A vida de Carmem, acaba sendo preenchida ainda com um trabalho voluntário que recebe de uma amiga num prédio ocupado por sem tetos. Mas o destino lhe prega uma surpresa que vira sua vida de cabeça para baixo. Mesmo desgastada, a jovem se esforça para dar conta do trabalho, talvez para substituir seu vazio, sua falta de relacionamentos - mas passa a se sentir cada vez mais sozinha e isolada. A lenta mudança de postura da personagem é logo refletida não só na mistura que é vista nos ângulos da cidade que une ricos e pobres, mas está também no estilo de música que a banda de Murilo toca, mesclando batidas tecno com música clássica, ou na edição bem feita que traça um paralelo entre uma balada de classe média alta e uma pagode num bar. A comunidade que ela ajuda, é unida e forte parte pra luta. A resposta que Carmem necessita para dar equilíbrio em sua vida está clara, mas apenas eventos mais trágicos lhe mostraram o caminho.
O olhar sentimental do diretor ainda tem apoio de uma fotografia que ora é singela para o tom emocional da personagem, ou confusa quando ela está no limbo. A trilha sonora é estridente e conduz, quando pertinente, o espectador ao medo que a protagonista sente. Os enquadramentos beiram à um estilo artístico bem vindo e poético. Em Estamos Juntos, o final não chega a ser surpeendente e vem carregado de otimismo, algo difícil de se encontrar em nosso cinema quando retrata esse perfil mais autoral de realidade. Mas diferente do que o inicio mostra com as imagens de uma cidade cheia de contrastes, a união dos personagens no final só demorou por um motivo óbvio: os muros estão dentro dos seres humanos e não cercando as casas pela cidade.
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