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setembro 05, 2011

Relacionamentos são o foco da (lenta) terceira temporada de 'Nurse Jackie'

Temporada preparou terreno para algo muito maior


Depois do explosivo final da segunda temporada, Nurse Jackie, perdeu o frenético ritmo e apostou no que pode ser considerado "embromação" por parte dos roteristas. A sensação é que querem construir um seriado consistente com várias temporadas e, assim, adiou qualquer emoção mais forte no momento. Pra começar tivemos uma primeira temporada genial, que mesmo sem um final grandioso, o seriado ganhou sua audiência e a aprovação da crítica. A segunda temporada cresceu, intensificou sua exploração na mente viciada da personagem, mas que ao mesmo tempo tem um grande coração. Em seu final, Jackie é encurralada pelo marido e pela amiga que descobrem seu vício. O grande gancho então, se perde quando favorecem Jackie e suas mentiras, apenas botando lenha na relação da enfermeira com o marido e a amiga nesta terceira temporada. Agora um novo gancho promete uma temporada mais movimentada, basta eles escolherem trabalharem isso. Jackie foi desafiada como necessitava ser, mas isso demorou demais.

Era óbvio que não veríamos a protagonista enfrentando uma clínica de reabilitação. Ela nem quer se tratar. Sabe que é uma peça importante em um hospital burocrático e com problemas, tem um senso de justiça cativante e ainda por cima se esforça para ser uma boa mãe. O saldo disso vem com seu abuso em medicamentos - afinal tudo tem o seu preço. Entretanto, ela ficou diante de novos problemas. Seja na família, já que sua relação com o marido ficou complicada, com ele tentando controlá-la e ela devendo cada vez mais satisfação; a relação com a melhor amiga que se sentiu traída quando Jackie dizia se tratar da dor causada por um problema nas costas utilizando o raio x de um outro paciente; e sua filha que possui problemas psiquiátricos dignos de assombrar qualquer pai. Durante a temporada outros apareceram, como a morte acidental de seu traficante principal e a chegada de um enfermeiro que por antipatia começa a desconfiar do seu vício.

Mas Nurse Jackie começa a sofrer do mesmo mal que tem feito outra série - da mesma emissora por sinal - cair no exagero: Dexter. Cheguei traçar um paralelo entre as séries, mais Mad Men, que possuem protagonistas com segredos obscuros e buscam formas de esconder isso de qualquer jeito, porém a história de Don Draper é tão bem contada, ele por si só já é tão inatingível, que o seriado de época se saiu bem. Já Dexter agora é um seriado caricato, forçado e exagerado. Nurse Jackie caminha para o mesmo sentido. Lembrando que Breaking Bad se encaixaria aqui entre essas, mas sabemos que o seriado já tomou rumos bem melhores que essas três.

Primeiro que todos esses problemas acabaram e deram a chance de Jackie se sair bem. Algumas palavrinhas aqui e ali e seu marido voltou a ficar de bem com a esposa; Drª O'Hara quer ajudar a amiga passando remédios na intenção de livrá-la do vício (mas foi tão tarde que não vimos isso começar); Kelly, o novo enfermeiro, se revela um viciado, mesmo tendo conquistado todos do hospital - ele também forçou uma investigação entre os enfermeiros com direito a teste de urina, mas sua chefe, Gloria, com medo de perder uma grande líder no hospital jogou o exame de Jackie fora; o traficante morreu, encerrando qualquer drama relacionado a descoberta da relação deles; sua filha começou a tomar remédios controlados, que apesar de criar novos dilemas à Jackie, no fim nada se levou adiante. Até a dica de um paciente ajudou ela em controlar sua abstinência forçada: adrenalina.

Mas nada como um final de temporada para jogar uma bomba ainda maior: Kevin, seu marido, a traiu. E por impulso ela pediu para ele fazer as malas. Será que na próxima temporada essa reviravolta vai dar um novo destino ao drama? - Vale lembrar que isso também foi uma forma de livrar Jackie, quanto à sua traição com Eddie (algo que ainda os dois temiam serem descobertos por ele), deixando o marido no mesmo nível dela.

A temporada decepcionou na resolução desses problemas para a enfermeira, mas beneficiou os coadjuvantes. O hilário Dr. Cooper teve que enfrentar o divórcios das suas mães e ainda o fiasco de um casamento que colocou seu ego em mals lençóis; a Drª O'Hara teve o seu momento ao discutir com a amiga e jogar todas as verdades em sua cara - foi lindo de se ver; Zoey rouba a cena com seu jeitinho infantil e alegre de levar o trabalho e seu namoro com Lennie; Thor também conseguiu chamar atenção em alguns episódios, assim como a durona, porém divertida, Gloria, sempre pondo os interesses do hospital na frente das reais necessidades. Todos eles brilharam e conseguiram segurar alguma vontade de continuar seguir a jornada de Jackie. Uma pena, Eddie Falco é brilhante e faz da enfermeira uma das personalidades mais incríveis da TV.