Um dos filmes mais esperados, enfim, chegou aos cinemas. Acredito que depois de Batman - O Cavaleiro das Trevas e O Procurado era o que mais me chamou atenção depois do tenso trailer. Me arrepiava só de pensar o que me aguardava. Mesmo sem ter lido o livro que dizem ser fantástico e vencedor de inúmeros prêmios. Mas o filme eu não podia perder por nada nesse mundo.
O diretor Fernando Meirelles enche os olhos quando cria e inova em tomadas abusando de reflexos, luz e ângulos que guiam a história e nos faz sentir a aflição de cada personagem na situação de cegueira branca. O livro, parece ser mais forte e consegue forçar nossa imaginação pra algo bem pior e obviamente mais próxima a terrível realidade.Não que o filme não choque com o caos, mas o branco dá uma leveza em algumas cenas.
Na trama, uma misteriosa epidemia começa deixar a população cega. Uma cegueira diferente, da qual, os personagens tem apenas uma visão branca do mundo. Então eles ficam confinados em ambientes longe da sociedade. Lá, tratados como um lixo, é uma metáfora do que a sociedade realmente faz com os diferentes, deficientes, pobres e doentes. Excluem do mundo real. No filme, são esses cegos os rejeitados, eliminados da vida normal. Cedo ou tarde eles vão explodir. José Saramgo deixa esse tipo de interpretação em meio a muitas outras visões: será que essa cegueira não é apenas o que realmente acontece? Nós não enxergamos apenas o que queremos?
Julianne Moore - excepcional no filme, e que há muito tempo merece ganhar um Oscar - é quem veste o fardo mais pesado na história. Ela é a única ali que "continua" a enxergar. Ela mentiu para acompanhar o marido, interpretado por Mark Ruffalo, até essas zonas. O resto do elenco também é de primeira. Alice Braga, Danny Glover, Gael Garcia Bernal, os atores orientais e até a ponta da atriz de Grey's Anatomy, Sandra Oh, é de primeira.
O ritmo do filme fez alguns críticos não gostarem do filme, talvez esperassem algo mais claro, de entendimento fácil. Mas tudo ali são metáforas. Dizer que aquela cena que mostra o estupro coletivo não é um impacto aos seus olhos, não questiona nada, é extrema falta de percepção. O papel da mulher na sociedade é questionado ali. E quando tudo parece perdido, deteriorado, sem alguma esperança. Escuridão. A parte mais cega do filme. Ninguém na platéia mais pode ver. Uma cena que me provocou total comoção.
Ensaio Sobre a Cegueira é de extrema qualidade técnica e de roteiro. Adaptação que pelos comentários consegue ser de perfeita coerência. Fernando Meirelles, brasileiro, já é um diretor que ganhou minha satisfação com produções como Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel e agora essa obra de arte. Que venha ainda mais respeito internacional por parte desse grande diretor. [Nota: 10]
Nossa, o livro é fantastico, e pelo o que vc escreveu o filme tb.Não vejo a hora de assistir tb.
ResponderExcluirBjs