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julho 28, 2012

'Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge' fecha trilogia com chave de ouro

Christopher Nolan se despede e deixa legado primoroso




Nos últimos três filmes do Batman, levados ao cinema pelo cineasta Christopher Nolan, Gotham City é cenário de questões éticas, vilões malvados e um herói imperfeito. E o mundo parou para seguir essa história, que tanto toca em dilemas comuns de qualquer sociedade, como a corrupção arraigada no sistema e sua população que tende a preferir justiceiros à polícia. Nolan fez com maestria e ousadia o que Hollywood há tempos evita: construir uma história sombria, realista e complexa. Sem medo do público e fãs, que na verdade estão cansados de serem subestimados - casos de fracassos como Lanterna Verde, Mulher- Gato, estão aí para provar.


Nolan tem se firmado na indústria como um diretor autêntico, sombrio e que abusa do estilo "quebra-cabeça" quando também assina o roteiro, apostando em reviravoltas, suspense e surpresas. Sua ascensão na indústria ganhou repercussão com o elogiado Amnésia (2000) e tomou forma na série de filmes do Batman, além de aclamado com A Origem (2010) e o subestimado O Grande Truque (2006). No controle da fase mais sombria do Homem-Morcego, Nolan mudou a percepção colorida que o herói tinha ganhado anteriormente e lembrou os bons tempos de quando Tim Burton se aventurou no mundo do herói.


Em Batman Begins (2005), a história de Bruce Wayne (Christian Bale) foi mostrada de uma forma inédita, destacando o nascimento do cavaleiro da noite que busca uma forma de curar seus traumas - ou ao menos usá-los de forma para assegurar o fim da criminalidade em Gotham City, agindo como um justiceiro. O simbólico morcego, nada mais é que fruto desse temor da infância. Com a ajuda da Liga das Sombras, Wayne encontra o alter-ego, mas, após isso, se vê cercado pela mesma equipe que tem uma forma pessimista de encontrar soluções para Gotham. Outro trauma, é a morte de seus pais, da qual, ele culpa a si mesmo pela trágica situação que culminou no assassinato deles. O primeiro filme desta trilogia nas mãos do diretor acabou se tornando referência e foi aprimorado no filme seguinte. O vilão Espantalho serviu como coadjuvante em comparação ao principal vilão da trama: o próprio Bruce Wayne.


Em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), o arruaceiro e vilão do Batman, o Coringa, é mostrado de forma sombria, anarquista e querendo apenas ver o circo pegar fogo. Bagunçou Gotham revelando o lado sujo e corrupto da cidade em todas as partes, deixando seus moradores em meio de questões éticas e fazendo personagens importantes como Harvey Dent, e até o próprio herói, entrarem crise com si mesmos. O filme ainda evoluiu mostrando os avanços tecnológicos que aliados com o herói, conseguem superar qualquer plano mirabolante do Coringa. No fim, Dent acaba sucumbido pela raiva e vingança e toma um caminho que nada lembra de sua rápida passagem como um verdadeiro herói que fez Batman como vilão, mas seu destino final como o temível Duas Caras vira um segredo para dar esperança à população. Afinal, antes um herói de cara limpa, que um mascarado. 


Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge começa oito anos depois e mostrando que o legado de Dent continua em vigor e a cidade sente uma paz estabilizada. Porém, a chegada do mercenário Bane (Tom Hardy) volta a assombrar (sua voz é de arrepiar) a cidade e desafiar o sistema, assim como ambiciosos e poderosos que querem Wayne fora do jogo. Wayne, por sua vez, deixou de lado os trajes de Batman e vive de forma reclusa, até que recebe a visita de Selina Kyle (Anne Hathaway), uma misteriosa ladra que tem um interesse pessoal em suas digitais. Então, aos poucos Batman ressurge e vê que as ações dela tem ligação com todo o ciclo de criminalidade iniciada por Bane.


