A temática boxe nos cinemas está marcada por ser quase sempre repetitiva, talvez pelo foco sempre voltado para as lutas misturando histórias edificantes ou trágicas. Pra quem não curte filmes sobre o esporte, até pode se irritar um pouco com o conteúdo do filme O Vencedor (The Fighter, EUA, 2010), mas para quem gosta um bom cinema, vai ter uma bela surpresa ao assisti-lo e perceber que o filme incorpora outros temas como drogas, relacionamentos familiares e romance. Explorar algum ponto que ainda não havia sido retratado antes com a temática está cada vez mais difícil, esta produção simples, com elenco incrível, pode até não ser o filme definitivo do assunto, mas de longe é um dos melhores e ainda baseados em fatos reais.
O filme consiste na história de Micky Ward (Mark Wahlberg), "irlandês" que mora com a grande família num bairro pobre de Boston e, segue os passos do irmão Dicky Eklund (Christian Bale), um lutador de boxe que viu sua carreira acabar e agora tornou-se um viciado em crack. Com uma emissora de TV preparando um documentário sobre Dicky, aos poucos o filme mostra como ele e a matriarca da família (Melissa Leo) são cúmplices um do outro - ela nem imagina como o filho está afundado nas droga -, e assim atrapalham a carreira de Micky, quando assumem o trabalho de empresária e treinador do jovem.
Porém, Micky passa a perceber como isso o afeta depois que participa de uma luta, da qual, ele perde e ficou bem ferido, só participou por escolha dos dois que pensavam no dinheiro. Com o apoio de Charlene (Amy Adams) ele passa a notar o quanto perde estando no domínio dos familiares. Essa primeira parte do filme é tratada com humor, como se os personagens não estivessem nem aí para os problemas de Dicky, que na comunidade é tratado como uma celebridade. Eis que, perto de perder a parceria com o irmão, Dicky se envolve na criminalidade em busca de dinheiro, já que o irmão deseja voltar à faculdade e precisa de fundos, mas termina preso - e por pouco não leva o irmão junto. Na cadeia, finalmente, o documentário é exibido e todos ficam ciente dos graves problemas de Dicky.
Fica claro que a partir desse momento, o clima melodramático toma conta e a relação conturbada entre os dois é que mantém a história interessante, já que mesmo com ódio do irmão, Micky sabe que sem ele não teria chegado tão longe. O momento decisivo está na superação das diferenças, inclusive nas pazes entre Dicky e Charlene pelo bem da carreira de Micky. Nos momentos finais, o apoio incondicional de Dicky, durante uma luta é o climax do filme e, sem dúvidas emocionante, denotando à volta por cima da personagem, e ainda acaba transformando-o no personagem principal, saindo-se como o vencedor ao lado do irmão.
Mas falar de O Vencedor, sem citar o bom elenco é impossível. A parte técnica nem é tão diferente do que já foi mostrado em outros filmes do estilo, no entanto até mesmo um ator irregular como Mark Wahlberg e a relativamente nova na indústria Amy Adams, se destacam e seguram o ritmo. Porém, são os coadjuvantes que realmente roubam as cenas. Christian Bale está espetacular, conseguindo incorporar o problemático irmão e ao mesmo tempo boa praça brincalhão, enquanto Melissa Leo também consegue convencer como a mãe meio caipira e extravagante, soando até de forma natural. Emocionante e simples, O Vencedor extrapola os ringues e parte para a luta mais difícil: a própria vida.
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Atenção: Este blog contém conteúdo opinativo, por isso, não serão aceitos comentários depreciativos sobre a opinião do autor. Saiba debater com respeito. Portanto, comentários ofensivos serão apagados. Para saber quando seu comentário for respondido basta "Inscrever-se por e-mail" clicando no link abaixo.