O diretor Guillermo Arriaga faz o seu debute como diretor nessa produção sentimental, com personagens bem humanos e belas cenas cheias de significados. Romancista com vários livros publicados, além de produtor, ele realizou e foi premiado com filmes de grande repercussão como Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, esses com a direção de Alejandro González Iñarritú, pela qual rompeu a parceria depois de um conflito para saber quem seria o verdadeiro autor do último. Todas essas produções guardam a mesma semelhança ao unir personagens opostos, que parecem filmes diferentes em um só, e logo se encontram e mostram que existem ligações entre eles. Não necessariamente se encontram, mas a ação de uns, criam consequência na vida de outros. Essa é a premissa e o mistério por trás do filme Vidas que se Cruzam.
O filme é um verdadeiro quebra-cabeça, da qual são apresentados personagens, enredos, até que o público se não estiver atento, se perde na ordem cronológica da história e talvez se sinta desnorteado. Isso poderia até ser um ponto negativo, porém, o filme chega em um estado especial, o roteiro anda, e finalmente se entende onde se quer chegar. A trama se passa em uma árida cidade que faz fronteira com o México, em que conhecemos a jovem Mariana (Jennifer Lawrence) que sente alguma coisa errada com a mãe Gina (Kim Basinger). Em outro núcleo, somos apresentados à Sylvia (a bela Charlize Theron) uma mulher que vive de forma promíscua e em um doloroso processo de redenção, e ainda é perseguida por fantasmas do passado. Além dessas três, pra confundir um pouquinho mais, ainda tem a garota Maria (Tessa La), que presencia o acidente de avião com seu pai que pilotava sobre uma plantação. O que elas tem em comum?
Cheio de falas e cenas sobre amor, traição, culpa e desejo. O grande quebra-cabeças, serve em uma tentativa de compor personagens reais com seus dramas e da qual vivem a árdua realidade que muitos cometem erros e que não podem consertá-los facilmente. O que leva uma mulher, com uma boa família e uma aparente felicidade, trair o marido com um homem casado? E a bela moça, garçonete de prestígio com um bom pretendente, vive sozinha transando como uma prostitua (porém, sem cobrar) e cheia de cicatrizes físicas e emocionais? E a adolescente, confusa por problemas familiares e acaba se envolvendo em um amor proibido, da qual, ela é culpada pelos sentimentos de ódio ao redor?
Vidas que se Cruzam, pode não ser tão surpreendente, pois, já apareceram outros tantos filmes com esse tipo de narrativa. Mas é uma maneira interessante e diferente de se contar uma história às vezes trágica, e sobre redenção. Faltou aqui nessa confusão, um protagonista forte, que realmente pudesse inserir o público dentro do roteiro e envolver no ambiente sem tempo e por vezes melancólico. Assim como o título original, The Burning Plain, é como se fosse um avião sem rumo, queimando e prestes a cair. Poético, e quando você acha que terminou de montar as peças, ele finaliza de forma delicada, sem rodopios, apenas entrega o que todos esperam. Um pouco mais otimista que os outros roteiro, Arraiga mostra aqui ser um diretor interessante e com um trabalho plausível, que infelizmente chegou tarde às telas e foi subestimado por muitos.
The Burning Plain
EUA, México
Drama
Direção: Guillermo Arriaga
Roteiro: Guillermo Arriaga
Elenco: Charlize Theron, Joaquim Almeida, Kim Basinger, Jennifer Lawrence, Jose Maria Yapsik, John Corbett
Trailer:
otima resenha!
ResponderExcluiresse filme merece ser visto!