O filme segue um ritmo por vezes instável, mas que não compromete o resultado final. Começa com Wayne exilado e aos poucos voltando ao normal com a cidade sendo visitada por inimigos ameaçadores - a cena da perseguição da polícia contra ele é o ápice de uma primeira fase; após isso, as coisas começam a pegar fogo na luta contra os bandidos e a mulher-gato tem uma participação crucial para o fracasso de Homem- Morcego - o embate dele com Bane é o ápice desta fase; e por fim, chega o momento da virada, da qual, Wayne precisa mais uma vez enfrentar obstáculos não apenas físicos, mas também emocionais e contornar a situação - aparentemente perdida, não só para ele, mas também para Gotham, prestes à explodir.  Nolan consegue amarrar bem a enorme trama. Da mesma forma que conseguiu levar o Cavaleiro das Trevas a um nível maior, ele agora mescla um grande time de astros fazendo personagens importantes e sempre equilibrando o momento de cada um. Alguns ganham destaque até demais, como Alfred (Michael Caine) o mordomo fiel de Wayne e o jovem policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt), - mesmo que o final guarde uma surpresa sobre sua identidade. Outros, mereciam mais tempo na tela, como a Mulher-gato, que não tem sua história contada - provavelmente, ainda é memorável sua participação no filme Batman - o Retorno (1992), interpretada pela Michelle Pfeiffer. Além disso, as cenas de ação continuam excitantes, ainda mais extraordinárias que o segundo longa, mérito da direção impecável de Nolan, que tem uma maneira dramática muito bem vinda em contar qualquer história.

Infelizmente, Batman - o Cavaleiro das Trevas Ressurge não consegue ser tão surpreendente e bom quanto A Origem, filme com roteiro original de Nolan. Mesmo ele tentando incluir diversas caraterísticas que tentam resultar numa surpresa de mesmo nível de um filme para outro - cenas de início que são recontadas no final e, assim, formam uma poética circularidade (como a cena em que o Alfred diz desejar ver o patrão com uma garota em uma de suas viagens de férias e no final isso acontece), banalizam um pouco a trama que acaba viciada em reviravoltas sempre fazendo alusão não só ao início do filme, como de toda trilogia. 


Mas essas firulas do roteiro engenhoso de Nolan não chegam nem de longe atrapalhar a satisfação que o filme resulta. Mesmo sendo complexo e arrastado algumas vezes, é a aventura mais familiar entre os três. Pouco sangue - inclusive a morte do vilão Bane nem é mostrada de perto - muitas lutas coreografadas, explosões e perseguições, fazem deste um filme mais próximo de uma aventura da Marvel - tipo Os Vingadores e que em tempos de massacres em cinemas, caíram muito bem. Ainda resta muita história para contar sobre um dos heróis mais queridos da cultura pop, e Nolan abriu as portas para esse universo sombrio e divertido aos interessados na boa união de entretenimento e reflexões. 


Trailer:








julho 21, 2012

SPFW Verão 2013 ! Parte 2! o/

Bom dia!
Já vimos os dias 11, 12 e 13 do São Paulo Fashion Week, e agora é ver os últimos três dias do evento.

O dia 14 foi um longo dia, e quem abriu o evento foi a marca Neon, marca do estilista Dudu Bertholini. O desfile foi ao ar livre, dando enfase ao estilo da marca que vive o lema "espírito-livre". A marca desfilou peças bem femininas com cores vibrantes e tons pasteis. Mais uma vez, a marca desfilou suas estampas super trabalhadas e "all over the place" com cores vibrantes. Pudemos ver alguns maiôs e biquínis, hotpants, conjuntinhos, macacões, além de calças e camisas e outras peças. Acho curioso como a alpargata (acredito que há outro nome, mas não sei qual é) está se destacando bastante no evento; aqui no desfile da Neon, os modelos variam entre simples e trabalhados, alguns com um detalhe de poder amarrar o sapato no tornozelo e outros não.  Particularmente, não gosto. Moro no RS desde 1994, fui criada com pessoas usando elas em casa ou quando estão "caracterizados" de gaúcho, então pra mim é estranhíssimo ver a alpargata toda "cheia de fru-fru" e como um objeto de "desejo" da moda. Sem contar que nunca consegui usar uma! UHAUHUAHUHA Mas enfim.

O segundo a desfilar foi o sempre lindo, João Pimenta. Dessa vez, o estilista se inspirou em sua terra natal, e mostrou uma coleção inspirada na Folia de Reis. Embora haja alguns elementos couture/fantasia e peças que os homens, muito provavelmente, não irão gostar, as peças desfiladas por Pimenta são belíssimas e super adaptáveis e usáveis no dia-a-dia.




Adorei as roupas em tons escuros, embora as com estampas também estejam super lindas. A beleza do desfile foi bem simples: make natural/nada, e cabelos longos com lindas ondas, um cabelo mais curto, mas que parece ter levado um choque-elétrico, e um cabelo cheio de cachinhos.


julho 20, 2012

'Revenge' faz história forte se perder em excessos

Seriado-novela exagera em clichês e reviravoltas 


Vingança. No dicionário: s.f. Ato ou efeito de vingar(-se). Represália, desforra, vindita, retaliação. Na TV um seriado se aventura em mostrar a ação de fazer justiça contra alguma situação que resultou em tal sentimento: Revenge, que teve sua primeira temporada finalizada nesta terça (17) no Canal Sony (nos EUA é exibida pela rede ABC). Apostando em uma protagonista com sede do sentimento, a trama é recheada de suspense, reviravoltas, drama e romance. Porém, o que parecia um caminho interessante, se perde num amontoado de intrigas forçadas, roteiro repleto de equívocos e carente de reflexões. 

