Anos atrás, li uma crítica em um grande portal brasileiro sobre a moda dos filmes de super heróis que estavam ancorando uma onda de super produções do gênero. Dizia que desde o mega sucesso de Homem-Aranha em 2002, abriu a porta para outros filmes que foram sucesso. Alguns ousados como os novos filmes do Batman, e já outros mais despretensiosos como os do Quarteto Fantástico. O texto citava Batman - O Cavaleiro das Trevas como o ápice máximo do movimento e que a partir dali viria o declínio da onda. Quando se vê um filme como Os Vingadores (The Avengers, 2012), percebe-se um equívoco nessa profetização.

Os Vingadores segue o fluxo natural do estilo já trabalhado em outros filmes do estúdio. Junta ação com humor, colocando a história e alguma complexidade dos protagonistas em um plano mais abaixo. Preocupa-se em ser fiel aos quadrinhos para agradar os fãs (os outros estúdios demoraram para pensar nisso e vieram pérolas como Mulher-Gato e Elektra), mas também serve como um bom divertimento para os leigos. Então assistir ao filme é concretizar o que se era esperado - porém em proporções ainda maiores.
Deixando a história um pouco de lado - o mote da união tem início quando o vilão Loki (Tom Hiddleston) deseja um artefato poderoso para assim conquistar a terra junto com a raça alienígena Chiaturi - o longa se prende em mostrar a relação destes heróis, Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo) e Viúva Negra (Scarlett Johansson), que são tão diferentes, mas possuem dramas em comum. O fato de cada um ter um super poder, uns mais fortes e outros mais fracos são postos à prova quando precisam unir forças porque carregam essa responsabilidade única. Como numa espécie de fetiche, vê-se confrontos épicos entre eles mesmo, num duelo de ego e força. Outros mais aterrorizantes como uma cena do Banner se transformando em Hulk e perseguindo a Viúva Negra.

Este ano ainda tem a estreia da última parte de Batman, nas mãos do ótimo Christopher Nolan. E o ciclo se fecha, mas mostra que anos depois do sombrio Cavaleiro das Trevas, o gênero de heróis não parece dar sinais de queda, e sim vai aos poucos se firmando como uma verdadeira vertente na indústria do entretenimento. Oferecendo boas atuações, um roteiro agradável e, principalmente, alguma complexidade necessária de suas personalidades e o contexto histórico, que muitas vezes, reflete na própria sociedade em que vivemos (preconceito, guerra, patriotismo, pessimismo quanto o futuro, união). Poderia ser mais complexo e melhor desenvolvido, claro, mas aí não seria Hollywood e sua pirotecnia em 3D.
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