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setembro 30, 2011

Série 'The Killing' é excepcional

Seriado conta de forma sedutora uma trama banalizada no gênero policial


Estreou no Brasil, na última segunda feira pelo A&E, a série The Killing, exibida originalmente pela AMC nos Estados Unidos, emissora de séries como Mad Men, Breaking Bad e The Walking Dead. O gênero é policial, com um grande mistério à ser resolvido, mas no meio disso o lado pessoal dos protagonistas é explorado e de alguma forma faz parte do jogo de quebra-cabeças. Mas esqueça a resolução à la Scooby Doo banalizada em seriados como CIS e outras dezenas, em The Killing o ritmo diminui, a tensão aumenta e a trama é ainda mais complexa.

Baseado na série dinamarquesa Forbrydelsen, a trama é transposta para uma Seattle sombria, sempre nublada, da qual, aumenta a sensação de confusão e obscuridade. No centro da história está a morte da jovem Rosie Larsen, encontrada em um lago e com sinais de tortura espalhados pelo corpo. Ao redor do ocorrido estão: Sarah Linden (Mireille Enos, indicada ao Emmy deste ano por sua atuação), a verdadeira protagonista que tem o dilema de encerrar sua carreira de investigadora na unidade da cidade e viver em um outro lugar com sua família ou desvendar este caso intrigante; os pais da jovem Mitch Larsen (Michelle Forbes) e Stanley Larsen (Brent Sexton), em que o drama da perda é explorado, o que faz o seriado ficar completo, com uma alma; Stephen Holder (Joel Kinnaman) parceiro detetive de Sarah que tem seus próprios métodos de correr atrás de pistas e descobrir suspeitos; e o gabinete político de Darren Richmond (Billy Campbell) que concorre à prefeitura e acaba tendo alguma ligação com o ocorrido.

Esses três parâmetros, polícia - família - política, são fundamentais para manter The Killing interessante, inserindo um clima conspiratório ao misturar política com a investigação. É a mesma característica que faz The Good Wife se sobressair como série de advogados na tv aberta e deixa tramas de época como Game of Thrones, Boardwalk Empire e The Borgias tão complexas e dinâmicas na tv a cabo. O ingrediente é certeiro e sempre guarda boas surpresas e reviravoltas.

Mas engana-se quem espera que a série de investigação policial é agitada. Contada de forma lenta, dando destaque a pausa em detalhes do ocorrido, suas consequências nos personagens ao redor e no drama, The Killing é eficiente em trazer a atmosfera noir, que fez grandes clássicos no cinema na década de 70. A sensação cinematográfica não está somente na estética, mas também incorporada nos personagens seguros e que se comportam como peças de jogo de tabuleiros sedentos por espaço. Até mesmo Mireille Enos que é baixinha e delicada não esconde sua obsessão em descobrir a verdade, até mesmo no começo antes da descoberta do corpo quando nada se tinha provado.

Uma pedida para os fãs do gênero, mas que procuram algo mais cru e melhor elaborado, e não apenas uma hora e dois casos de uma só vez, sem explorar personagens e o contexto. Cada episódio de The Killing representa um dia na investigação do mesmo caso, o que dá tempo para saborear o roteiro inteligente, imprevisível e viciante - características que o faz um dos melhores dramas do ano. Vale a pena.

Trailer:




The Killing é exibida no canal A&E (Sky, Net e TVA) todas às segundas, às 23 horas.