A história parte de uma modernização do clássico literário O Conde de Monte Cristo. A trama traz Amanda Clarke (Emily VanCamp), crescida, chegando e na comunidade de Hamptons utilizando o nome de Emily Thorne. Seu objetivo é vingar sua família, destruída pelos poderosos Graysons. Para tanto, ela conta com o apoio do milionário Nolan (Gabriel Mann). A tal família é encabeçada por Victoria (Madeleine Stowe) e seu marido Conrad (Henry Czerny) que levaram a condenação o pai de Amanda, David Clarke (James Tupper), quando se aliaram com outras pessoas de uma empresa e ligaram seu nome à uma ação terrorista.   Emily se envolve com Daniel Grayson (Joshua Bowman), filho de Victoria, de quem fica noiva - como parte do plano, mas não esquece seu amor de infância Jack Porter (Nick Wechsler). 


Nos primeiros episódios, Emily começa a esticar sua teia de intrigas e domina as pessoas ao redor como se fossem peças em um enorme tabuleiro. Vai atrás de cada um na intenção de vingar o pai e sua situação como órfã. Porém, depois de tantas idas e vindas, o foco principal acaba sendo perdido e Revenge se transforma numa série um tanto confusa e sem foco. O que antes era uma protagonista fazendo vingança, vira um show de personagens com caráter duvidoso e também fazendo pequenas vinganças. Um toma lá dá cá endinheirado. Para piorar a situação, os efeitos especiais que constroem o palco da história, por vezes, soa artificial assim como o roteiro cheio de frases de efeito e as atuações mexicanas.


Entretanto, Revenge teve momentos gloriosos, como o episódio piloto que logo fora continuado em um  outro, exibido pouco mais da metade da temporada, da qual, descobre-se que não fora Daniel assassinado na festa de noivado de Emily com ele. Infelizmente, a partir daí até seu desfecho, o seriado acumulou um ritmo chato, sem grandes novidades e muito drama para personagens pouco importantes e ainda mais trash, como a filha bastarda dos Graysons, Charlotte (Christa B. Allen). Chega a ser risível sua participação em algo que deveria soar como tenso. E a inexperiência da atriz só piora ainda mais o quadro. E ela não é a única.

Como primeira temporada, Revenge perdeu o controle em levar para a TV um tema tão interessante e nebuloso. Agora seguiu um caminho de novelão sem perspectivas e apenas com os reflexos de uma protagonista vazia. Talvez, nem seja tão ruim, porém, é muito mal contada. Um roteiro que permite personagens entrarem e saírem das casas alheias sem nenhum aviso prévio, ou abusar das facilidades tecnológicas na hora que bem entenderem, banalizam e subestimam a inteligência do espectador. As falas também sempre estão ali para explicar detalhadamente tudo que é revelado o tempo todo, servindo de banquete para gravações escondidas. Uma pena, a retaliação sai do interessante foco do pai da protagonista e se expandi para a mãe de Amanda, viva. Até em Avenida Brasil o assunto é tratado mais a sério.

julho 19, 2012

'Mad Men' e a incômoda dor de dente

Quinta temporada termina com dente arrancado e alívio - momentâneo, será?




O episódio final desta temporada de Mad Men, exibida na última segunda (16) pela HBO Brasil sintetizou muito bem o que se foi visto nos outros 12 episódios: mudanças e as reações. Passando por uma revolução sexual e comportamental (a religião foi mostrada na forma do libertador budismo), os protagonistas estão numa cruzada para se encontrarem no meio do furacão ideológico que bagunça tudo ao redor. 

Numa temporada que focou mais em personagens do que nos casos da agência de publicidade, principal palco da série, o caminho da auto destruição levou a morte Lane (Jared Harris), da qual, a mentalidade inglesa são conseguiu suportar a pressão do duro capitalismo publicitário. Levou Pete (Vincent Kartheiser) buscar em suas referências mais próximas - seus colegas de trabalho - uma forma de preencher seu vazio existencial, após a entediante nova vida de casado: cometendo o adultério. Joan (Christina Hendricks) evoluiu e não abriu mão de sua felicidade para ficar na sombra do marido - este que nunca a valorizou. Ela literalmente saiu do ventre da mãe e tomou suas próprias decisões (mesmo que polêmicas). Peggy (Elisabeth Moss) deu o maior salto em toda a série. Libertou-se do ambiente ainda machista e que limitava sua criatividade para buscar sua realização profissional e de forma independente. Sim, isso agora é possível. Roger (John Slattery), está livre, finalmente. Já Don Draper (Jon Hamm), oh pobre Don... ficou incomodado e mais perdido que nunca. Sua dor de dente era tanto que até seu passado voltou como forma de aconchego sombrio. E aos poucos ele vai assimilando e reagindo sem desespero, como uma criança, e cortando o mal pela raiz, como sempre faz. Errando aqui, acertando ali. Será que arrancar o dente vai eliminar de vez os problemas?

