Chegando aos cinemas brasileiros cheio de críticas positivas e com cotação altíssima entre o público, um dos maiores filmes da história, tendo custado cerca de 400 milhões de dólares (entre marketing, tecnologia, pesquisas)... O filme Avatar tinha a premissa de ser o maior filme não só do ano, mas da história do cinema. James Cameron, o diretor, lançou o épico no intuito de revolucionar a forma de se fazer cinema. Ou seja, ele fez o filme não só para a massa que adora efeitos especiais e aceita qualquer historinha meia boca, ele fez para cineastas e novatos nessa área. Cameron quis provar que o cinema está pronto para uma nova era tecnológica - mesmo que seja cara inicialmente. O diretor ao lado de nomes como Peter Jackson e Steven Spilberg sempre foi visto como visionário tendo em currículo Alien - o resgate, Exterminador do Futuro 2 e o imbatível nas bilheterias Titanic, e que agora experimenta ser dono de um novo mundo em Avatar.
E o diretor cumpriu sua proposta? Conseguiu essa revolução? Como grandes fatos da história, apenas o tempo vai realmente mostrar se isto realmente aconteceu. Resta o público aprovar ou não, porém pela sessão que assisti, a resposta foi muito positiva - com direito a palmas no final da projeção. Talvez não chegue a ultrapassar a emoção que ele trouxe em Titanic em 1997, nem o mesmo hype. As pessoas vão cada vez menos ao cinema e isso é fato. Mesmo o cinema 3D e outras tecnologias, esse tipo de arte é muito cara em países subdesenvolvidos, e essa falsa ideia de recordes de bilheteria vem do preço dos ingressos que chegam a custar 25 reais. O número de pessoas pode sim ter aumentado um pouco, mas não chega ao extremo de se achar que o recorde bilionário de Titanic (de dez anos atrás) venha a ser quebrado com facilidade por causa disso. Infelizmente Avatar pode se fechar em um público “nerd”, e se popularize mais tarde. Depois do filme, foi possível ouvir comentários estranhos, até o comparando à outro revolucionário como Matrix.
A boa união: criticidade em convergência com a sétima arte
A maioria dos filmes blockbusters que são lançados sempre tendem a agradar na parte visual, design e efeitos especiais, deixando o roteiro insuficiente, às vezes didático demais e que seja facilmente compreendido pelo público de várias as idades e de todas as classes sociais. Quando não estamos falando de adaptações de quadrinhos, ou livros épicos como O Senhor dos Anéis, a maioria dos filmes são criados na intenção de satisfazer o público, e o tratando como uma criança sem nenhuma convicção crítica. Não que esperamos sempre um filme mais "cabeça" sempre, mas o espetáculo poderia agregar situações universais e não apenas o heroísmo americano, ou uma realidade distante do que se é vista na sociedade. Talvez esse ano tenhamos dois exemplos claros do que estou falando. Primeiro, a sequência de Transformers, feito para adultos, mas que não deve agradar nem as crianças que assistem à sessão da tarde, e o filme catástrofe 2012 que perdeu a chance de ser interessante quando caiu em um roteiro cheio de clichês.
Avatar consegue conquistar o público juntando uma ótima história, cheia de personagens interessantes, humanos, cada um estereotipado na medida certa (características de blockbusters). Não que os diálogos consigam ser perfeitos, percebemos falas simples e talvez pelo fato de ser o blockbuster possa ser perdoado. Porém, o que diferencia o filme dessas outras produções, é o poder de criticar claramente, sem esconder tanto o poder midiático que o cinema tem. Dificilmente aparecem grandes produções assim. Quando conta a história do planeta Pandora, invadido pelo ser humano em busca de riquezas oriundas daquele lugar exótico, com habitantes ligados à espiritualidade, consegue nos fazer enxergar metaforicamente o que estamos vivendo atualmente, e que na verdade é um erro, da qual, a natureza humana repete a cada nova geração.
