Trama de vampiros e lobisomens melhora, mas segue no mesmo blá blá blá
Algumas histórias deveriam mesmo terem ficado na "literatura". É essa a impressão que fica depois de assistir a mega fenômeno
Eclipse, terceira parte da saga depois do patético
Crepúsculo e o razoável
Lua Nova. Não que eu tenha lido os livros, mas para conseguir seduzir essa multidão de fãs, decididos que a história seja realmente boa e ainda fazer o sucesso desses filmes meia-boca, o livro deve ser muito bom mesmo. Mas, como o blog é sobre cinema, não me cabe comentar o livro - mesmo que seja uma adaptação. Ressalto que filme bom, não precisa depender da leitura de livros para conseguir conquistar o público. Exemplos bons é que não faltam. E vou além, adaptação não precisa jamais seguir à risca da história contada, basta apenas captar a essência. E se você ainda não leu os livros ou viu o filme, cuidado com spoilers.
Porém, o que ocorreu em
Eclipse foi uma melhora em termos de qualidade, óbvio, já que com tanto sucesso, o investimento do filme aumentou (são 68 milhões desse contra 50 e 37 milhões da segunda e primeira parte, respectivamente). Finalmente a saga tem cara de cinema, com direito a
flashbacks muito bem realizados e que dá uma aliviada no repetitivo triângulo amoroso, além das cenas de ação um pouco mais divertidas - mas nada de mais. Bella (
Kristen Stewart) segue na mesma dúvida mesmo com a data marcada para a transformação em ser vampira e casar com o amado. A jovem ainda está confusa - e com toda a razão de estar -, já que personagens importantes da trama, como Jacob (
Taylor Lautner) e uma integrante da família do namorado, a aconselham a pensar melhor, afinal, ela tem esse poder de escolha e a maioria não teve. Nesse dilema, a história de
Eclipse é centrada nisso, enquanto o clã de lobisomens e vampiros se unem para defender a moça da vingativa Victoria que prepara um exército.
O maior problema do filme, é não guardar surpresas quanto à essa vilã apática. Em um sonho que Bella liga a história da transformação do vampiro Jasper (
Jackson Rathbone), namorado de Alice (
Ashley Greene), com o que está acontecendo. Ou seja, Victoria (
Bryce Dallas Howard) além de estar por trás de tudo, ainda manipula um jovem contra ela. Só que isso não é difícil de desconfiar antes, e o que poderia ser uma reviravolta boa fica limitada a uma revelação sem nenhuma emoção. E como não bastasse, mais uma vez o filme se perde nas mesmas cenas arrastadas de amor entre os personagens. Bella e Edward (
Robert Pattinson) não convencem. Nunca convenceram. Não à mim. Nem acho que seja problema dos atores ou nem mesmo do roteiro. A história em si escrita já não traz novidades e mesmo com a pretensão de ser um Romeu e Julieta moderno, nunca será. Até porque o público dessa época desacreditou um pouco dessa poesia melosa de amor eterno. Só se for Shakespeare quem escreveu. E quanto mais você ouve aqueles diálogos, mais se entedia. Nem agora o amor que ela percebe sentir por Jacob consegue engrenar, apesar dele parece muito mais envolvido com ela. E se nem as cenas de ação são mais divertidas comparados a outros filmes de vampiros,
Eclipse serve pra quê?
A pergunta na verdade seria no
pra quem. Sim, existem jovens que se inspiram na história, e acima de tudo se colocam na pele da personagem. Então o problema de se falar de
Eclipse, é que ele não encaixa com quem geralmente escreve.
A Saga Crepúsculo, provou nesse terceiro filme que não é pra todos, mesmo se tratando da história de amor proibido que tanto se mostra. Bella não é pra todos. Nem o apelo de diálogos sarcásticos entre Jacob e Edward, podem fazer o público - masculino - saírem satisfeitos do cinema. Nem as bem realizadas cenas de ação. É por isso a dificuldade de falar sobre os filmes. O público específico, que se diverte, ou apenas gosta por ser um produto da moda - esses fortemente influenciados pela mídia - é que podem julgar o filme. A crítica não vai abraçar isso, e mesmo quem leu, sabe que certas histórias não deveriam ter sido adaptadas desse jeito.
Deveriam limitar-se a forma que foi originalmente, já que não possuem linguagem universal. Os estúdios que querem agradar aos fãs, sofrem com isso, porque a outra parcela, que busca o entretenimento geralmente não gostam do resultado. Harry Potter tem sofrido com esse mesmo processo. Agora é aguardar à última parte dividida em dois, pensada estratégicamente para faturar mais. Poucos devem concordar com tal divisão, afinal, a sensação de enrolação fica clara nesse capítulo. Talvez o clã dos Volturi ainda guardem surpresas, já que são um contraste mais interessante com tanta bondade da apática e romântica trama central, porém, minhas esperanças já ficam bem menores. Uma pena,
Eclipse prometia mais.
A Saga Crepúsculo: Eclipse
The Twilight Saga: Eclipse
EUA , 2010 - 124 min.
Aventura / Fantasia / Romance
Direção:
David Slade
Roteiro:
Melissa Rosenberg
Elenco:
Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Billy Burke, Ashley Greene, Dakota Fanning
Trailer: