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novembro 27, 2012

Especial: 'Casablanca' pela primeira vez

Unanime na história do cinema, clássico é perfeito produto Hollywoodiano 


Uma das maiores obras da história de Hollywood, Casablanca faz 70 anos e até hoje é ícone máximo do cinema de gênero que mescla romance, suspense, comédia e guerra de uma forma harmoniosa, com um roteiro dinâmico e de frases memoráveis. Elementos que bem filmados, dirigido pelo húngaro e judeu, Michael Curtiz, em 1942 durante a guerra e que consegue se manter vivo pelas qualidades técnicas, atuações e uma história de um amor jamais esquecido, mas que é relembrado num momento caótico.

A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e muitos fugitivos tentavam escapar dos nazistas por uma rota que passava pela cidade de Casablanca, em Marrocos. O protagonista é o exilado americano Rick Blaine (Humphrey Bogart) que encontrou refúgio na cidade, dirigindo uma famosa casa noturna da região, da qual, seus convidados são desde refugiados franceses até alemães. Clandestinamente - vestindo um caráter cínico e apático -, tenta despistar o Capitão Renault (Claude Rains), e ajuda refugiados, possibilitando que eles fujam para os Estados Unidos. Até que então, ele reencontra o grande amor de sua vida, a bela Ilsa (Ingrid Bergman) que agora é casada com o procurado, por fugir de um campo de concentração nazista, Victor Laszlo (Paul Henreid) e precisam partir rapidamente dali.

Sem maiores confusões, a história é guiada de forma convencional e usa um extenso flashback para contar como foi a paixão do casal principal. A região de Casablanca representa o momento atual da situação. Um lugar cheio de tensões étnicas, violência e pessoas agindo pelas sombras do mercado negro. A vulnerabilidade do local, intensifica o drama do casal que foi separado e agora se encontra novamente, mas sem poder aproveitar e tomar decisões mais ousadas como, simplesmente, ficarem juntos. A agonia do lugar também regrada pelo sentimento de otimismo já que é o único local de fuga para a América - símbolo único de liberdade nesses sombrios tempos.

Contada abusando de estereótipos, seja na caracterização de seus personagens - o músico negro, o contador judeu -, ou no cenário - Paris é palco do amor que é interrompido pelo nazismo. A fotografia para o preto e branco dá um tom crucial. Enaltece o semblante belo e confuso da bela Ingrid Bergman, o brilho dos olhos e de suas jóias e também acrescenta sombras nos cenários representando a marginalidade das ações ao redor - tudo feito às escondidas. A música tema (As Time Goes By) tocada na intenção de resumir toda sublimidade do amor do passado, sem precisar de mais que isso.

O final traz um realismo pouco visto no cinema, mas com um motivo político nas entrelinhas, apesar de respeitoso. Se foi real, é porque é triste. E se o nazismo foi vencido, o amor ficou apenas na lembrança. Mesmo que a ação de Rick possa refletir um amor altruísta, sem mágoa e cheio de perdão, também representa uma forma maquiada de propaganda política contra a guerra, já que a torcida sempre será para o casal ficar junto e os alemães atrapalharam isso, destruíram sonhos e que isso não aconteça novamente.

A neblina ao redor da liberdade dá o tom do turbilhão de sentimentos como medo, angústia, confusão e redenção. E é por isso que Casablanca ainda renderá muito assunto por muitos anos. É um exemplar único de como Hollywood serve para se comunicar com a massa, utilizando sempre o melhor da indústria, manipulando sentimentos com maestria e fazendo a arte ganhar uma vida que mexe até com os mais céticos. É, ao mesmo tempo, divertido e sério, profundo e artificial, feliz e triste. Imortal, seja pra discutir sobre, ou simplesmente inspirar.

