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agosto 30, 2011

'Capitão América: O Primeiro Vingador' funciona de forma despretensiosa

Filme não se aprofunda em algumas questões, mas se sobressai como diversão


A Marvel (como estúdio) teve um ano de grandes lançamentos, mas que não chegam nem perto do que virá a seguir. As estreias bem sucedidos de duas possíveis franquias foram de sucesso relativo - já que se tratavam de títulos menos populares da cultura dos quadrinhos - e, ainda por cima, ficaram acima da média quanto a satisfação dos fãs - importante fato para qualquer adaptação nesse sentido. Mais do que simplesmente adaptar a origem dos heróis, Homem de Ferro, Thor e Capitão América, a empresa ousou em dar passos longos dentro desses filmes e inserir a mitologia de Os Vingadores, que reúne os principais heróis da editora. Não é a toa que Capitão América ganhou o subtítulo de O Primeiro Vingador.

Além do temor do herói não ser tão popular assim e causar o desinteresse do público, o patriotismo do personagem - não apenas em suas roupas, pois defende sua bandeira além das cores - podia ser motivo para causar uma recepção fria em certos países. Mas o que se viu, foi um público com vontade de conhecer melhor a história do soldado que foi criado para, literalmente, chutar o traseiro de Hitler. E Capitão América: O Primeiro Vingador não é um filme excepcional, do mesmo jeito que Thor - ambos possuem características distintas e outras questões levantadas, mas no fim seguem a fórmula de sucesso de Homem de Ferro que mescla ação, um roteiro consistente e sem grandes aprofundamentos, escolhendo a tarefa de entreter.

O longa se passa no período pós ascensão do nazismo e durante a Segunda Guerra Mundial. Momento em que o American Way Life era pregado como principal razão contra os nazistas, e os Estados Unidos emergiam como líderes mundiais. Mas a maior nação do mundo, não escolhia qualquer um como soldado nessa luta, o que não era nada bom para o obstinado, porém franzino, Steve Rogers (Chris Evans, acima da média), que forjava informações, para tentar um lugar no exército em diferentes cidades que estavam recrutando. Sua sorte vem com a atenção do Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci), que percebe características não de um soldado qualquer, forte e guerreiro, mas de um homem com um coração bom, com uma veia heróica. Mas, o jovem só será aceito mesmo se participar o programa de super soldado, da qual, o governo desejava montar modificando o porte físico deles com base em experiências do próprio Dr Abraham. Entretanto, depois da transformação de Steve, a fórmula se perde, com a infiltração de espiões, que numa perseguição perdem a fórmula, antes matando o doutor - único conhecedor dos ingredientes.

Com o super soldado sozinho, o governo acaba utilizando Steve como símbolo patriótico de luta contra os nazistas, e assim ajudando a financiar a entrada do país na grande guerra. Porém, no primeiro ato ele funcionava mais como uma ferramenta promocional, fundamentada na indústria do entretenimento e assim perdia o respeito com o exército. Uma das boas questões do filme entram aí, lembrando os bons dilemas meio como Homem Aranha se deixando à levar pelo show business, ou a crise existencialista que todo herói acaba passando. Mas com seu amigo, que estava servindo ao exército e acabou sendo seqüestrado pelo vilão Caveira Vermelha (Hugo Weaving) para transformá-lo em um aliado do mal, Steve consegue num ato heróico e de bravura, salvar um batalhão inteiro, ganhando o respeito que desejava.


A mão do diretor Joe Johnston para a adaptação dos quadrinhos criados por Joe Simon e Jack Kirby em 1941, acerta em cheio na condução da história e nos efeitos especiais. Existe um equilíbrio entre ação e história que geralmente é raro nesse estilo de cinemão. Até mesmo a relação com personagens como o Dr. Abraham Erskine e General Chester Phillips (Tommy Lee Jones) são naturalmente excelentes, que ficaram melhores que o núcleo do interesse amoroso de Steve, fazendo par com a interessante Peggy Carter (Hayley Atwell), mas que toma rumos previsíveis - mais um filme que se perde nesse sentido, caindo na caricatura e clichê. Infelizmente, o lado da vilania também ficou mal trabalhado, no caso o Caveira Vermelha e a Hidra, dissidência tecnológica dos nazistas, formada por um gigantesco exército. O clímax da luta final é decepcionante, que mostra mais a vontade do roteiro correr para inserir o Capitão América nos dias atuais e apresentá-lo aos Vingadores, que qualquer outra coisa - é como se falassem: mais aprofundamento, que venha numa continuação.

Resta esperar para que o teaser revelado após os créditos, da qual, apresenta as primeiras cenas do longa que reunirá os principais herói do Universo Marvel, aproveite bem os espaços utilizados nesses filmes que conta a origem dos heróis e que faça justiça ao que todos aguardam. Até lá, o heróis da editora seguem triunfantes na missão, mesmo dividido em estúdios rivais, como a FOX que é dona dos X-Mens ou a Sony de Homem Aranha, criando filmes bons relativos ao grau de importância dos personagens, contra a DC Comics que se mantém mais com Batman e viu sua grande aposta, Lanterna Verde afundar nas críticas e nas bilheterias. Mais um ponto para a Marvel!