percorreu um caminho mais sério, de visual austero e focado na ação. Snyder que tem experiência com longas de ação como 300 (2006), Sucker Punch - Mundo Surreal (2011) e a ótima adaptação do dramático e complexo quadrinho também da DC Comics, Watchmen (2009), conseguiu equilibrar seus exageros dando alguma profundidade no herói. O resultado é uma releitura rica dos dois primeiros filmes, seja em um roteiro melhor trabalhado ou no visual que tem um orçamento e tecnologias infinitamente superiores.
Seus atos remetem diretamente ao que foi visto nos filmes de 78 e 80 (apenas deixando de fora o grande vilão Lex Lurthor), com pequenas mudanças na construção do roteiro - são inseridos flashbacks para mostrar o crescimento de Clark Kent na família de humanos, fato que enriqueceu a psicologia em torno da evolução moral do personagem, tanto no seu aprendizado quanto na forma de pôr em ação. Tais semelhanças e mudanças foram significativas para fazer de O Homem de Aço um filme fácil, divertido, mas ao mesmo tempo que desafie o espectador, revertendo a banalidade de blockbusters que, de praxe, subestimam a capacidade do público. Outra questão foi na estética do filme, da qual, Znyder não caiu na armadilha que poderia surgir se seguisse a escuridão da saga de Nolan nos filmes do Batman. Então apresentou uma obra, cheia de vida e efeitos visuais de primeira. A ação desenfreada - não basta um personagem ser arremessado para o espaço, ele precisa encontrar um satélite no meio do caminho - ganha um bom equilíbrio com os flashbacks com planos contra a luz e câmera na mão, tremida, à la o cultuado A Árvore da Vida (2011) de Terrence Malick.
As atuações também estão condensadas nesse roteiro equilibrado dando chance a atores novatos como Henry Cavill e Amy Adams conseguirem manter o nível dos veteranos que tem nomes expressivos como Russell Crowe, Kevin Costner e Diane Lane. Foi também revelado para o grande público, mesmo já sendo indicado ao Oscar, o bom Michael Shannon, que ultimamente rouba a cena na série Boardwalk Empire - no longa ele é o vilão Zod. Contudo, nem tudo se saiu tão bem. O roteiro tem algumas passagens questionáveis como a morte do pai "adotivo" de Clark, que acaba perdendo a vida para salvar um cachorro; o excesso de Crowe querendo explicar a mesma coisa dezenas de vezes; poucas cenas de humor; e a prisão dos vilões que, banidos, acabam com a situação revertida após a explosão de Krypton, e uma nova chance surge transformando o castigo em uma salvação. A longa duração também deixa à desejar já que se trata de um filme "pipoca".
Entretanto, O Homem de Aço ainda funciona como bom entretenimento, que busca nas suas referências dos clássicos e no melhor da indústria cinematográfica em questões técnicas, para assim construir uma obra sólida e levantar a cabeça do herói que perdia o brilho e corria o risco de cair de divisão. O discurso de proteger o american way of life, deu lugar para um tema mais relevante como o bullying e uma mensagem mais universal como a compaixão pelo ser humano, mesmo este sendo tão variável nas questões morais. Soma-se a isso questões psicanalíticas (busca pela identidade em meio aos conflitos familiares e a perda do pai), filosóficas (vida fora da terra) e religiosas (o herói que vai se confessar na igreja). Esse retrato mais complexo do herói o faz sobressair, por exemplo, em qualquer outro filme da Marvel Studios, que foca na diversão, sem trazer algo a mais em sua justificativa de existir. Nos quadrinhos, geralmente, essas histórias vão à fundo disfarçadas de fantasia para tocar em temas espinhosos e nessa transposição para o cinema não deviam deixar essa essência ser perdida. Afinal, Superman é praticamente uma representação cristã para a humanidade que busca nos céus uma salvação e, nessa sociedade tão conturbada, esse tipo de heroísmo sempre tem espaço, pois não faltam os vilões.