novembro 22, 2012

Crítica: comédia 'Go On' leva ex-Friends Matthew Perry à terapia

Série cômica é uma boa pedida para quem curte um programa leve e divertido


Depois da crise, a terapia. Num contexto geral, a crise financeira que abalou o mundo na última década, deixou marcado os países mais desenvolvidos. A indústria do entretenimento, refletiu isso com filmes apocalípticos, séries instigantes de sobrevivência (como exemplo Lost), dentre outras maneiras. Passado a tempestade, chega hora do otimismo ganhar lugar, mas para isso entra uma ajudinha extra: o terapeuta. Primeiro veio a fantástica Enlightened, série produzida e protagonizada por Laura Dern - que venceu o Globo de Ouro pelo papel; a famosa e já comentada Sessão de Terapia - que partiu de Israel para ganhar versões pelo mundo; e agora Go On estreia com um grande nome no elenco: o eterno Chandler de Friends, Matthew Perry.

A história gira em torno de Ryan King (Perry), um cínico locutor esportivo que depois da morte da esposa, decide voltar ao trabalho. Porém, preocupado com a precoce volta dele ao serviço, apenas um mês depois, seu chefe Steven (John Cho) o aconselha ter acompanhamento psicológico. Ryan busca ajuda em um grupo mantido por uma instituição pública, na intenção de conseguir rápido uma declaração de que está bem. No entanto, ao chegar ao local, ele acaba de alguma forma interagindo com o grupo e percebendo que precisa de estar ali para se ajudar e apoiar os outros membros.

O primeiro episódio é tumultuado e por isso não agradou muito a crítica, mas ainda assim diversos veículos viram potencial na narrativa. O desenvolvimento do personagem principal será feito ao lado da terapeuta Lauren (Laura Benanti) com seu grupo. No segundo episódio, fica claro que cada um do grupo terá seu problema focado fazendo com que ele tenha alguma interação com a pessoa em questão. Fazem parte do grupo: a durona Anne (Julie White), lésbica que tenta superar a morte de sua namorada; Owen (Tyler James Williams, o famoso protagonista de Everybody Hates Chris, aqui bem mais velho e sombrio), que frequenta o grupo desde que seu irmão entrou em coma após sofrer um acidente de esqui; Yolanda (Suzy Nakamura), que procurou ajuda para aceitar o divórcio dos pais; Sr. K (Brett Gelma), que não revela seu problema, mas aproveita muito bem as sessões; George (Bill Cobbs), um senhor de idade que ficou cego; e Don (Khary Payton), abandonado pela esposa depois que ele faliu.

Não forçando na comédia e se apoiando no talento de Matthew Perry, Go On tem um dinamismo que, diferente do exagerado que foi mostrado no episódio piloto, tem fôlego para ir longe. Tem um toque de dramédia, mas assume o lado cômico para não perder o ritmo. Para isso, o drama é deixado de lado, apesar da temática um pouco pesada - momentos mais sentimentais são tratados de forma superficial. Sem dúvidas, umas das melhores estreias da temporada. A série tem encomendada uma temporada completa com 24 episódios para a temporada.

 Trailer aqui.

Go On vai ao ar às quintas-feiras, às 21h30, no Warner Channel.

novembro 19, 2012

Crítica: 'The Killing' revela seu assassino e emociona

Série finalizou ciclo com temporada excepcional 


Depois de 26 episódios e diversas reviravoltas, chegou ao fim há alguns dias pela A&E (que fez uma péssima retransmissão, exibindo de forma dublada e sem opção de áudio original e legendas) a série The Killing. Original do canal norte-americano AMC e remake da dinamarquesa Forbrydelsen, o seriado policial instigou e apresentou uma história com roteiro primoroso e uma trama tão complexa que no fim, a resolução não só surpreendeu, como deixou sua marca na história da TV.

Afinal das contas, quem matou a jovem Rosie Larsen?

A obsessão pelo poder e a obsessão cega por uma "vida melhor". E até chegar nessa sentença, muito se percorreu por uma sombria Seattle corrupta, cheia de segredos pessoais e uma eleição suja. Contar uma história como a mostrada em The Killing, é praticamente abrir a tampa da lixeira de grandes cidades, ou fazer uma varredura pelas águas dos arredores. É encontrar ossos enterrados, mas que na verdade foram plantados para culpar outros. É percorrer por escuros corredores apenas guiado sob a luz de lanternas. A verdade se torna tão nebulosa quanto a mentira. Nem os heróis são inocentes - guiados pela mesma motivação obsessiva que determinou a morte da jovem. No fim, ela foi a única inocente de toda a trama.

The Killing mostra de forma magnífica como o ser humano é uma peça que está a mercê de interesses inescrupulosos e ele mesmo acaba entrando no jogo e se perdendo. A morte de Rosie foi apenas uma infeliz coincidência de estar no lugar errado e na hora errada, pois, em seu cotidiano a sujeira corre à solta, e se dá mal quem vê algo que não devia. Quando caminhos se cruzam. O clima conspiratório que a série prega, na verdade para no mesmo lugar do início - o assassino não estava tão longe assim. Não é tão diferente da realidade que apresenta casos assombrosos dentro de famílias e seus segredos. Dentro de grande empresas e do sistema político.

O caminho percorrido pela investigadora Sarah Linden (Mireille Enos), conseguiu revelar assuntos ainda mais sombrios que a morte de Rosie. Conseguiu por à luz segredos que, pela busca do assassino, encontrou pessoas complexas ligadas à jovem. Todos culpados, mas ao mesmo tempo, apenas humanos. Quando Sarah se questiona quem é o culpado mesmo tendo prendido o assassino, é porque a investigação policial nunca é uma ciência exata, apesar de se apoiar nela para chegar ao resultado final. A complexidade da equação, deixa sempre em aberto qualquer satisfação da resolução. São humanos, com seus sentimentos, com seus equívocos, erros.

A partir daí, a vida continua e escolhas vão sendo feitas. Portas vão sendo fechadas para àqueles que perderam a confiança dos amigos que eram antes eram leais. Mudanças são feitas para se seguir em frente. Corpos vão surgindo. E a única luz é em um vídeo gravado por uma jovem sonhadora, mas refém de segredos familiares, vítima da cidade corrupta, suja. Um vídeo de despedida, emocionante. A única redenção, já que ela não se corrompeu junto com a cidade. Com a realidade. A melancolia se dispersa por um momento em sua família, e o sinal de esperança surge com o nascer do sol gravado por ela. Mas, lá fora, o tempo continua nublado... a cidade continua cinzenta.

novembro 14, 2012

Crítica: 'Argo' presta homenagem e garante bom suspense

Terceiro trabalho de Ben Affleck como diretor mantém o bom nível


O cinema de ficção científica, desde seus primórdios, sempre trouxe além de um bom entretenimento, um contexto subjetivo articulando reflexões, críticas e acima de tudo um vislumbre de sociedades diferentes das nossas. Em "Argo", o filme de mentira que dá nome ao novo filme de Ben Affleck, traz uma história que claramente serve como plano de fundo da realidade que é contada na história principal - esta, baseada em fatos reais. Troca-se o mundo paralelo e se insere um Irã caótico que passa por golpe de estado e o fundamentalismo religioso.

O longa começa em 4 de Novembro de 1979 quando a embaixada norte-americana é tomada de assalto por um grupo revolucionário iraniano no Teerã, Irã. São feitos cinquenta e dois reféns, sendo que seis conseguem fugir e são acolhidos na casa do embaixador canadense. Esses seis tornam-se procurados, enquanto a milicianos locais buscam suas identidades. O plano para salvá-los tem como cabeça Tony Mendez (Affleck), um agente especialista em fugas que arquiteta um plano arriscado para os tirar do país. A ideia acaba sendo realizar de forma fictícia a produção de um filme sci fi, da qual, as locações perfeitas são no Irã. Desta forma Tony leva os documentos necessários para tirá-los de lá, como se tivessem ido juntos com ele e agora estão voltando. A ousada ideia ainda passa por dificuldades causadas com pequenos incidentes e a necessidade de aperfeiçoamentos dos fugitivos com novas identidades.

