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setembro 02, 2012

Campanha da Barneys esquenta mundo fashion

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela falta de atualizações da minha parte. Desde que minhas "férias" acabaram, meu tempo conseguiu ficar ainda mais escasso em relação à postagens. Só consegui fazer as postagens do SPFW atrasadíssimo e desde então nada.

Conversei com o Ivan sobre isso, está tudo ok, mas gostaria de deixar claro com os leitores também. Além do pouco tempo para as postagens, estou com vontade de mudar um pouco as postagens, tentando deixar as postagens da minha coluna um pouco mais próximo do proposto pelo Ivan com esse blog. Então hoje, vou aproveitar e tentar fazer isso, e sempre que eu conseguir encontrar algum material bacana nesse estilo, voltarei a postar aqui. :) Não se preocupem que os "especiais" sobre as semanas de moda ainda existirão!

Vamos ao assunto de nosso post! \o/

Recentemente, a grande loja Barneys New York divulgou as primeiras imagens de sua nova campanha para o fim de ano. A campanha que é em parceria com a The Walt Disney Co., foi batizada de Electric Holiday e mostra os clássicos personagens da Disney re-estilizados. Ou seria melhor dizer, re-criados e nem tão clássicos assim?

Minnie, Margarida e Pateta: Minnie foi "re-criada" para entrar nos "padrões".

A grande polêmica, na realidade, já é assunto velho no mundo fashion: Qual é o padrão de beleza ideal?

Basta olhar um pouquinho para o passado, ver quem tinha o tipo de corpo ideal para as décadas de 40, 50 e 60 e o choque com a atualidade é imenso: Marilyn Monroe e Bettie Page eram os corpos considerados ideais para a sua época, e atualmente, a indústria só aceita quem mostrar mais costelas nas fotos. (ok, exagerei um pouquinho, mas comparem uma foto de Marilyn no seu auge com a foto de alguma modelo atual e vocês entenderão o que eu quero dizer)

Mas por que tamanha discussão em torno de algo que parece óbvio? Particularmente, eu não sei. Assim que a moda começou a se desenvolver, o corpo feminino começou a ganhar formas, formas que antes eram ignoradas e proibidas (como ainda é em alguns países).

Enquanto o mundo fashion ainda insiste em mostrar modelos tamanho 0 vestindo roupas igualmente pequenas para um mundo onde o tamanho 0 é praticamente inatingível, muitas dessas mesmas modelos já admitiram que se cansaram de tentar ser algo que seu corpo não é (e nem nunca vai ser), e que agora escolheram ser saudáveis. O curioso disso é que a maioria das modelos que dizem isso, são as modelos mais requisitadas em editoriais e desfiles. Ainda contra a maré de divulgar e apoiar a imagem de algo que não existe, a revista Vogue brasileira lançou em junho a campanha Heath Initiave: uma campanha em prol de uma vida mais saudável, e se comprometeu que não iria mais mostrar modelos magérrimas em seus editoriais.

Atualmente, o que continua deixando a chama da discussão acesa são os valores morais que os editoriais, que as campanhas, que a publicidade querem passar para todos (não apenas a geração de agora). O que todos reclamam é  que as mães e os pais não querem que um desenho animado, que uma foto "bonita" diga aos seus filhos como eles devem ser. E é justamente por isso que essa campanha da Barneys está gerando tamanha discussão. Os pais, que cresceram com o Mickey Mouse, com a Minnie, o Pateta e o Pato Donalds não ficaram nada satisfeitos ao ver seus queridos personagens totalmente modificados com a desculpa de que "os personagens originais não se moldavam ao padrão da campanha." A ideia da campanha, de acordo com o direto criativo da Barneys, Dennis Freedman, era de transformar os personagens em modelos de passarela, e que ao decidirem o vídeo final da campanha, todos, incluindo o pessoal da Disney, concordaram que para fazer a campanha funcionar, a Minnie tinha que ter 1,80 metro.

O que mais me chama atenção nisso tudo, é que já houve coisas similares à isso e nada teve que ser "re-criado". Já teve editorial de moda com a Miss Piggy dos Muppets, já teve ensaio sensual da Marge dos Simpson, e também já teve Smurfete para outro editorial de moda. Em nenhuma dessas ocasiões, foi necessário modificar as formas originais dos personagens, então porque em sã consciência a Disney concordou em re-criar a Minnie no formato de um palito de dente com uma azeitona no topo? Graças à reação negativa dos americanos, a campanha corre o risco de ser cancelada.

Porém mais campanhas com a polemica serão feitas, mais imagens serão manipuladas e mais pessoas terão sua auto-estima destruída. Mais um exemplo de como as pessoas são levadas a não se acharem o suficiente, é a foto ao lado. Essa capa é da revista Vogue de Março deste ano, e tem estampada uma das mulheres mais bem sucedidas do mundo deste ano: a cantora Adele. A Adele que sempre foi gorda, desde que assinou um contrato com uma gravadora tem controlado seu peso, e chegou num peso bom para seu corpo no auge da sua carreira, e com isso ganhou a admiração de todas as mulheres (e homens também), magras ou não. Mas nessa capa, podemos conferir o estrago que a manipulação digital fez na cantora. Deixaram o rosto dela mais magro (quase deformando ela), e diminuíram a barriga dela, deixando seu corpo desproporcional.

Quem sofre "do mal do photoshop" não são apenas aquelas artistas que "não se encaixam no padrão", há muitos editoriais com modelos dentro do "padrão" que são photoshopadas para perderem mais peso ainda e para terem suas curvas ainda mais curvas, causando um mau estar até para essas modelos que depois vão se ver nas revistas.

Enfim, eu sou a favor de corrigir imperfeições de uma foto digitalmente, sou a favor de adicionar mais alguns elementos na foto a fim de melhorar-la, mas sou contra o uso abusivo do photoshop como é possível ver na capa da Vogue acima. Ainda mais porque isso deixa muito claro que determinada pessoa não é boa o suficiente, sendo que ninguém deveria poder julgar as pessoas dessa forma. Quem tem que se dizer "sou boa/bom o suficiente" é a própria pessoa e ninguém mais. E acredito que seja justamente por esta questão, que a polêmica nunca terminará.

E você? O que você acha disso tudo?