 Uma temporada cheia de momentos excelentes. O episódio da libertação de Joan que tanto fazia falta na agência e por momentos sentiu medo de ser substituída. A delicada cena da cama, em que, seu corpo sai da posição fetal para se libertar do que tanto a fazia submissa à mãe, sempre contra seu trabalho e sua separação do marido mala. Em outro momento, ela e o Jaguar. Uma referência cruel do que seria o papel da mulher na sociedade: o sonho de todo garotinho. Generalizar as mulheres, seria um crime. Joan quer se dar bem no que tem talento: gerenciar homens na empresa, e escolheu um caminho que ela se dá melhor: seduzindo com seus atributos. E logo conseguiu, não só apenas um lugar entre os sócios, mas uma satisfação sem peso na consciência - quantas mulheres já foram abusadas no seriado e não aceitavam o fato? Joan abriu assim a porta para mais uma mudança na estética da sala de reuniões: duas mulheres colorem o ambiente cinza.

Pete é outro que ganhou um episódio espetacular. Cada vez mais perdido em sua identidade e idade, o jovem arrogante não se sente feliz no american way life, da qual, eles mesmos vendem todos os dias. Precisa de algo mais. Em suas aulas de direção, vê uma jovem garota cheio de vida e que logo parece uma válvula de escape para ele. Uma aventura, quem sabe? Mas Pete não é Don Draper. Ele não sabe consertar uma pia quebrada. Não tem charme. E sim uma sufocante vida perfeita. Quando é desprezado pela jovem da auto escola, ele se vê como um carro batendo diretamente contra o muro. E o texto de Ken (Aaron Staton) (uma das melhores citações da série) reflete o que estava se tornando Pete e os Mad Mens da série:
"Haviam frases da 9ª Sinfonia de Beethoven que ainda faziam Coe chorar. Ele sempre achou que tinha a ver com as circunstâncias da própria composição. Imaginou Beethoven, surdo e doente da alma, com o coração partido, escrevendo furiosamente enquanto a Morte estava parada na porta lixando as unhas. Ainda assim, Coe pensou que poderia estar vivendo em um país que estava fazendo-o chorar. Matando-o com o silêncio e a solidão, tornando tudo normal e lindo demais para suportar".
Pete consegue uma amante, mas não consegue o que tanto almejava, um novo impulso para sua entediante vida. Agora sua esposa deu a ideia de uma apartamento para ele morar sozinho e ficar mais perto do trabalho, seria uma boa? Mais perigo à vista.


Roger encontrou na experiência de usar LSD a fonte para entender a si mesmo. Sim, porque, não seria o Roger se fosse diferente. O personagem que sempre fora o a toa da agência, fazendo o trabalho de lobista, ou o homem que consegue as contas, vivia embriagado e infeliz. Percebeu que não dera certo seu casamento com uma jovem e viu seu reflexo refletido na mãe Megan, francesa, e que vive a vida como bem entender. Roger está livre. Entendeu as regras e se desfez delas. Vai viver à sua maneira e ponto.


Peggy passou por desafios. Se Joan encontrou seu jeito de encarar a revolução sexual que ocorre pelo mundo, abusando da sensualidade, Peggy vestiu o a ideologia da mulher moderna. Não conseguia se focar, se concentrar e parou para pensar apenas em uma história sobre nazismo. Nem o namorado ela escutava mais. Se viu limitada quando colocada fora de várias publicidades, inclusive da machista Jaguar. Encarou os fatos e em outro momento histórico colocou Don contra a parede e pediu demissão. Com um jogo de câmeras mostrando seu poder sobre ele, este sentado e aparentemente incomodado na poltrona, ela o fez beijar a sua mão. Peggy sai da agência - feliz. Não se trata de dinheiro. As mulheres conseguiram seu espaço, agora correm atrás da satisfação profissional e desafios novos. Sexo não importa tanto mais. E ela ainda pode ser amiga do Don e pegar uma sessão de cinema juntos.