julho 18, 2013
Crítica: 'Antes da Meia-Noite' finaliza trilogia com bom humor e reflexões
Filme é um dos melhores do ano até então
Em 1995 o diretor Richard Linklater ganhou os holofotes com o romance Antes do Amanhecer (Before Sunrise), estrelado por um jovem Ethan Hawke e uma charmosa atriz francesa Julie Delpy. A trama era simples, consistindo em um casal, Jesse e Céline, que se conhece em um trem que tinha como destino Viena e, quando chegam, resolvem passar o tempo, andando, conversando, filosofando e flertando, antes do dia clarear e depois cada um seguiria seu próprio caminho. A ideia que partiu de um fato real que aconteceu com o diretor e ele nunca mais viu a garota após essa noite especial. Perto do lançamento do longa, ele tinha esperanças que ela se identificasse com a história e aparecesse no lançamento, porém, descobrira posteriormente sua morte antes mesmo do filme ser lançado. Esse foi o mote da continuação que se passa em 2004, Antes do Por do Sol (Before Sunset), da qual, Jesse lança um livro sobre a noite, atraindo a atenção de Céline. Agora mais nove anos se passam, e mais um fragmento da vida do casal é mostrada em Antes da Meia-Noite (Before Midnight, 2013).
Essa peculiar trilogia, ganhou fãs adeptos que logo se identificaram com os encontros e desencontros do casal. Se no primeiro filme, a história ainda não sabia para onde ir, sem nenhuma pretensão de ser algo além do que um experimento sobre o acaso e o amor, deixando no final o público imaginar o que aconteceria entre os dois, sua continuação foi longe em desfazer o tom de conto de fadas e incluir a realidade na vida daqueles personagens. Seu bate-papo por Paris vai ganhando ares mais subjetivos, com tons politizados, decepções, arrependimentos, nostalgia e uma tensão sexual bem perceptível. Jesse que viveu o "sonho americano" se afundou em um casamento sem amor e cumplicidade, parecia ter lançado o livro sobre sua experiência para atrair aquela pessoa que por um período mudou sua vida. Ela teve seus namorados, estudou nos Estados Unidos - mas não suporta o país - trabalhou em prol de melhorar o mundo, mas dá para sentir um vazio dramático naquela tranquila vida parisiense.
Antes da Meia-Noite, chega para, finalmente, mostrar o casal junto. Chega de flertes, de ensaios sobre a vida separados e como seriam eles juntos. Ali está o estado bruto do que é o casal apaixonado que se conheceu há 18 anos e agora tem filhos para dividir a atenção. O longa se passa com o casal de férias na Grécia, aproveitando os últimos dias de folga do filho de Jesse, fruto do ex-casamento com uma "insuportável" mulher. Seus 40 anos começam a pesar e ele sente que anda distante do filho, já que agora mora em Paris com Céline. De uma primeira conversa no carro, logo é jogada a questão, junto com outras reflexões sobre a qualidade do trabalho deles como pais. Com mais cenas contextualizando o momento, o diretor sai um pouco do foco do casal e mostra outros personagens (também casais) e assim se aprofundar em diferentes olhares sobre o que é o amor e a vida.
Ali estão reunidos no almoço: um jovem casal sonhador (que bem lembra a inteligência e sagacidade de Jesse e Céline quando se conheceram), um casal um pouco mais velho que eles e um idoso e uma senhora, ambos viúvos. Cada fala que transcende o humor do ridículo em estereotipar homens que tem como fato mais importante da existência seus próprios pênis, assim como o que é importante para um relacionamento durar. Após esse ato, parte-se finalmente para as andanças do casal pela rústica Grécia, esperando que mais uma vez o local acenda neles novos sentimentos que precisam serem consumidos. Como bem citado, o humor característico deles, vai ganhando aos poucos contornos um pouco mais ácidos, ríspidos que logo chegam ao auge no Hotel, em que praticamente duelam como numa tragédia grega.
Nessas conversas tumultuados, ofensivas, todo aquele ar romântico e sublime dos filmes anteriores vai dando espaço a uma verdadeira reflexão sobre o olhar feminista sobre a injustiça no equilíbrio da família e os deveres com os filhos. Perdendo o controle, fatos de casos antigos e supostas traições criam um clima ainda mais tóxico. Claro, que Linklater mostra isso com bons diálogos mesclando a ironia de Céline e a paciência de Jesse, para assim o ato render boas frases, jogar questões metafóricas e sempre buscar acrescentar no relacionamento dos dois. Fica muito subjetivo também, o olhar psicanalítico que o diretor dá sobre o casamento, mais parecido com um reflexo da infância do homem que busca na mulher sua representação de mãe - o fetiche dos seios permeia pela tela por alguns poucos instantes. Seria esse o causador dos maiores problemas do casamento? Essa dificuldade dos homens se estabelecerem na família, já que se acham no lugar de também serem filhos e não pais?