Depois de duas experiências bem sucedidas na direção, Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007) e Atração Perigosa (The Town, 2010), Affleck se vê novamente liderando um ótimo roteiro, uma trama bem elaborada, razoavelmente bem dirigida - não há grande ousadia em seu estilo -, e até atuando em bom tom. Aproveita a situação real para homenagear o velho cinema e o estilo de uma época, principalmente nas cenas que servem como alívio cômico da história com Alan Arkin e John Goodman - um como um veterano produtor e o outro é nada mais que o mestre de maquiagem em Hollywood, John Chambers, respectivamente.

Argo como ponto negativo, tem na humanização dos personagens - o próprio protagonista que limita ser mostrado como o maior clichê de filmes de ação e suspense: o pai e marido ausente obcecado pelo trabalho. Os coadjuvantes são bem trabalhados, algo que não se é muito difícil quando se tem, para citar alguns, Bryan Cranston e Kyle Chandler nos papéis - ambos premiados pelas séries Breaking Bad e Friday Night Lights. Entretanto os pontos positivos são tantos que resultam num bom thriller, sem ser completamente politizado e passa por gêneros diversos sem cansar.

Começa contando a história do Irã de forma estilizada, original e termina com imagens de brinquedos de personagens de Star Wars e cia, finalizando com uma storyboard de "Argo", a embarcação da mitologia grega que foi criada por Atenas para libertar Jasão. Nada melhor do que intercalar a realidade dura da falta de liberdade de uma região como o Irã naqueles tempos, fazendo paralelo o lado da ficção científica e suas variadas histórias de reinos em mundos corrompidos e a população presa em ditaduras e guerras. E por sinal, histórias paralelas muito bem contadas nesse bom filme.

Trailer:




novembro 11, 2012

Crítica: 'A Separação' contextualiza o Irã com história de divórcio

Filme tem roteiro bem construído e boas atuações


O Oriente Médio sempre foi palco de muitas histórias boas, porém trágicas, no cinema Hollywoodiano. Algumas obras mais recentes são ligadas à Guerra ao Iraque e, depois de várias produções, o cenário propiciou o ápice de qualidade quando Guerra ao Terror (2009) levou o Oscar de Melhor Filme em 2010. Passado um tempo, histórias desse tipo se esgotaram, dando margem a novas visões e produções oriundas de países da região o sucesso internacional. Neste ano, o filme iraniano A Separação (Jodaeiye Nader az Simin, 2011), de Ashgar Farhadi, venceu o Oscar como Melhor Filme estrangeiro - deixando de lado a crise política entre os Estados Unidos e o Irã, provando a força do cinema como forma de arte e sem barreiras.

Mais importante que qualquer Oscar (também foi indicado como melhor roteiro original), A Separação é um retrato imparcial da tumultuada região. Mas, ao ver o longa, o Ocidente desacostumado leva um susto. Não tem bombas e nem homens suicidas. E sim uma vida não muito diferente do que se vê além de fronteiras e oceanos. A história gira em torno do divórcio entre Nader (Peyman Moaadi) e Simin (Leila Hatami), um jovem casal de classe média, que gera uma série de consequências para o lado do marido. Simin que se mostra uma mulher firme e moderna (ela é professora e seus cabelos tingidos de ruivo dão essa conotação, assim como atitudes - sua vontade de partir do país), decidiu terminar a relação. Nader, por sua vez, ainda demonstrando um resquício de orgulho machista, não se opõe, porém, ele agora é obrigado a procurar alguém para cuidar de seu pai que sofre de Alzheimer.