Outros personagens ganharam pequenas participações, e alguns nem vale tanto citar. Betty (January Jones) pensou que o aumento do peso estaria ligado ao tumor que o médico descobriu, mas no fim, ela apenas está comendo demais. Consequência de sua entediante vida de dona de casa. Daí desconta nos filhos e no novo caso do ex-marido. A filha, Sally (Kiernan Shipka), tenta entender esse mundo complicado dos adultos. Acorda no meio do divórcio dos pais e vai tentando compreender, enquanto sempre é deixada de lado. Em um episódio que mostra as três gerações da família reunidas em uma mesa, percebe-se a infelicidade e traumas espalhados nas frustrações momentâneas. Sally descobriu que a cidade é "suja". Mas, apesar da aparente liberdade que encontrou com a nova esposa do pai, é na mãe que ela recorre quando vem a primeira menstruação.


Por fim, todos esses elementos chegam a apenas uma pessoa: Don Draper. Quando foi comentado aqui no blog o primeiro episódio da temporada, falei em como seu passado o puxava. Como Dick resolvia aparecer nos momentos cruciais das pessoas ao redor. Megan (Jessica Paré) casada com Don, logo enfrentaria todos obstáculos do difícil homem que tem aparências a manter e o passado a fugir. E não deu outra. A questão é que os novos desafio de Don vieram num turbilhão de nomes e com pesos cada vez maiores. Ele, hipócrita, foi contra a atitude de Joan, e ela agiu de forma diferente que ele esperava; ele não entendeu Peggy que recusou um aumento e saiu da empresa; ele viu Pete chorar; viu Roger se separar mais uma vez; viu Betty em ruína; tem uma secretária negra; e o mais chocante: viu Lane se matar em consequência de um ato seu. Sufocado pela empresa. O fim está mais próximo de Don, e pela primeira vez ele sentiu medo. Não é o dinheiro e nem a vida perfeita  que vende nas propagandas que vale mais. A música dos Beatles que Megan queria que ele escutasse, mas que ele não teve paciência de ouvir seguia essa mentalidade, afinal, o amanhã nunca se sabe.


Com todos esses fatos, Don sentiu o incômodo que ultrapassa a sua chegada aos 40 anos. A sua dor de dente, persistente, não ia passar como sempre passava. E precisou de arrancar a agonia para perceber que é preciso ele confrontar consigo mesmo se quiser sobreviver. Seu subconsciente mostrou, em duas grandes cenas, que seus reais desejos eram impossíveis de serem postos em prática. Gripado, ele alucinou que matara sufocada uma ex-amante ousada que queria destruir seu novo casamento - Don, satisfeito com Megan, não tinha esses desejos de traição como anteriormente. Outra vez, veio quando dopado enquanto o dentista arrancava seu dente. Seu passado queria voltar e deixá-lo aconchegado. A única figura que representava sua família e algum amor fraternal que sentira. Mas esse, agora, é literalmente um fantasma.


Arrancou o dente, se entendendo com Joan e preferindo não dizer o que realmente aconteceu do Lane; reencontrou Peggy sem mágoas, deu um impulso ao difícil sonho de Megan, após assistir seu teste e perceber que não tem como fugir disso, afinal ele a ama - a cena dele se distanciando da mulher enquanto ela grava o comercial mostra que sua missão foi cumprida e ele sai satisfeito; e vai continuar forte nos novos desafios da agência, agora crescendo ainda mais com a nova conta milionária. Pessoalmente, não sabemos se essas ações repercutiram na frase jogada pela mulher que quer algo com ele no bar: "você está sozinho?" Porém, pode-se especular que essa visita ao dentista calou uma dor apenas momentânea, afinal, os anos 70 estão chegando e a publicidade, assim como a sociedade, dará saltos ainda maiores e destruidores. Don demorou para reagir, será que a próxima dor de dente vai esperar, sendo anestesiada por goles de Whisky ou conhaque? Mad Men continua reflexiva, forte, instigante... sensacional.

julho 14, 2012

SPFW Verão 2013! Parte 01 :)

Fala galera linda! :D
Junho foi mês de festejar! Aconteceu a edição de verão da São Paulo Fashion Week, para nossa alegria! kkkkk

Bom, na realidade eu havia feito uma baita introduçãozinha explicando algumas coisas, mas aí o blogger fez um belo favor de apagar tudo que eu tinha feito e de salvar o post em branco. Podem imaginar a minha raiva, ela não foi nada suave. Então aqui vai um resumo do que eu já havia escrito (depois do primeiro desfile a coisa fica normal).