O ato final vai afundo sem, obviamente, tentar responder essas questões complexas e provavelmente sem solução. Apenas dá uma dica bem vinda que pode ajudar. Com tantas mudanças que ocorrem ao decorrer do tempo, as decepções, os momentos felizes, o cansaço da rotina e outras, o importante é entender o tempo como uma percepção, como Jesse mesmo indaga. Nesse tempo físico, da qual, as lembranças acabam sendo deixadas de lado, nada custa uma boa "viagem no tempo" para relembrar o que motivou esse entrelaço de casais que se conhecem de maneira tão lírica, poética e poderiam sempre levar isso como motivação para construírem uma relação duradoura. Não a relação de novela, mas aquela que tem como importante o companheirismo, o respeito, a cumplicidade. O filme retrata de forma brilhante esse casal tão comum, mas ao mesmo tempo tão único, e que o tempo só lhes fez bem.
Em 1995 o diretor Richard Linklater ganhou os holofotes com o romance Antes do Amanhecer (Before Sunrise), estrelado por um jovem Ethan Hawke e uma charmosa atriz francesa Julie Delpy. A trama era simples, consistindo em um casal, Jesse e Céline, que se conhece em um trem que tinha como destino Viena e, quando chegam, resolvem passar o tempo, andando, conversando, filosofando e flertando, antes do dia clarear e depois cada um seguiria seu próprio caminho. A ideia que partiu de um fato real que aconteceu com o diretor e ele nunca mais viu a garota após essa noite especial. Perto do lançamento do longa, ele tinha esperanças que ela se identificasse com a história e aparecesse no lançamento, porém, descobrira posteriormente sua morte antes mesmo do filme ser lançado. Esse foi o mote da continuação que se passa em 2004, Antes do Por do Sol (Before Sunset), da qual, Jesse lança um livro sobre a noite, atraindo a atenção de Céline. Agora mais nove anos se passam, e mais um fragmento da vida do casal é mostrada em Antes da Meia-Noite (Before Midnight, 2013).
Essa peculiar trilogia, ganhou fãs adeptos que logo se identificaram com os encontros e desencontros do casal. Se no primeiro filme, a história ainda não sabia para onde ir, sem nenhuma pretensão de ser algo além do que um experimento sobre o acaso e o amor, deixando no final o público imaginar o que aconteceria entre os dois, sua continuação foi longe em desfazer o tom de conto de fadas e incluir a realidade na vida daqueles personagens. Seu bate-papo por Paris vai ganhando ares mais subjetivos, com tons politizados, decepções, arrependimentos, nostalgia e uma tensão sexual bem perceptível. Jesse que viveu o "sonho americano" se afundou em um casamento sem amor e cumplicidade, parecia ter lançado o livro sobre sua experiência para atrair aquela pessoa que por um período mudou sua vida. Ela teve seus namorados, estudou nos Estados Unidos - mas não suporta o país - trabalhou em prol de melhorar o mundo, mas dá para sentir um vazio dramático naquela tranquila vida parisiense.
Antes da Meia-Noite, chega para, finalmente, mostrar o casal junto. Chega de flertes, de ensaios sobre a vida separados e como seriam eles juntos. Ali está o estado bruto do que é o casal apaixonado que se conheceu há 18 anos e agora tem filhos para dividir a atenção. O longa se passa com o casal de férias na Grécia, aproveitando os últimos dias de folga do filho de Jesse, fruto do ex-casamento com uma "insuportável" mulher. Seus 40 anos começam a pesar e ele sente que anda distante do filho, já que agora mora em Paris com Céline. De uma primeira conversa no carro, logo é jogada a questão, junto com outras reflexões sobre a qualidade do trabalho deles como pais. Com mais cenas contextualizando o momento, o diretor sai um pouco do foco do casal e mostra outros personagens (também casais) e assim se aprofundar em diferentes olhares sobre o que é o amor e a vida.