Entra em cena Razieh (Sareh Bayat) uma mulher de classe inferior economicamente e que aceita ser a cuidadora do idoso, apesar de precisar levar sua pequena filha para o complicado trabalho. Para piorar a situação, ela está grávida e seu marido não deu o consentimento dela trabalhar - o fundamentalismo ainda é mais forte entre os mais pobres. Depois de uma briga entre Nader e Razieh,  todos esses personagens se conectam de alguma forma e os problemas de comunicação vão se transformando em um jogo, da qual, moral e religião tecem uma teia ainda mais complexa. O sistema judiciário entra em cena como mediador e punidor da briga, revelando a situação do poder judicial e político além do fundamentalismo religioso.

O roteiro é primoroso. Além de prender a atenção mesmo num simples filme de cotidiano familiar, ele prega surpresas escondendo informações e pistas de fatos verdadeiros. Para solucionar e decifrar o que aconteceu, entra em cena a filha do casal principal, Termeh (Sarina Farhadi). Inteligente e observadora, a jovem questiona o ato dos pais, os desafia e no meio da guerra que se é posta com o divórcio, vai tentando entender o que fazer se baseando no caso da briga entre o pai e Razieh. Quando se chega ao final de forma entre aberta - o roteiro esconde a decisão da filha sobre quem ela vai morar - fica bem claro qual é o foco da trama, mesmo com os devaneios políticos e religiosos: o abismo particular de um casal, a transição de uma nação. E o poder de decisão da filha é o reflexo de um futuro ainda na sombra da incógnita, que cabe ela acender a luz.

A Separação é um longa que possui diversas vertentes, retratando o atual conceito das leis do Irã e sua conotação mais liberal, mesmo cheio de percalços, além do fundamentalismo religioso. Ainda tem espaço para um debate de desigualdade social, o tratamento com as mulheres e o lado dúbio da religião. Se trata de uma história simples, mas muito bem articulada e atuada, que decifra e mostra um país pacífico, modernizado e com problemas tão comuns como do Ocidente. Uma cultura burocrática por um lado, mas que tem como os indivíduos comuns principais personagens de toda a tensão, e não guerras e ditaduras. Uma produção que mostra um lado diferente do Oriente Médio que quebra preconceitos e tem grande importância em meio ao espetáculo de Hollywood e sua necessidade de bater na mesma tecla sempre e, que agora, a própria se viu na necessidade de reverter essa onda de produções estereotipadas. Em A Separação, a guerra é muito mais emocional pelo duelo de classes e de um banal divórcio em contraste com seu lado político em mudança - e isso, é excepcional.

Trailer:



novembro 07, 2012

Crítica: 'Sessão de Terapia' é viciante

Série do GNT mal sai da sala do terapeuta, mas prende atenção


Enquanto no cinema, o ostracismo toma conta de Hollywood e afins, na televisão o momento é outro. A moda é fazer remakes. É praticamente o passado recente da indústria cinematográfica e que agora ganha contornos pelo mundo afora. A moda chegou ao Brasil, primeiro com o gênero reality show e agora aos poucos com seriados. É basicamente o que idealizou Chacrinha, "na TV nada se cria, tudo se copia" - e se é bom, por que não? O canal via por assinatura GNT, da Globosat trouxe para o Brasil, o seriado Sessão de Terapia, uma versão do israelense BeTipul  que se tornou sucesso internacional depois que a HBO produziu uma versão americana, com o título de In Treatment.

Com versões para Argentina, Canadá (em francês), Polônia, Hungria, República Checa, Holanda, Eslováquia, Sérvia, Eslovênia, Moldávia e Romênia, no Brasil o seriado estreou em Outubro e segue finalizando seus 45 episódios encomendados. Exibido de segunda à sexta feira, a série é centrada no terapeuta Theo (Zécarlos Machado) e seus pacientes: Júlia Rebelo (Maria Fernanda Cândido), anestesista de 35 anos que tem medo de manter relacionamentos e logo assume um interesse amoroso por ele; Breno Dantas (Sérgio Guizé), atirador de elite de 34 anos que acidentalmente matou uma criança durante uma operação e logo se mostra arrogante; Nina Vidal (Bianca Muller), uma ginasta de 15 anos que tem problemas para se socializar e se acidentou, mas deixando em dúvidas uma tentativa de suicídio; e o casal Ana (Mariana Lima) e João (André Frateschi), ela uma executiva de 38 anos, ele um ator de 35 anos, que discordam sobre a gravidez da mulher (ela quer abortar e ele quer o filho).

