Não economizando na tortura para se obter respostas, a metade do filme vai mostrando como a CIA durante anos se perdeu em sua paranoia, desespero e por que não, incompetência. As confusas pistas que levaram até um grande ataque anunciado contra a própria agência numa base no Afeganistão, matando sete agentes. Tal episódio, juntando os ataques espalhados pela Europa na última década, desencadeados pela Al Qaeda, fizeram a organização ser destroçada por críticas, com a necessidade de reavaliar seus planos e focar em evitar novos atentados, sem ter como alvo apenas o líder. Maya, no entanto, cria uma obsessão com sede de vingança pela morte dos amigos. Pessoas que antes passaram desapercebidas entram em seu radar e aos poucos o esconderijo de Bin Laden é encontrado.
Sem tomar partido, a diretora mostra o que se sabe, desde todas as polêmicas levantadas, como a CIA sendo usada para interesses políticos - ao mentir sobre a fabricação de armas de potencial devastador no Irã em meio a essa tensão que vivia a América -, até a ação de busca pelo terrorista dentro do Paquistão, sem qualquer aviso prévio, desrespeitando regras internacionais. A tortura também é outra temática que ao longo dos anos, fez com que a agência perdesse seu direito de fazer interrogatórios com suspeitos. Essa forma medieval e desumana só refletia a instabilidade da agência. Bigelow mostra de maneira fria e crua. E ainda, após todos os percalços, a decisão de entrar no esconderijo de Bin Laden passou por uma grande burocracia, até que uma ação fosse permitida - é como se durante anos a busca fosse a preocupação, e não pensaram na questão: e se nós o encontrarmos?
A diretora que tem sido alvejada por críticas de pessoas que vêem o filme como uma propaganda da tortura, afinal, em nenhum momento ela é criticada pela protagonista, se saí vitoriosa mesmo incompreendida. Jessica Chastain fez um belo trabalho, mostrando que Maya, apenas jogou o jogo que lhe fora lhe dado. É como um Capitão Nascimento subindo o morro à qualquer custo para conseguir cumprir sua missão em Tropa de Elite (2008). Não interessa os meios utilizados. Em contra partida, é mostrado o preço de ter uma responsabilidade tão grande nas mãos: os problemas pessoais. Como um Capitão Nascimento sem vida pessoal, com grande grau de ansiosidade, o choro sofrido de Maya ao final de A Hora Mais Escura não denota um sentimento vitorioso e de comemoração, e sim de solidão, dor e sofrimento por tudo que passou. Não tem emoção melhor refletido quanto esse, depois do rastro de sangue e que tem como troféu um homem morto. Tudo por uma nação doente por heróis, paranoica... desesperada.
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção: Este blog contém conteúdo opinativo, por isso, não serão aceitos comentários depreciativos sobre a opinião do autor. Saiba debater com respeito. Portanto, comentários ofensivos serão apagados. Para saber quando seu comentário for respondido basta "Inscrever-se por e-mail" clicando no link abaixo.