Ali estão reunidos no almoço: um jovem casal sonhador (que bem lembra a inteligência e sagacidade de Jesse e Céline quando se conheceram), um casal um pouco mais velho que eles e um idoso e uma senhora, ambos viúvos. Cada fala que transcende o humor do ridículo em estereotipar homens que tem como fato mais importante da existência seus próprios pênis, assim como o que é importante para um relacionamento durar. Após esse ato, parte-se finalmente para as andanças do casal pela rústica Grécia, esperando que mais uma vez o local acenda neles novos sentimentos que precisam serem consumidos. Como bem citado, o humor característico deles, vai ganhando aos poucos contornos um pouco mais ácidos, ríspidos que logo chegam ao auge no Hotel, em que praticamente duelam como numa tragédia grega.
Nessas conversas tumultuados, ofensivas, todo aquele ar romântico e sublime dos filmes anteriores vai dando espaço a uma verdadeira reflexão sobre o olhar feminista sobre a injustiça no equilíbrio da família e os deveres com os filhos. Perdendo o controle, fatos de casos antigos e supostas traições criam um clima ainda mais tóxico. Claro, que Linklater mostra isso com bons diálogos mesclando a ironia de Céline e a paciência de Jesse, para assim o ato render boas frases, jogar questões metafóricas e sempre buscar acrescentar no relacionamento dos dois. Fica muito subjetivo também, o olhar psicanalítico que o diretor dá sobre o casamento, mais parecido com um reflexo da infância do homem que busca na mulher sua representação de mãe - o fetiche dos seios permeia pela tela por alguns poucos instantes. Seria esse o causador dos maiores problemas do casamento? Essa dificuldade dos homens se estabelecerem na família, já que se acham no lugar de também serem filhos e não pais?
O ato final vai afundo sem, obviamente, tentar responder essas questões complexas e provavelmente sem solução. Apenas dá uma dica bem vinda que pode ajudar. Com tantas mudanças que ocorrem ao decorrer do tempo, as decepções, os momentos felizes, o cansaço da rotina e outras, o importante é entender o tempo como uma percepção, como Jesse mesmo indaga. Nesse tempo físico, da qual, as lembranças acabam sendo deixadas de lado, nada custa uma boa "viagem no tempo" para relembrar o que motivou esse entrelaço de casais que se conhecem de maneira tão lírica, poética e poderiam sempre levar isso como motivação para construírem uma relação duradoura. Não a relação de novela, mas aquela que tem como importante o companheirismo, o respeito, a cumplicidade. O filme retrata de forma brilhante esse casal tão comum, mas ao mesmo tempo tão único, e que o tempo só lhes fez bem.
julho 17, 2013
Crítica: 'Mad Men' termina temporada psicodélica e magistral
Don Draper começa seu caminho pela redenção
Mad Men se concentra em mostrar a vida de pessoas que vivem num alto círculo social, mas a realidade das ruas divididas sempre acaba interferindo de alguma maneira em suas casas e trabalho, sempre misturando sentimentos e traçando analogias do que se passa lá fora e entre quatro paredes. Daí a entrada das drogas em escritórios, a terapia como profissão em ascendência, o sexo e a infidelidade. O movimento hippie que ganhou sua versão mercadológica para se incorporar na indústria e animar festas de ricos executivos. Draper e sua compulsão pela bebida que serve para controlar os fantasmas e os problemas, segue firme. Sua amante que nada mais era que uma projeção de seu passado quando cresceu em um bordel - o único afeto que ele sentiu foi com uma prostituta que lhe deu carinho, sopa e sexo. Se profissionalmente ele sempre esteve adiantado por ter vivido uma vida em meio à tensões e uma realidade difícil - entender bem seu público alvo - Draper se viu sendo passado para trás. Afinal, suas confusões pessoais acabaram sendo transpostas para a sua publicidade deixando claro seu verdadeiro eu melancólico à amostra - como exemplo a publicidade de um Hotel no Havaí, sua briga com o representante da Jaguar, sua fala sobre jovens convocados à guerra para sócios da Chevy e, no final, seu desabafo aos executivos da Hershey's.