Bom, o(s) post(s) sobre o SPFW estão saindo deveras atrasados (digo, um mês depois) por conta da minha faculdade, que cada vez mais faz o favor de arruinar a minha vida virtual. Mas o importante é que eu estou me virando pra fazer o post sair. :) (E outra cosia importante é que agora eu estou de férias da facul! hahahaha)

Anyway! O evento começou no dia 11 de junho e foi até 16 de junho. Quem iniciou o evento foi a Animale. A Animale teve a Rosie Huntington-Whiteley abrindo o desfile. Na suas peças, podemos ver que as tendencias continuam quase as mesmas: transparência, brilho, metal, couro (ou quase isso), make o mais natural possível, e por ai vai.


 

julho 12, 2012

'House of Lies' cresce e finaliza ótima temporada de estreia

Com linguagem divertida e humor ácido, seriado é uma boa surpresa



O universo de grandes empresas que dependem de um escritório como ambiente de trabalho sempre renderá boas histórias. Seriados de sucesso no momento como Mad Men e The Good Wife estão aí para provar. A primeira, mostra a pressão de uma empresa que trabalha em cima de mentiras (ou não) publicitárias que desgastam seus funcionários e sócios e cria confrontos dentro da hierarquia estabelecida. O seriado sessentista ainda elabora com maestria as mudanças de uma época, da qual, ocorre a revolução sexual e os direitos civis são revistos com a integração dos negros de forma justa na sociedade - mesmo contra o agrado dos homens brancos. A segunda série, se passa em um riquíssimo escritório de advocacia nos dias de hoje, em que a política e vida pessoal está ligada diretamente aos interesses externos e internos, causando atrito entre si. No fim, como o cliente tem sempre a razão, o melhor é evitar embates - nem que pra isso medidas não tão éticas sejam adotadas pelos sócios. Eis que surge uma série para bagunçar ainda mais as estruturas das realidades sobre escritórios construídas na TV: House of Lies - sem se importar com exageros.


Produzida pelo Show Time, canal que tem crescido entre a pesada concorrência (HBO, AMC) com seriados de nype, Dexter, Nurse Jackie e The Big C, House of Lies teve sua primeira temporada finalizada na última segunda (10) pela HBO Brasil. E o que foi visto é um misto das duas séries citadas no incio do texto, só que acentuando o ambiente sexista e a falta de escrúpulos dos personagens. A trama se passa em uma corporação que reúne vários grupos de Relações Públicas. Com a crise econômica, a demanda aumentou, mas também afetou toda a corporação que cogitou se unificar à uma empresa maior e assim causar desempregos. O que nos primeiro episódios se limitou a mostrar os casos do grupo, virou uma visão maior que expandiu para todo o sistema de uma grande corporação, da qual, o grupo era sócio e prezava em segurar seus empregos.


Marty Kaan (Don Cheadle), o protagonista, é um homem inescrupuloso que comanda uma empresa de consultoria. Não importa quem seja, o que ele quer é a qualquer custo conquistar o (dinheiro do) cliente. Em meio aos problemas da empresa, ele ainda precisa equilibrar a vida pessoal - o divórcio e sua relação com o pai e o filho. No fim da temporada, é ela que sofre por ser o lado mais frágil da vida de Marty, já que seu filho Roscoe (Donis Leonard Jr.) sai de casa para morar com a mãe, assim como seu pai que o abandona. Um verdadeiro apocalipse como o próprio garoto se referiu. 



Seus parceiros tiveram suas histórias contadas com menos entusiasmo. A que mais teve foco foi Jeannie Van Der Hooven (Kristen Bell), que mesmo noiva, usou o sexo para criar relações com superiores ou até mesmo para preencher um constante vazio que sentia. Ela também foi a chave para o clímax da primeira temporada, quando usa o "abuso sexual" para puxar um coro de outras mulheres na mesma situação contra os poderosos e assim mudar os rumos da trama. Os outros dois personagens do grupo Doug (Josh Lawson) e Clyde (Ben Schwartz), serviram como o alívio cômico e não tiveram suas vidas pessoais aprofundadas. 


Foi uma temporada que, mesmo contornando aos poucos o excesso de sexo gratuito e nudez (ou eu me acostumei?), tratou da atual situação das megas corporações de um jeito inédito, trazendo um lado cômico e contado de uma forma dinâmica, abusando de truques em que liga o espectador à trama. Da forma esperada, os personagens inescrupulosos e que pouco se importam com os outros, querem apenas defender o seu, acaba rivalizando com a ética e moral do ambiente de trabalho. Marty utilizou as próprias armas fornecidas pelos seus superiores para vencer, mesmo que isso traga consequências negativas ao redor. Sexo e mentiras ditaram as regras em House of Lies, e não é tão diferente na realidade do mundo dos negócios, talvez um pouco menos exagerado. Mesmo anos depois do tempo mostrado em Mad Men, o sexismo, o abuso sexual e moral seguem firmes e fortes dentro dos escritório, assim como os interesses pessoais e dos negócios postos em jogo em The Good Wife. House of Lies uniu o melhor do gênero e contou uma história atual de forma interessante jovial. Muito boa.


