O cinema de ficção científica, desde seus primórdios, sempre trouxe além de um bom entretenimento, um contexto subjetivo articulando reflexões, críticas e acima de tudo um vislumbre de sociedades diferentes das nossas. Em "Argo", o filme de mentira que dá nome ao novo filme de Ben Affleck, traz uma história que claramente serve como plano de fundo da realidade que é contada na história principal - esta, baseada em fatos reais. Troca-se o mundo paralelo e se insere um Irã caótico que passa por golpe de estado e o fundamentalismo religioso.

Depois de duas experiências bem sucedidas na direção, Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007) e Atração Perigosa (The Town, 2010), Affleck se vê novamente liderando um ótimo roteiro, uma trama bem elaborada, razoavelmente bem dirigida - não há grande ousadia em seu estilo -, e até atuando em bom tom. Aproveita a situação real para homenagear o velho cinema e o estilo de uma época, principalmente nas cenas que servem como alívio cômico da história com Alan Arkin e John Goodman - um como um veterano produtor e o outro é nada mais que o mestre de maquiagem em Hollywood, John Chambers, respectivamente.

Começa contando a história do Irã de forma estilizada, original e termina com imagens de brinquedos de personagens de Star Wars e cia, finalizando com uma storyboard de "Argo", a embarcação da mitologia grega que foi criada por Atenas para libertar Jasão. Nada melhor do que intercalar a realidade dura da falta de liberdade de uma região como o Irã naqueles tempos, fazendo paralelo o lado da ficção científica e suas variadas histórias de reinos em mundos corrompidos e a população presa em ditaduras e guerras. E por sinal, histórias paralelas muito bem contadas nesse bom filme.
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