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fevereiro 15, 2010

'Distrito 9' e a renovação de um gênero

Ficção científica é politizada, com grandes efeitos e trama original


A questão é que a produção "independente" - afinal custou de 30 milhões - do produtor Peter Jackson (O Senhor dos Anéis, King Kong) e dirigido pelo novato Neill Blomkamp, estreou ano passado nos cinemas, foi muito bem recebido pela crítica e ainda está sendo cotado para vários prêmios, inclusive indicado à quatro estatuetas do Oscar - entre elas ao prêmio principal de melhor filme. Pode soar como exagero, mas isso serve como uma homenagem aos filmes de gênero sci fi que estão em alta. Porém, Distrito 9 diferente de muitos, tem grandes méritos.

O roteiro é bem original. Tempos em que se assiste filmes com o planeta sendo invadido, seja por seres mais evoluídos que procuram destruição total ou aqueles em que os extraterrestres se inserem entre os humanos e buscam ensinar lições de sobrevivência. O filme Distrito 9 pula essa parte e apresenta ao público uma raça de alienígenas buscando um lugar na Terra para se exilarem, só que longe das grandes metrópoles, eles escolhem a África do Sul. Local estratégicamente escolhido para desenvolver a questão do preconceito e intolerância, além dos já conhecidos problemas dos países de terceiro mundo. Os alienígenas, são tratados como animais, humilhados e mortos sempre que parecem hostis. O visual deles, por vezes assustador e outros momentos são nojentos, servem para mexer com esse preconceito silencioso dentro de cada ser humano.

As criaturas - vulgarmente chamadas de camarões - estão perdidas e abandonados e começam a causar problemas ao redor da base que virou uma favela. Apresentando uma linguagem de documentário, durante a exibição fica claro em como o próprio filme se sabota ao mostrar eventos que na verdade são desmentidos quando mostrados no ponto de vista do personagem. O protagonista Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley) tem a missão de despejá-los daquele distrito e levá-los à outro mais longe da cidade. Claro que, por trás disso existe uma grande e poderosa empresa de armas pronta para confiscar tudo o que aparecer vindo do arsenal dos intrusos.     

Durante o despejo esse encarregado procura algo ilícito e acaba tendo espirrado em seu rosto um estranho liquido preto que faz o seu corpo vagarosamente se transformar em uma dessas criaturas. É nesse momento que o filme guarda todo o arco dramático. Como a mudança de ambiente - em fuga, pois ele agora é fugitivo - vai fazer o protagonista, aquela pessoa mandona que se acha superior, buscar abrigo junto à comunidade que ele tratava sem respeito algum. As mais importantes lições da são mostradas nessa fase. Infelizmente o filme não dá todas as respostas como poderia, nos deixam curiosos sobre eles, a forma como viviam, seu planeta...

Como o filme foi lançado há um bom tempo e só agora está chegando as locadoras, foi possível ouvir diversos comentários, muitos deles negativos sobre a trama. Do mesmo jeito que a originalidade da produção surpreende junto com seu lado político, muitos consideram o roteiro raso e que apela para o design bem elaborado e os efeitos fortemente eficientes, para maquiar os clichês que rodeiam o filme.  Mas até aqui muitos conferiram Avatar e sabem que sem nenhum grande trunfo no roteiro, ele é brilhante tanto pelos efeitos quanto por sua mensagem. Agora para dar uma visão melhor elaborada e comparativa do que é Distrito 9, arrisco-me a dizer que ele é bem mais original que Avatar e trata em seu discurso as temáticas tão interessantes e necessárias quanto sobre os moradores de Pandora. Que esse grande momento para filmes desse gênero e tão críticos não parem de surgir tão cedo.

Distrito 9
District 9
África do Sul / Nova Zelândia, 2009 - 112 min
Ação / Ficção científica 
Direção: Neill Blomkamp 
Roteiro: Neill Blomkamp, Terri Tatchell 
Elenco: Sharlto Copley, Jason Cope, David James

Trailer:


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