O que era sempre cartas marcadas, acabou se tornando um pesadelo para ele. Don perdeu o controle, pois o ambiente ao redor mudou de uma maneira que lhe pregou peças. Agora ele ouve "não" de mulheres e sua filha não é mais uma criança, podendo aparecer e pegá-lo em flagra. Sua ex-esposa, Betty (January Jones) pode usá-lo para uma noite de sexo. Seu escritório tem mais gente mandando do que recebendo ordens e todos querem a maior fatia do bolo - até Joan (Christina Hendricks) vestiu sua armadura e foi pra guerra. Foi lá que Draper encontrou seu reflexo no personagem de Ted (Kevin Rahm) que era de uma agência rival, mas acabaram se fundido - a publicidade aos poucos vai perdendo seu brilho e glamour. Ted é um homem bem sucedido, criativo como Draper, mas tem ao seu a favor ser mais gentil. Don percebe que o carisma dele é muito grande, ainda mais quando Peggy se mostra apaixonada por ele, Don, então, parte para o ataque fazendo um sentimento de companheirismo e ódio entre os dois se estabelece. Em um grande momento de catarse Draper abre a mão de trabalhar na Califórnia - para fugir de seus problemas - e deixa Ted ir em seu lugar - esse quer salvar o casamento que pode ser destruído por causa se seus sentimentos por Peggy.
Quando comentei sobre a estreia da temporada, falei sobre como cada personagem vai tentando assimilar as mudanças e assim se manter no trabalho e na vida pessoal. Personagens como Pete (Vincent Kartheiser) que é praticamente um Don de fraldas, foi na pele descobrindo que existem outros como Don espalhados, vivendo mentiras, mas que tem seu lado bom e profissional. Pete percebeu que sua perseguição pelo enigmático Bob (James Wolk) lhe rendeu a vida de sua mãe, que depois de tentar ajudar Pete (mesmo com intenções amorosas) acabou sendo punido apenas por ser gay - fazendo esse revidar e de alguma forma resolvendo o problema de Pete, já que sua mãe lhe tornará um fardo. Sua redenção ocorreu no final da temporada com ele pedindo desculpas à Bob e encerrando de vez o assunto - deu a entender que ele vai buscar ser melhor com a família. Joan se viu como uma mera secretária apesar de ser umas das sócias. Passando por cima dos outros, mostrou que não é apenas a mulher que dormiu com o chefe, com a Jaguar, e assim conquistou com seus méritos a Avon. Na cena final, fechou os olhos para Don Draper, no melhor estilo "amigos, negócios à parte". Peggy busca um amigo, um amor... Conseguiu um gato para lhe livrar de ratos e mais desilusões - aquele ambiente não é pra ela tão sentimental.
A jornada em entender esse personagem tão fascinante como Don Draper é contada cada vez mais com uma maestria de dar gosto. Se essa temporada todos ficaram à sombra do protagonista, não por menos, Jon Hamm brilhou. Toda aquela atmosfera fantasmagórica, com o passado lhe tocando e conversando contigo foi algo supremo. E mais importante, influenciando cada gesto - posição fetal quando parece acuado, abatido quando leva um pé na bunda da amante, assustado quando chora para a esposa sobre não sentir nada pelos filhos, melancólico - como sempre. Don é um homem perturbado, traumatizado que acreditou nas verdade que ele cria para vender e as quis incorporar para si próprio. Criou o seu american way life e afundou junto com ele. Agora caminha para contornar seu vazio existencial, de maneira mais forte, indo direto na raiz. Leva seus filhos para assim o conhecê-lo como nunca o fez antes. É a hora da virada e de correr atrás do prejuízo com seus filhos, que poderiam terminar como ele.
Mad Men ainda funciona de forma magistral a contextualização de uma época cercada de novos significados, uma mudança cultural violenta e a política ganhando contornos históricos - seja com a morte de Martin Luther King, o tiro contra Bobby Kennedy ou a campanha avassaladora de Nixon. A violência vai se mostrando mais ameaçadora - assalto em condomínios e o barulho de sirenes que invadem os apartamentos dos prédios de Manhattan. O cinema reflete toda essa mudança, seja no pessimista O Planeta dos Macacos, que estreou com Nova Iorque à beira de um caos e O Bebê de Rosemary, da qual, aterroriza o padrão antigo de vida da classe média. Junto com essa cultura em ascensão de Hollywood, a televisão ganha cores e passa a ser um novo personagem nas casas. Sua influência é mostrada de forma subjetiva, com crianças hipnotizadas à ela, preenchendo o silêncio da solidão de salas e casas e chamando atenção para as ruas tomadas por manifestantes, buscando atingir àqueles que estão em casa.
Para finalizar a temporada, a música de Joni Mitchell, Both Sides Now, que tem como bem representativo o refrão:
"...Olho a vida de ambos os lados agora
Do ganhar e perder, e ainda de alguma maneira
É das ilusões do amor que eu me recordo
Eu realmente não conheço nada da vida..."
