Muito se tem noticiado o fracasso do filme Lanterna Verde (Green Lantern, 2011) nos cinemas norte-americanos e até mesmo no mercado internacional (arrecadou até o momento cerca de US$ 6 milhões além do valor de US$ 200 milhões, o mesmo que seu custo, no total). A produção ainda acumulou críticas negativas e reprovação por parte dos fãs. Com as expectativas bem baixas, ao ver o filme pode-se perceber uma coisa: é exatamente ao superestimar o longa que o fizeram dele decepcionante para a alta temporada de blockbusters, da qual, a concorrência (Marvel) não pegou leve, lançando dois filmes do mesmo gênero: Thor e Capitão América. Porém, Lanterna Verde funciona tão bem como eles, e sofre exatamente o mal de ser menos popular, o que causava preocupação para a Warner, o estúdio responsável pelo filme, e outras debandadas dos responsáveis em promover o produto.
Com a saturação dos filmes de heróis, e os problemas já citados, Lanterna Verde se saiu mal, porém é um filme que ainda vale o ingresso comprado, principalmente se for em 3D. Mas é necessário se entregar para o entretenimento fácil, sem pensar em esperar semelhanças com o outro companheiro do mesmo estúdio, Batman - O Cavaleiro das Trevas (ambos da editora DC Comics). A tentativa de se igualar as produções voltadas à família, poderia ser uma boa escolha, porém, não quando a fórmula está esgotada.
O filme narra a história do jovem irresponsável e imaturo Hal Jordan (Ryan Reynolds) que foi escolhido com muito cuidado para se tornar um dos Lanternas Verdes, uma tropa que jurou manter a ordem no Universo, policiando galáxias. Parece complicado, mas o roteiro explica tudo sem enrolação, apenas distribuindo pelo longa. Serve como paralelo os dramas do personagem, seja em carregar o fardo de seu pai que morreu e virou uma lenda na aviação e o interesse amoroso (Blake Lively) que cobra responsabilidade da parte dele. Os dilemas de se tornar um herói e ser destemido, apoiado na força de vontade, principal traço da tropa e de onde vem a energia necessária para seus poderes - um elemento de cor verde - estão lá, se fundamentando na insegurança humana para dar uma lição de honestidade aos seres dos outros planetas que fazem parte do grupo.
Um dos pontos positivos de Lanterna Verde estão exatamente em explorar outros mundos, mostrar alienígenas, e como é a vida dentro da nossa galáxia. Os efeitos especiais não deixam à desejar, porém, muito do que é mostrado, foi liberado nos trailers que faziam parte do marketing equivocado do longa. Os vilões se dividem entre o temido Parallax e um cientista que acaba contaminado por ele (Peter Sarsgaard). Mesmo que interessante, a transformação do humano em vilão é cercado de clichês como o fato dele ser constantemente magoado pelo pai ou por amar a mocinha do filme e não ser correspondido. O monstruoso Parallax até empolga e impressiona, fazendo do clímax no meio do espaço um grande espetáculo visual.
A Marvel foi esperta em unir todos seus heróis e preparar o público para o ponto alto da empresa que será Os Vingadores. Dessa forma ela fideliza o público, guardando surpresas e sempre citando seu universo em filmes diferentes. O erro provável de Lanterna Verde talvez venha do estúdio que não se preparou como devia para lançar o filme de um personagem que mesmo interessante e divertido, é impopular e pode causar na plateia um desconforto por não ser um herói tão convencional. Deixou a história rasa e enxuta demais, com medo da complexidade que até seria bem vinda. Afinal, mais do que um filme de super herói, Lanterna Verde serveria como uma excitante ficção científica e de fantasia, que poderia ser comparado com Avatar, se tivesse sido mais ousado não nos caros efeitos especiais, mas sim numa história que realmente tocasse na profundidade dos sentimentos humanos de forma abrangente e sem medo. Pois, é difícil engolir a arrogância mal explicada de Jordan, ainda mais guiado pelo apenas regular Ryan Reynolds. É torcer por uma continuação melhor - se existir, é claro.