Se o cenário quase não muda - é praticamente centrado em closes de Theo e a conversa com seus pacientes -, é dessas conversa que o ritmo da série é ditado. Como o trabalho desse profissional é tirar do paciente o que ele não está percebendo em seu subconsciente, aos poucos as temíveis verdades vão sendo reveladas e tomando rumos cada vez mais obscuros. É viciante. Mesmo cada caso não tendo relação específica com o outro, Theo se torna o protagonista absoluto, quando nas sextas, ele vira o paciente e vai ao consultória da velha amiga Dora Aguiar (Selma Egrei). Lá, desabafa sobre sua vida e a relação conflituosa com os pacientes. O famoso "dois lados da moeda".

Diálogos intensos, personagens complexos e interessantes, a boa direção de Selton Mello que dá um tom intimista e melancólico que só acrescentam à trama, fazem de Sessão de Terapia uma boa pedida àqueles que procuram uma ótima série. E se o medo de ser tediosa por não mudar de cenário assuste você, aí vai um resumo do que já aconteceu por lá: uma tentativa de suicídio, um aborto espontâneo, briga física, Selton Mello fez uma participação, e a revelação da esposa de Theo (Maria Luisa Mendonça) que trai o marido.

Pois é, se no cinema, nem os remakes empolgam, na TV eles se saem melhores, basta ver o sucesso de Homeland, oriunda de uma série também de Israel, e The Killing, original da Dinamarca, das quais, a originalidade segue em alta.

Para entender como a série é exibida (clique para ampliar):

novembro 05, 2012

De arrepiar! O novo e belo clipe do Mumford & Sons!

Profundo, emocional...sensacional


Começar a semana com clipe novo da melhor banda da atualidade é mais do que um sopro de felicidade. E quando esse vídeo é  belo e que faz arrepiar qualquer alma que busca de alguma forma uma redenção, é um prato cheio. Com um dos álbuns mais vendidos do ano, o Mumford & Sons lança o single Lover Of The Light, música de letra dramática que ecoa em seu refrão apenas um pedido:

"...Mas ame aquele em que você se apoia
E serei sua meta
Para ter e manter
Um amante da luz..."

Já o vídeo é atuado e dirigido pelo vencedor do Globo de Ouro como melhor ator, Idris Elba, pela série Luther. O clima é de libertação pelas angustias do passado, e o cenário é arrebatador. Foco na rotina assombrada, nos olhos tristes e com receio de acordar. Um dos melhores clipes musicais do ano sem sombra de dúvidas:

novembro 02, 2012

Crítica: Reestreias de 'Homeland', 'The Walking Dead', 'Grey's Anatomy' e 'Boardwalk Empire'

Seriados trazem novas emoções e algumas decepções inevitáveis...

Com poucas semanas desde suas estreias nos Estados Unidos (algumas com apenas dias de diferença), quatro importantes séries chegam à TV brasileira com novas temporadas. Como está complicado encontrar tempo e paciência pra acompanhar sem precisar de gravá-las e assistir depois, esse vai ser um comentário superficial. Cada série será discutida com mais aprofundamento no final de suas respectivas temporadas.