Em tempo: O seriado já tem garantido uma segunda temporada que deve estrear em 2013.

julho 08, 2012

Crítica: 'O Espetacular Homem-Aranha' diverte sem surpreender

Filme sofre com roteiro cheio de coincidências, mas atuações salvam o dia


Peter Parker estava em uma excursão de escola em algum lugar qualquer e logo é picado por uma pequena aranha modificada geneticamente. Chega em casa e passa por transformações que o deixa com os sentidos aguçados e poderes de um super herói. Precisa, agora, descobrir quem ele é e como lidar com o fardo. A história foi mostrada há décadas nos quadrinhos, estreou dez anos nos cinemas e fora repetida várias vezes na TV. Até hoje. E agora ela volta ao cinema praticamente da mesma forma. Porém, com novos atores, vilões e poucas mudanças. Sam Raimi foi quem cuidou da primeira trilogia cinematográfica que redefiniu os efeitos visuais dos filmes de heróis e abriu as portas para os filmes de super heróis que canalizaram um novo gênero em Hollywood. É dono da memorável cena de beijo que entrou para a história da cultura pop. Agora é Marc Webb o responsável pelo "reboot" do herói aracnídeo nas telas. E esse recomeço resultou numa variável situações boas e ruins.


Predestinado a ser o primeiro de uma nova série de filmes, O Espetacular Homem-Aranha (EUA, 2012), cumpre uma função de entreter e dar alguma nova complexidade que não fora mostrada anteriormente. Desta vez, na pele de Andrew Garfield, Peter Parker não é tão bobo e atrapalhado quanto o mostrado na pele de Tobey Maguire, mas em compensação sofre com os traumas de sua infância, da qual, perdeu os pais depois de fugirem misteriosamente. A figura do pai acaba ficando refletida no Tio Ben (Martin Sheen) e a Tia May (Sally Field) dá o tom matriarcal. O trunfo da trama para se afastar do longa de 2002 é exatamente este, e tudo caminha para um resultado razoavelmente bom. Entretanto, lá aparecem novamente a picada da aranha, o romance adolescente e as questões de um jovem que está buscando moldar seu caráter a cada questionamento que surge em seu caminho à vida adulta.


O maior problema que resultou no fiasco do terceiro filme (tirando os exageros no número de vilões), foi o roteiro que prega coincidências absurdas. Para complementar a personagem de Gwen, importante nos quadrinhos, inseriram ela em diversas situações onde nem mesmo o acaso seria tão ágil. E ela (interpretada pela querida Emma Stone) é novamente o centro dos equívocos neste novo longa. Ela está na sala de aula de Peter, é a principal estagiária na Oscorp, é filha do chefe de polícia da cidade, é a namorada de Peter, é principal chave da resolução da história e, ainda por cima, claro, a mocinha em perigo. Tais fatos desgastam o roteiro que já tem a fantasia um forte e difícil advento a ser compreendido e aceito pelo espectador. Isso se junto ao fato do pai de Peter ter sido o maior colaborador de quem vem a ser o vilão da história. 


Coincidências à parte, as atuações e escolha dos personagens não deixam à dever nem um pouco da outra trilogia. Todos eles estão numa gratificante sintonia e, os astros principais, Andrew Garfield e Emma Stone possuem uma química tão favorável que fica fácil esquecer da Mary Jane de Kirsten Dunst por um momento. Os coadjuvantes não fazem por menos, mesmo que remontando a história contada há poucos anos atrás. Os efeitos especiais também são incríveis - as cenas em primeira pessoa arrepiam e rejuvenescem os saltos do herói. Agora é aguardar para saber se os roteiristas vão de alguma forma complementar esse reinício, sem deixar para o seu final a resolução de uma nova épica história e tropeçaram nos equívocos estranhamente cometidos novamente neste primeiro. Algumas pontas já ficaram soltas e deixando o caminho aberto para o futuro. Só que infelizmente, a franquia começou à sombra da primeira franquia, que teve momentos marcantes e méritos por excelência, além de ter muito à ensinar. Afinal, sucesso com qualidade não se deve apenas com boas escolhas no casting e bons efeitos, é preciso parar de subestimar a inteligência da plateia - basta-se na rapidez em recontar a mesma história.


