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junho 10, 2013

Crítica: A temporada sangrenta e irregular de 'Game of Thrones'

Reviravolta no penúltimo episódio salva a série do limbo


Nada como um massacre para sacudir o tabuleiro da série Game Of Thrones que finalizou sua terceira temporada nesse domingo (09) em transmissão simultânea com os Estados Unidos pela HBO Brasil (que merece todos os elogios possíveis). Se a jornada da guerra entre os sete reinos andava monótona, a "morte" de dois personagens principais sacudiu a trama que gerou comentários desesperados dos fãs pelas redes sociais e rodinhas de conversa - principalmente dos que não acompanham a trama pelos livros (que dizem traçar caminhos cada vez mais diferentes, não só quanto caracterizações, mas no caminho que alguns personagens estão seguindo). Sob orientação do autor dos livros, George R. R. Martin, a terceira temporada adaptou cerca de 2/3 do terceiro livro da saga As Crônicas de Gele e Fogo: A Tormenta das Espadas.

Porém, a impressão de vislumbre após o fim de cada episódio, passa para um certo descontentamento. Com apenas 10 episódios, o seriado continua sofrendo de coerência em relação à jornada de alguns personagens. São diversos núcleos em constante movimentação que confundem a cabeça de qualquer um, já que a maioria das histórias ganham pouco mais de cinco minutos por episódio. Sem tempo pra explicar demais, o seriado então tenta focar nos mais poderosos - o que faz alguns perder qualquer sentido, deixando como esperança para no futuro a importância deles fazer algum sentido. Com o psicopata Joffrey Lannister (Jack Gleeson) no poder, o destaque da família ficou para o casamento de Sansa Stark (Sophie Turner) com Tyrion (Peter Dinklage), o que gerou uma onda de piadas. Foi a temporada que mais se aprofundou nesse clã. A dinâmica entre os filhos Tyron e Cersei (Lena Headey) com o pai (Charles Dance); dilemas entre os irmãos - o último episódio guardou um lindo diálogo sobre o que pra eles significava a felicidade e a importância das responsabilidades; e ainda a futura rainha Margaery Tyrell (Natalie Dormer) que roubou a cena com sua avó Lady Olenna Tyrell (Diana Rigg). É cedo dizer, mas os dias deles no Reino de Ferro me parecem estarem contados.

Os Starks que passaram mais uma temporada longe um dos outros, tiveram um dos finais mais tristes. Apesar de um choro contido de Sansa ao saber da notícia da morte de seu irmão Robb (Richard Madden), e sua mãe, Lady Catelyn Stark (Michelle Fairley), os personagens se por algum motivo não voltarem à vida - a temporada deu bastante foco nos poderes de ressurreição pelo Senhor da Luz - vão fazer falta. Mesmo que ambos tenham passado a temporada discutindo, e Robb chegou a pedir a prisão de sua mãe, eles foram vítimas de uma traição dolorosa e desumana. Arya (Maisie Williams) - que só falta passear pelo Leste, já que andou a metade do mundo - e Jon Snow (Kit Harignton) são agora o centro dos Starks, que como os dragões da série, vão ter de crescer um pouco para ganharem mais relevância.

Falando em dragões, eles são a principal arma que a princesa Daenerys (Emilia Clarke) tem usado para libertar povos e mais povos rumo à conquista do trono de ferro. Abusando de seu senso de justiça, a jovem não só tem ganhado a confiança de vários povos importantes, como tem sido clamada a mãe deles (quer algo mais forte e que remete à uma fidelidade incondicional que isso?). Foram momentos gratificantes, como sua inteligência ao libertar escravos e o povo de dois tiranos diferentes. O final mostra bem o que já era perceptível, enquanto os outros reinos estão em ruínas, com exceção dos que estão no poder, Daenerys tem uma rede ainda mais forte de apoio, além, claro dos seus filhos dragões. Curioso no último episódio que fora citado como seu ancestral havia tomado o reino com ajuda de dragões, o que só fez fortalecer a impressão que a moça vai longe.

Quem citou isso, foi o núcleo do Lorde Stannis Baratheon (Stephen Dillane) e sua fiel conselheira  Melisandre (Carice van Houten), que tiveram o antigo aliado Davos Seaworth (Liam Cunningham) fazendo o papel de questionador sobre o Lorde está com uma feiticeira ao seu favor e a ética desse meio controverso de chegar ao poder. Esta tem feito sua recorrente feitiçaria no intuito de matar importantes líderes - que por um acaso tinha Robb no meio. É esperar pra ver se a macumba pega no Joffrey também. Essa trama, sempre sexual e imprevisível terminou com a fala de Melisandre deixando claro o foco que o seriado deve explorar nos próximos capítulos: o povo morto vivo do norte que vai causar muitos problemas em breve, e não interessa a guerra entre os reinos.

Game of Thrones finalizou uma temporada estável, que perdeu o ritmo após um outro evento chocante - a mutilação de Jaime Lannister (Nikolaj Coster) enquanto refém -, mas conseguiu se recuperar com o impactante penúltimo episódio. É claro que todo o sucesso do seriado é graças a imaginação de seu criador, e não basicamente do que é visto na série - digo, o seriado por si só, não consegue se sustentar. Mortes e reviravoltas sempre dão um gás extra na trama rebuscada e complexa, mas a adaptação para a TV por vezes deixa à desejar - daí entra a importante parte técnica pra explorar os cenários da mitologia, como a marcante sequência em que mostra Jon Snow e a namoradinha em cima da grande muralha de gelo. Infelizmente, é complicado a compreensão total do seriado, que talvez se fosse ainda mais remodelado para a televisão, viria melhor a calhar dando maior profundidade aos personagens, em sua maioria, superficial. Mas isso não importa, o que todos querem saber, é como isso tudo vai terminar.

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