Homeland segue com ritmo estável

Passado o Emmy e a conquista dos principais prêmios (melhor ator, atriz e série de drama) o seriado desbancou a supremacia de Mad Men e já faz parte da história da TV norte-americana. Merecido? Talvez. Mas isso pouco importa. Nesse retorno, Carrie (Claire Danes) vive uma vida tranquila, depois do tratamento por eletrochoque que passou no final da temporada anterior. Mora com a família, mas desdobramentos de seus relacionamentos anteriores em outros países, como agente da CIA, à levam mais uma vez ao Iraque. Enquanto isso, Brody (Damian Lewis) está à caminho da cadeira de vice presidente na corrida eleitoral que ocorre à dois anos. Ele recebe ordens de cometer atentados maiores do que foi programado a fazer, mas não conseguiu. Eu vi apenas o primeiro episódio, então por enquanto a série está estável e pelo que andei lendo, ainda vai esquentar.

FX, domingos, às 23h


The Walking Dead: o pessimismo e otimismo duelam

Dois episódios vistos após uma temporada maravilhosa e a questão é: a série de zumbis é a melhor de terror/suspense desde Lost. Não que Lost seguisse esse gênero, mas é fantasia e o mais próximo que pode se citar. Pessoas reclamam da repetição da fórmula dos episódios, mas deve-se levar em consideração o seguinte: a história de The Walking Dead é parecida com a de Lost, como se fosse limitada à uma ilha, mas não no sentido literal e sim no roteiro. A sua construção é ainda mais complicada quando não existe o sobrenatural e outros adventos como viagens ao tempo. Mas à cada episódio a subjetividade em torno da situação dos personagens, reflete nos melhores momentos da série. Esqueça os zumbis e foquem nos humanos. Uma mulher grávida em meio ao apocalipse humano, se ele morrer, ela pode ser devorada por dentro. Um futuro obscuro. No segundo episódio, o mais velho do grupo, o "médico" é mordido e fica entre a vida e a morte. Essa mordida traz mais pessimismo, mas no fim ele acorda, e bem - ponto para o otimismo. Um sinal de esperança mesmo que por pouco tempo. Um bebê que no lugar de trazer à luz, é trevas e um idoso sem perna é o único sinal de esperança. Isso e outros exemplos como a desumanidade que vai tomando conta dos sobreviventes - e o foco da temporada, o tal governador, nem apareceu pra mim ainda. Ainda vale a pena!

FOX HD, terças, às 22h15

Grey's Anatomy e o melodrama que beira o insuportável

Nona temporada e se não for cancelada, será abandonada. Não tem como. Demorou para Christina Yang (Sandra Oh) perceber que precisava se afastar de Seattle porque aquele lugar só lembra tragédia. E me vem Meredith Grey (Ellen Pompeo) me dizer que 'a vida é assim'. Se isso fosse dito à duas temporadas atrás, eu concordaria, mas não. Grey's Anatomy esperou muito tempo para se olhar no espelho e perceber seus defeitos e fazer o público aceitá-los. Depois de tanta morte, o seriado cai na repetição e absurdos sem igual. Personagens se tornaram desinteressantes e vai precisar muito mais do que uma nova turma de internos para melhorar a situação. Não tem como, nem a mágica dos milagrosos roteiristas, está na hora de acabar.

Sony HD, segundas, às 22h

Boardwalk Empire: uma série fadada ao ostracismo

A primeira temporada foi boa. Muito boa. O selo de garantia do diretor Martin Scorsese e sua produção pela HBO fez a crítica e o público respeitar o projeto. Mas algo desandou em sua segunda temporada. O jeito foi reiniciar tudo na terceira temporada. O personagem Nucky, interpretado pelo vencedor de um criticado Globo de Ouro, Steve Buscemi, segue na sombra de seus coadjuvantes, ainda mais quando sua mulher na trama, Kelly Macdonald, dá sinais que vai ganhar mais espaço. Por outro lado, a saída de Michael Pitt pegou muitos de surpresa, mas era inevitável para melhorar o de Nucky. A chegada de Bobby Cannavale - que salvou a série Nurse Jackie na quarta temporada -, como o novo antagonista da série, é até benéfica, mas não deixa sinais claros que Boardwalk Empire ainda será uma série memorável apesar de todo seu cuidado estético. Uma pena.

HBO HD, domingos, às 22h