O seriado Jornada nas Estrelas (Star Trek), sempre foi centro de debates políticos e filosóficos, além de funcionar como um bom produto de entretenimento que conquistou milhões de fãs pelo mundo. Trazendo como centro ideológico está a nave Enterprise, símbolo da Federação Unida dos Planetas, que ao explorar o universo afora, tenta ajudar e moderar questões internas e também externas - utilizando boa artilharia militar. Como se passa em um futuro distante, fantasioso (e um tanto utópico), o seriado foi alvo de reflexões sobre analogias políticas do nosso planeta, sempre refletido em mundos inventados, o que serviu como uma liberdade para os roteiristas tecerem suas críticas e passarem sua mensagem. No entanto, na sobrevida ganha no cinema, após o longa de 2009, que contou a ascensão dos jovens Kirk e Spock como líderes, agora Além da Escuridão (2013) mostra melhor a diferença entre os dois e a busca de um equilíbrio.
O filme tem início com uma missão, da qual, a nave é enviada à um planeta primitivo, prestes a ser extinto graças a um vulcão em erupção. Spock (Zachary Quinto) entra no vulcão para deixar um dispositivo que irá congelar a lava, porém, seu plano sai errado e ele fica preso dentro dele. Eis que, James T. Kirk (Chris Pine), no comando, não só ordena que a nave saia do seu esconderijo no fundo do mar (para evitar que os nativos saibam da missão, interferindo nas suas crenças sobre o universo) como também eles acabam ajudando pessoalmente Spock. Tal atitude em oposição às normas, gera desdobramentos para Kirk que passa a sofrer represarias da Frota Estelar, sendo afastado do comando da nave. Depois de um ataque terrorista na Terra, Kirk acaba sendo remanejado ao seu posto para lutar contra John Harrison (Benedict Cumberbatch), o famoso vilão da série, também chamado de Khan, renegado da Frota e autor dos ataques (e que mais a frente explica seus motivos).
Apesar do histórico político da série, essa nova abordagem da franquia dirigida por J.J. Abrams - o próximo diretor de um novo ciclo da saga Star Wars - tem como maior intenção focar no entretenimento. A parte técnica que muito bem combina com a temporada de superproduções, não economiza em efeitos visuais - grande parte do filme é no espaço, o que em 3D garante uma emoção extra - e em outros aspectos como maquiagem, fotografia, trilha sonora, e por aí vai. O grande vilão não é lá tão aterrorizador - grande parte do filme eles lutam juntos contra um mal maior - e o foco do filme vai para a relação dos tripulantes da nave. E o entretenimento se vê envolto a uma mensagem um tanto melodramática e parcial.
Cinema é emoção. Spock é um ser em grande parte lógico. Sua frieza ao delatar o companheiro Kirk não só cria um atrito com ele, como também abala sua relação com seu interesse amoroso Nyota Uhura (Zoe Saldana). Na defesa de seu filme, o diretor, não polpa em bater na tecla que o maior problema do universo é essa frieza "absurda" de Spock. Tal sentimento - no primeiro filme, mostra sua raça vulcana sendo quase toda dizimada - sempre é confundido como um mal à sociedade, um mal à Enterprise - na visão de Kirk, claro. Depois de criar situações e mais situações e assim banalizar a mensagem do herói altruísta que é Kirk contra o companheiro, o roteiro vai fundo e sacrifica-o para salvar a nave. Se no sistema da Enterprise as regras precisam ser quebradas o tempo todo, Spock precisa da mesma forma ser confrontado e aprender uma lição, um tanto cristã - sim, cristã.
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