O sucesso internacional de Intocáveis (França, 2012) deve-se ao bom boca-boca que tem feito o público procurar assistir o longa que em outras épocas passaria batido. Até mesmo no Brasil, onde existe um certo receio popular com tramas que não sejam de Hollywood, o filme chega como uma boa surpresa, pegando de jeito até o mais perdido numa sessão de cinema - na minha sessão, era perceptível leigos na plateia que acabaram sendo surpreendidos e, ao sair dali, vão fazer sua propaganda para amigos e parentes. Dessa forma contribuem para colocar o longa, mesmo que indiretamente, entre os finalistas para o Oscar 2013.
A comédia dramática - desta vez, muito mais comédia que drama -, conta a história de um milionário aristocrata tetraplégico Philippe (François Cluzet) que encontra em seu "cuidador", o imigrante senegalês Driss (Omar Sy), mais do que um auxílio e sim uma amizade verdadeira. Partindo de uma premissa em que mundos tão diferentes se encontram e assim suas experiências são trocadas criando um universo positivo - o que falta pra um é doado para o outro e vice-versa - o longa segue até o fim mostrando que as diferenças vão criando situações cômicas que beiram ao absurdo, porém são absorvidas pela necessidade de rirem da vida cruel ao redor.

Leve, descontraído, melancólico quando necessário, mas nunca triste. Mesmo não sendo original, já que o tema que envolva multiculturalismo tenha sido visto em filmes como O Visitante (Estados Unidos, 2007), sendo também comum em filmes europeus que tratem sobre imigração; e a relação de amizade entre um cuidador e um cadeirante seja comum em dramas. Entretanto, Intocáveis é uma obra singular de comédia com ingredientes reais e fantasiosos que de forma alguma deixa um gosto de prazer culposo em ir ao cinema e rir de piadas sobre Hitler, maconha e deficientes físicos, muito pelo contrário, deixa o espectador com o sentimento de que a preocupação do que é levado na TV, cinema e jornais, nem sempre vem para ofender e sim para criar reflexões de a vida como passagem não precisa ser sempre tão séria. Afinal, o melhor remédio ainda é rir para não chorar.
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