Quando se é citado o "jeito humano" de se resolver um problema, se é perceptível o quanto somos atrasados, e isso se contrasta com todos os meios tecnológicos mostrados no filme. Avatar dá uma lição de humanidade e revela o quanto o ser humano não respeita o próximo e se acha superior, apenas porque tem educação, se acha civilizado e tecnologicamente evoluído. E não é isso que as tribos espalhadas pelo mundo, ou os países orientais sofrem? Até porque sabemos que uma aproximação americana no Oriente é em busca do petróleo. Pandora aqui funciona como uma caixa que ao ser aberta expõe para o público o pior dos sentimentos humanos e como, ainda, a massa é ignorante em diversos aspectos - ou apenas fecha os olhos. O ser vulnerável ao dinheiro e ao poder. Mas nem tudo é horror. Somos apresentados à personagens que mesmo ambiciosos, como a cientista Grace Augustine (Sigourney Weaver) sabem levar essa boa educação também na prática, e entra em contraponto com o "jeito humano" descrito inicialmente. Já o sobrevivente de uma guerra, Jake Sallly (Sam Worthington), entra no lugar do irmão no experimento com o Avatar para se aproximar dos nativos. Como perdeu os movimentos das duas pernas, o soldado logo se adapta bem ao novo corpo. Lá ele percebe que o ser humano tem muito à aprender com os seres. Apenas os mais poderosos que não respeitam e acham que sabem de tudo e ainda colocam os seres humanos como centro do universo, chegam apenas no intuito de roubar à qualquer custo. No planeta Terra acontece isso e sempre aconteceu.
O filme Avatar ainda nos dá uma lição de respeito ao meio ambiente. Um tema tão em pauta como nunca se viu. Na produção, os Na'vi sabem viver em paz com os exóticos animais, e tudo é interligado. Mesmo que na realidade o planeta Terra não funcione dessa maneira, não devíamos nós, munidos de nossa sabedoria, respeitar o que é diferente, porém que vive da mesma forma? As questões éticas retratadas no filme servem como exemplo mais forte para debatermos o quanto a tecnologia evolui, mas deixa pra trás o sentimento do coletivo e substitui a realidade pelo virtual, aumentando o individualismo. Não é hora de olharmos para àqueles que sobrevivem melhor que nós e aprendermos? A civilização Na'vi sempre unida, sabe que juntos podem fazer uma diferença. Aqui na nossa realidade, o fracasso no debate da situação climática revela muito sobre o ser humano. E como não bastasse encher de tanta beleza estética e ainda causar reflexões relevantes, a produção ainda incrementa assuntos como a intolerância religiosa e o amor entre diferentes. Aí seriam divagações que serão aproveitadas melhor com um segundo olhar.
Mas Avatar não é só debates, é uma emocionante aventura que busca até no humor - na dose certa - um alívio cômico. Os detalhes do mundo Pandora são magníficos, seu habitantes possuem um design único, inovador. Mesmo selvagem, é tudo mostrado como uma explosão de cores e de beleza. Assistir em 3D e legendado pode ficar um pouco confuso de início, mas a experiência é gratificante e deve ser visto mais de uma vez. A trilha sonora ficou poderosa e soube climatizar ainda mais as cenas, sem exageros. O cinema não precisa de tanta tecnologia para passar sua mensagem e se consagrar como arte, mas quando converge com um roteiro interessante e transmite uma mensagem instrutiva, atual e consistente é algo melhor ainda. O que Avatar quer mostrar pode ainda está longe da percepção de muitos, mas não é um filme que vai mostrar as conseqüências que a falta de debates e ação podem causar. Nossa própria natureza vai nos revelar em breve.
Avatar
Avatar
EUA, 2009 - 162 min
Ação / Ficção científica
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi
Trailer:
EUA, 2009 - 162 min
Ação / Ficção científica
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi
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PARABEEEENS! ADOREI A RESENHA!
ResponderExcluirembora eu ainda não ache o filme TUDO isso, eu gostei bastante! O diretor quis dar uma de Tolien, criando um mundo próprio e com uma linguagem unica. Também axei no incio, q as cenas de ação estavam muito confusas, porém foi apenas no inicio.
Gostei muito do filme, mas na minha opinião, o filme só será oq todos falam, acham, se ele for assistido em 3d, oq aqui na minha cidade não foi =\
Olha , me desculpa , mas a história de Avatar já foi contada em Pocahontas.....pra mim o roteiro é simples com personagens que já vimos em outros filmes,na minha opinião o filme só virou um sucesso pelo marketing sem noção que fizeram tornando o filme um "tiro no pé" de Hollywood,já que a Academia só deu premios técnicos ao filme:Melhor direção de arte,Melhor fotografia,Melhores efeitos visuais.Merecidos ,concordo ,mas Avatar pra mim foi apenas isto ,um filme visual.
ResponderExcluirJonas, muitos roteiros acabam ganhando versões diferentes mudando tema e espaço. James Cameron está sendo apontado como um grande plagiador, mas deve-se lembrar que a histórias trás uma grande questão como plano de fundo, uma crítica que não interessa quem já contou, ela deve está sempre no consciente das pessoas. Visualmente é impecável, mas vamos concordar, Titanic levou 11 estatuetas com aquela história de amor proibido. Convenhamos que Avatar - mesmo não sendo tão original - é mais que aquilo, né?
ResponderExcluircameron plagiador? o cara que criou o exterminador do futuro? =P
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