Trailer:




julho 07, 2012

Editoriais místicos

Para essa semana (chuvosa e de frio, para mim) decidi escolher dois editorias bem místicos. Um deles é um editorial feminino e o outro é um masculino, porém ambos não se focam muito nas roupas (roupas? que roupas? hahahaha), e sim na maquiagem, na criatividade e arte, e na fotografia em si.

O primeiro editorial é o masculino. O editorial foi feito exclusivamente para a edição de verão 2012 do Fashionisto, e conta uma história cheia de beleza baseada em mitos gregos. O editorial foi fotografado por Omar Mac­chi­avelli, e os modelos são: Chase Har­nett, Cor­nelius Carol, Todd Tay­lor, Adrian Car­doso, Mar­lon Tex­eira (olha o Brasil aí!) e Josh Tuck­ley.

Achei a ideia do editorial muito legal, e o resultado ficou lindo! Entre os mitos, pude reconhecer: o da medusa, o do labirinto e o do minotauro. Veja as fotos abaixo :D



julho 06, 2012

'Smash' e a temporada desafinada

Personagens insuportáveis e forçadas tramas atrapalham a série



Depois de 15 episódios, litros de lágrimas e suor, terminou nesta quarta-feira (04) pelo Universal Channel a primeira temporada da série musical Smash. Diferente do começo promissor, em que tudo parecia bem afinado, diluído num misto de clipes e novela, o seriado se perdeu pelo caminho, focando em tramas exageradas e cheias de adultério, traições e brigas. O que poderia ser um olhar reflexivo sobre os bastidores de um musical, terminou sendo um show desequilibrado, com personagens antipáticos, desinteressantes que tomavam grande parte da trama principal - esta mais estável. O final foi marcado com o sucesso, sem tanta emoção... não muito diferente da peça que eles encenavam que nas prévias não arrancou palmas da plateia. E aí virão mudanças...



A protagonista Karen (Katharine McPhee) dividiu com Ivy (Megan Hilty) a luta pelo papel principal no musical sobre a vida de Marilyn Monroe. Enquanto a primeira reflete a ingenuidade da icônica atriz, a segunda era o alter ego femme fatale e determinada pela fama. A disputa foi interessante, mas sempre teve no seu caminho personagens malas como o namorado de Karen, político e egocêntrico que o auge de sua imbecilidade, dormiu com a rival da namorada. Isso sem contar nas idas e vindas dos dois. Outro núcleo se dava pelos ensaios que tiveram bons momentos entre Tom (Christian Borle) musicista, sua amiga e roteirista Julia (Debra Messing), a dona de tudo Eileen (Angelica Huston) e o difícil diretor Derek Wills (Jack Davenport). O desenvolvimento da peça, seus percalços e intrigas, foram muito bem amarrados pelos quatro, mesmo que um ou outro estivesse errado - no fim sempre assumiam erros e tentavam contornar os problemas. Entretanto, dois chatos tomavam parte dos episódio conseguindo irritar até os mais pacientes: Ellis (Jaime Cepero), um assistente qualquer que tinha o prazer de causar intrigas. No fim, levou um fora de Eileen que até mesmo sendo prazeroso de assistir, dava uma impressão de tempo perdido para um foco num personagem absurdamente desnecessário. O outro que roubou minutos foi o amante de Julia, Michael (Will Chase). Tempo que os dois usaram pra trair suas famílias, por conta de um romance antigo. Ele sem qualquer ressentimento, culpa, corria atrás de Julia, mesmo sabendo que tinha esposa e um bebê em casa. Um personagem vazio que obviamente estava ali para movimentar a vida de Julia, porém, sua construção absurda só conseguiu causar indignação. Se fosse bem construído, poderia manipular a audiência mesmo que adultério não seja visto com bons olhos. 


Durante a temporada, outros personagens sem alma rondaram a trama, nada acrescentaram a não ser dramas bobos e sem emoção. Como se aparecessem para moldar a personalidade dos reais protagonistas. Ok. Isso é normal em qualquer produção, mas não faz sentido serem tratados de forma tão estereotipada. Os citados, tinham ainda alguma importância na série, mas que foi reduzida a medíocres pessoas. Triste que essa crítica serviu para falar deles, e não desenvolver a ideia central que no episódio final definiu bem as duas protagonistas refletindo os dois alter ego de Marilyn: a estrela e a decadente melancólica. Uma brilhou e a outra se deprimiu. Mas foi isso que se levou desta carregada primeira temporada. A boa notícia, é que os personagens chatos já foram afastados da produção (assim como a criadora da série) e o show vai continuar. Desafinado, mas com a esperança de um retorno melhor ensaiado.