
Em um dos episódios, ela conhece as redes sociais como ferramenta de mudança. Junto do jornalista Jeff (Dermot Mulroney) entra em um mundo novo, em que conhece pessoas inspiradoras e corajosas. A questão é que qualquer tipo de ação traz consequências complicadas, até pessoais. Jeff, por exemplo, é divorciado e prefere viver solteiro porque não quer as limitações de um relacionamento. Amy que já havia ficado isolada no trabalho e na família, pelo seu modo explosivo, acabou se apaixonando. E dessa forma, se decepcionando. Se sentiu usada, perdida e se questionando sobre se o que estava fazendo era certo ou não. No elevador ela não viu a famosa tartaruga que virou seu símbolo de maior motivação e que captou da reabilitação no Havaí. Ela não sentiu realmente que fazia algo certo, e sim que fora usada. Tirou algum proveito da situação irremediável, para caçoar dos poderosos, mas ainda assim é como se estivesse na lama.


Se no fim, a catarse de Amy foi solitária, melancólica e sem um gosto de satisfação como ela almejava, mas ainda assim, ela segue adiante obstinada sobre ser uma agente da mudança, é porque ela entendeu e aprendeu em sua primeira missão sobre o fardo que é essa nova vida. São muitos interesses no meio, e as pessoas ao redor são complicadas de cofiar pois a maioria não entende genuinamente da importância dos feitos. Muitos vão julgá-la, pedirem distância, e, como se não bastasse, o triunfo é solitário e ligeiramente estranho, já que a causa só terá consequências positivas a longo prazo. Por enquanto, Enlightened finaliza o ciclo iniciado na primeira temporada de forma fenomenal, sem cair num discurso poético e irreal que a série sempre trilhou na cabeça florida de Amy. Ficou vermelha - como a mudança drástica nas cores usadas por Amy, denotando seu espírito ativo. Cruel e corajoso. Feio e rude. Pobre, mas inspirador. Como uma realidade pede.
Uma grande série que brilha de forma singela no meio de programas mais chocantes que se aproveitam do sexo e da violência para se sobressaírem. Enlightened vai mais profundo e se constrói como uma série por vezes difícil de se ver por ser tão crua na forma reflexiva de ver as coisas. Não se tratando de imagem, e sim de uma mensagem poderosa com humanos em colapso e ideais feridos. São as questões que fazem séries como Homeland e Mad Men tão grandiosas, e outras mais apelativas como The Walking Dead e Girls, menos contemplativas e mais vulgares. Uma pena Enlightened agora se encontrar num limbo de audiência, e mesmo com o apoio passional da crítica, ela corre o risco de cair em um vão sem ter pessoas que sequer vão conhecê-la. Uma pena, agora é torcer pela HBO renová-la, mas acima de tudo agradecê-la, pois só ela poderia presentear o mundo por esse belo trabalho.
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