Mais simbólico, impossível. Mad Men caminha para o seu final com um sinal de esperança, apesar de tudo sempre mostrar o contrário. É de arrepiar.
Quando saíram as peças promocionais da sexta temporada de Mad Men, deu para perceber que o que estava sendo insinuado em fragmentos nas temporadas anteriores, realmente iria acontecer: Dick Whitman voltou para "assombrar" Don Draper (Jon Hamm). Não bastou se tornar um homem bem sucedido, trocar de casamento e manter a pose num mundo falso que é representado pela publicidade. Com a sociedade mudando e o comportamento das pessoas cada vez mais sendo influenciado pela contracultura com a psicodelia das drogas, os movimentos sociais como a ascensão dos negros e das mulheres no mercado de trabalho, além da onda política que tomou conta de todos com a Guerra do Vietnã, a verdadeira identidade de Draper foi se impondo para preencher o vazio existencial daquele falso corpo - e mente. A temporada se encerrou nessa segunda (15), pela HBO Brasil, e garantiu bons momentos nessa viagem à tumultuada cabeça do protagonista.
Algo que todos tem certeza desde o momento do nascimento é a morte. Como fora sendo trabalhado na temporada anterior - com seu ápice sendo atingido com a morte do sócio Lane (Jared Harris), que britânico, não suportou a pressão de um escritório americano - a morte pareceu cada vez mais próxima. Primeiro o ataque cardíaco do porteiro do prédio de Don e Megan (Jessica Paré) e depois a mãe de Roger (John Slattery) que teve um episódio focado em seu funeral. Depois de chegar aos 40 anos e começar a se questionar sobre a morte, Don Draper caminha para o limbo da pergunta de quem ele é. "Você é um monstro", como indagou a amiga Peggy (Elisabeth Moss). O modelo de homem de negócios maquiavélico e antiético ainda tem seu espaço na hierarquia de grandes agências, entretanto, isso tem um preço à pagar num mundo que tem se transformado em ser mais orgânico, espiritual, em oposição ao american way life que a publicidade tem obrigação de pregar ainda. Mad Men se concentra em mostrar a vida de pessoas que vivem num alto círculo social, mas a realidade das ruas divididas sempre acaba interferindo de alguma maneira em suas casas e trabalho, sempre misturando sentimentos e traçando analogias do que se passa lá fora e entre quatro paredes. Daí a entrada das drogas em escritórios, a terapia como profissão em ascendência, o sexo e a infidelidade. O movimento hippie que ganhou sua versão mercadológica para se incorporar na indústria e animar festas de ricos executivos. Draper e sua compulsão pela bebida que serve para controlar os fantasmas e os problemas, segue firme. Sua amante que nada mais era que uma projeção de seu passado quando cresceu em um bordel - o único afeto que ele sentiu foi com uma prostituta que lhe deu carinho, sopa e sexo. Se profissionalmente ele sempre esteve adiantado por ter vivido uma vida em meio à tensões e uma realidade difícil - entender bem seu público alvo - Draper se viu sendo passado para trás. Afinal, suas confusões pessoais acabaram sendo transpostas para a sua publicidade deixando claro seu verdadeiro eu melancólico à amostra - como exemplo a publicidade de um Hotel no Havaí, sua briga com o representante da Jaguar, sua fala sobre jovens convocados à guerra para sócios da Chevy e, no final, seu desabafo aos executivos da Hershey's.
O que era sempre cartas marcadas, acabou se tornando um pesadelo para ele. Don perdeu o controle, pois o ambiente ao redor mudou de uma maneira que lhe pregou peças. Agora ele ouve "não" de mulheres e sua filha não é mais uma criança, podendo aparecer e pegá-lo em flagra. Sua ex-esposa, Betty (January Jones) pode usá-lo para uma noite de sexo. Seu escritório tem mais gente mandando do que recebendo ordens e todos querem a maior fatia do bolo - até Joan (Christina Hendricks) vestiu sua armadura e foi pra guerra. Foi lá que Draper encontrou seu reflexo no personagem de Ted (Kevin Rahm) que era de uma agência rival, mas acabaram se fundido - a publicidade aos poucos vai perdendo seu brilho e glamour. Ted é um homem bem sucedido, criativo como Draper, mas tem ao seu a favor ser mais gentil. Don percebe que o carisma dele é muito grande, ainda mais quando Peggy se mostra apaixonada por ele, Don, então, parte para o ataque fazendo um sentimento de companheirismo e ódio entre os dois se estabelece. Em um grande momento de catarse Draper abre a mão de trabalhar na Califórnia - para fugir de seus problemas - e deixa Ted ir em seu lugar - esse quer salvar o casamento que pode ser destruído por causa se seus sentimentos por Peggy.
