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agosto 22, 2011

'Falling Skies' termina primeira temporada sem empolgar, mesmo com final enigmático

Seriado com produção de Steven Spielberg aglomera clichês com estética atraente, mas insuficiente


Depois de um primeiro episódio decepcionante, felizmente Falling Skies até conseguiu segurar momentos de suspense, mas no fim, foi uma grande decepção. Mas a intenção era essa. Fazer uma série de compreensão fácil, apelando para personagens estereotipados, otimistas ao extremo e pouco verossímeis - abusando de frases de efeito -, e o roteiro se apoiando no período da colonização dos Estados Unidos como plano de fundo para fazer um paralelo frágil. Nada como assistir momentos de esperança na TV num momento obscuro do país desgraçado numa crise.


Critiquei a estética do seriado que havia deixado à desejar, mas o seriado conseguiu evoluir nesse quesito. O design dos robôs gigantes e até mesmo os humanos transformados em "aranha alien", foram bem construídos, mas o que impressionou mesmo foram os verdadeiros seres que desejam conquistar o Planeta. Segue uma estética que o produtor Spielberg até trabalhou em filme como Contatos Imediatos do Terceiro Grau e AI - Inteligência Artificial, com membros superiores e inferiores alongados e a altura imponente, passando a ideia de evoluídos. Pior ficaram os humanos, que tanto o vestuário quanto a maquiagem estavam sempre impecáveis num momento como esse - de sujo mesmo só o protagonista interpretado por Noah Wyle.

O roteiro pouco surpreendeu. Incluiu a história de humanos trabalhando como zumbis para os invasores, inclusive o filho do protagonista acabou sendo o grande centro das atenções. Esse lado foi bem conduzido e se tornando o grande gancho para a já anunciada segunda temporada. O jovem que começa a gradativamente parecer com o transmorfo alien, sofreu preconceito, teve seus dilemas e acabou mexendo com os sentimentos do pai que optou dialogar com os aliens para salvá-lo. Por outro lado, pouco se evoluiu as questões de militares x civis, a religião ganhou algum destaque a mais, só que não muito diferente do que foi visto no primeiro episódio e excesso de otimismo e esperança coagiram qualquer debate sensato sobre o que realmente se deve levar da civilização num momento como esses. E a ação presente em alguns episódios desandou nos últimos episódios apagando qualquer chama de um aguardado clímax explosivo.

Obviamente, ainda não revelaram o que está por trás da invasão e muito menos o que está ocorrendo no resto do mundo. Bobagem. Poderiam ter construído bons momentos de suspense, um dos grandes trunfos de Lost, quando, aos poucos, ia revelando o mistério da ilha. No lugar de explorar melhor esse lado da invasão, focaram tempo demais dentro daquele espaço, dando voltas e voltas no percurso do grupo de sobreviventes e no fim acabaram no mesmo lugar. Sério mesmo que os aliens antes de invadirem a Terra, não foram no Google saber que os militares tinham até bomba atômica e que isso não seria uma pista de que se possível os humanos não iriam entregar tão facilmente o Planeta?

Difícil saber se o seriado terá um futuro promissor se continuar sem sair do lugar comum e ousar um pouco mais, mesmo com um final apresentando um bom e enigmático gancho. A nova temporada de série de The Walking Dead, o produto mais semelhante com esta, só que muito melhor está chegando, e dependendo do que mostrar pode afundar essa insossa série de invasão. É aguardar e saber se até o ano que vem, alguém se lembrará dessa decepcionante e pouco ágil trama.