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junho 27, 2013

Crítica: apesar de forçada, estreia de 'Scandal' prende a atenção

Seriado da criadora de Grey's Anatomy tem ritmo, mas sofre o mesmo mal da série médica


Em Grey's Anatomy, a rotina em um grande hospital se mistura com os problemas pessoais de médicos e pacientes. A vida dos protagonistas é mostrada trançando analogias com o que aparece naquele lugar. Mortes, amores, nascimentos, brigas, ética... Tudo é condensado para ganhar destaque individuais ou generalizados, com os eventos que tocam vários ao mesmo tempo - os acidentes mortais que são praxe. Seguindo essa lógica, o seriado é um sucesso absoluto, chegando agora à sua 10ª temporada, fazendo a criadora Shonda Rhimes ganhar ainda mais prestígio na ABC, emissora, da qual, o seriado é exibido. Não foi difícil para Scandal ser a próxima grande menina dos olhos da emissora, após alguns outros seriados feitos por ela sem grande repercussão.

No primeiro episódio, exibido pelo canal Sony na última segunda (24), Scandal une o que consagrou Grey's Anatomy. O bom equilíbrio entre o drama dos clientes e os protagonistas são o grande destaque, sendo que o caso do dia consegue ser tão interessante quanto. A estreia foi concentrada em mostrar a entrada de Quinn Perkins (Katie Lowes), uma advogada, para a equipe de relações públicas comandada pela famosa no meio Olivia Pope (Kerry Washington) e Stephen Finch (Henry Ian Cusick) - o Desmond de Lost. A partir daí ela já é inserida em um caso, que consiste em um assassinato que tem como acusado um herói de guerra. Ele se torna cliente deles, que precisam correr contra o tempo para provar sua inocência. Em outra vertente, é mostrado a relação de Olivia com o fato que lhe tornou famosa: ela trabalhou para o atual presidente dos EUA, Fitzgerald "Fitz" Grant (Tony Goldwyn), além de manter um relacionamento amoroso conturbado com ele - sendo esse o arco que se desdobrará pela temporada.

Um dos aspectos que fazem dos texto de Rhimes interessantes, é tocar em temas polêmicos, que apesar do contexto atual, na TV ainda são tabus. Nesse episódio o cliente foi um herói de guerra que tinha como drama ser acusada pelo homicídio da namorada ou se declarar publicamente gay (fazia parte do seu álibi). Grey's Anatomy é conhecida por esse viés liberal de intercalar diversos casos que vão desde o preconceito étnico, a homossexualidade (transsexuais, lésbicas, militares amantes, idosos gays), entre outros. Todos eles acabam muitas vezes de maneira feliz, como é de praxe nos programas da casa. Shonda não esconde seu posicionamento político democrata ao enfatizar que o soldado é republicano, então por isso o faz hipócrita. Apesar de ser uma ideia estática - existem alas dentro do partido republicano, como os libertários que é a favor de total liberdade individual -, ainda assim serve para marcar ainda mais o posicionamento da emissora com as minorias e simpatizantes que devem representar boa parte de sua audiência.


Esse é um dos deslizes dentre outros na séries, como o ritmo que é um tanto rápido, porém, seja comum para pilotos de seriados da rede aberta. Desse fato, outros acabam sendo comuns como a série médica mesmo sofre. Falta tempo para se aprofundar nos personagens e seus dramas e sobra tempo para explicações e explicações. De forma didática, o seriado tentou explicar qual é a função da firma, que ela não é uma equipe de advocacia e quer apenas provar a inocência de seus cliente, como um bom gerenciador de crises. Mas ainda assim, a explicação não colou. Como os clientes são aceitos na base da intuição, provavelmente a ética do grupo será posta à prova recorrentemente. O que lembra The Good Wife, mas que vai aos tribunais o tempo todo com as artimanhas do Direito. Fica bem claro que essa foi a fonte que Shonda bebeu sem culpa. Scandal promete intercalar política, vida pessoal e casos policiais, tão bem como o seriado de Direito da concorrente faz muito bem. No entanto, essa nova série deseja ser  mais dramática que The Good Wife - se isso for possível. Na sua terceira temporada nos EUA, é aguardar pra saber se o sucesso por lá vai se justificar, no primeiro momento se trata de uma série boa e só, um tanto inverossímil (presidente dos EUA de rolo com a protagonista é no mínimo forçado, antes um governador ou promotor), mas que tem potencial pra ir longe, talvez não tão longe como a série da Drª Grey.

Um comentário:

  1. Acho que seria interessante vc fazer um texto sobre o fim da 1ª temporada e inicio da 2ª, o que acha?

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