Quando comentei sobre a estreia da temporada, falei sobre como cada personagem vai tentando assimilar as mudanças e assim se manter no trabalho e na vida pessoal. Personagens como Pete (Vincent Kartheiser) que é praticamente um Don de fraldas, foi na pele descobrindo que existem outros como Don espalhados, vivendo mentiras, mas que tem seu lado bom e profissional. Pete percebeu que sua perseguição pelo enigmático Bob (James Wolk) lhe rendeu a vida de sua mãe, que depois de tentar ajudar Pete (mesmo com intenções amorosas) acabou sendo punido apenas por ser gay - fazendo esse revidar e de alguma forma resolvendo o problema de Pete, já que sua mãe lhe tornará um fardo. Sua redenção ocorreu no final da temporada com ele pedindo desculpas à Bob e encerrando de vez o assunto - deu a entender que ele vai buscar ser melhor com a família. Joan se viu como uma mera secretária apesar de ser umas das sócias. Passando por cima dos outros, mostrou que não é apenas a mulher que dormiu com o chefe, com a Jaguar, e assim conquistou com seus méritos a Avon. Na cena final, fechou os olhos para Don Draper, no melhor estilo "amigos, negócios à parte". Peggy busca um amigo, um amor... Conseguiu um gato para lhe livrar de ratos e mais desilusões - aquele ambiente não é pra ela tão sentimental.
A jornada em entender esse personagem tão fascinante como Don Draper é contada cada vez mais com uma maestria de dar gosto. Se essa temporada todos ficaram à sombra do protagonista, não por menos, Jon Hamm brilhou. Toda aquela atmosfera fantasmagórica, com o passado lhe tocando e conversando contigo foi algo supremo. E mais importante, influenciando cada gesto - posição fetal quando parece acuado, abatido quando leva um pé na bunda da amante, assustado quando chora para a esposa sobre não sentir nada pelos filhos, melancólico - como sempre. Don é um homem perturbado, traumatizado que acreditou nas verdade que ele cria para vender e as quis incorporar para si próprio. Criou o seu american way life e afundou junto com ele. Agora caminha para contornar seu vazio existencial, de maneira mais forte, indo direto na raiz. Leva seus filhos para assim o conhecê-lo como nunca o fez antes. É a hora da virada e de correr atrás do prejuízo com seus filhos, que poderiam terminar como ele.
Mad Men ainda funciona de forma magistral a contextualização de uma época cercada de novos significados, uma mudança cultural violenta e a política ganhando contornos históricos - seja com a morte de Martin Luther King, o tiro contra Bobby Kennedy ou a campanha avassaladora de Nixon. A violência vai se mostrando mais ameaçadora - assalto em condomínios e o barulho de sirenes que invadem os apartamentos dos prédios de Manhattan. O cinema reflete toda essa mudança, seja no pessimista O Planeta dos Macacos, que estreou com Nova Iorque à beira de um caos e O Bebê de Rosemary, da qual, aterroriza o padrão antigo de vida da classe média. Junto com essa cultura em ascensão de Hollywood, a televisão ganha cores e passa a ser um novo personagem nas casas. Sua influência é mostrada de forma subjetiva, com crianças hipnotizadas à ela, preenchendo o silêncio da solidão de salas e casas e chamando atenção para as ruas tomadas por manifestantes, buscando atingir àqueles que estão em casa.
Para finalizar a temporada, a música de Joni Mitchell, Both Sides Now, que tem como bem representativo o refrão:
"...Olho a vida de ambos os lados agora
Do ganhar e perder, e ainda de alguma maneira
É das ilusões do amor que eu me recordo
Eu realmente não conheço nada da vida..."
Mais simbólico, impossível. Mad Men caminha para o seu final com um sinal de esperança, apesar de tudo sempre mostrar o contrário. É de arrepiar.
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