Morte de Lexie deixa em dúvidas atual qualidade e rumos da série
Em uma das cenas desse final de temporada de Grey's Anatomy exibida na noite desta segunda (25) pelo Canal Sony, a personagem Cristina Yang (Sandra Oh) diz que está cansada de mortes e quer ficar longe da maldição do Seatle Grace que já teve tantas tragédias e sempre colocou em risco sua vida. Não é a toa. O hospital e, consequentemente, pessoas ligadas à ele, passou por muitas tragédias. Bombas, tiroteio, bandidos, gelo pontiagudo, médico afogado, médico atropelado e por aí vai. O temor de Cristina se sucedeu após a queda do avião em que ela e uma parte da equipe caiu e agora estão perdidos em uma floresta. Sim. Mais uma tragédia. Mais mortes e mais drama. Será que o temor de Yang agora passa ser do espectador cansado de tanto exagero?
Esse excesso de acontecimentos matou a qualidade de uma série do mesmo canal que exibe o drama médico: Desperate Housewives. Por lá, além de mortes acidentais e assassinatos, caiu um avião, passou um furacão, teve um tiroteio no supermercado, uma confusão na rua e outros derramamentos de sangue. Essa prática habitual dos roteiristas serve para sacudir a trama, impor novos desafios aos personagens e, claro, dar audiência. E é de audiência que Grey's Anatomy anda precisando mais do que nunca. Sua média cai a cada temporada, e chegou a hora de depois de oito anos, continuar explicando sua vida na TV. Abusa-se então das mortes. Só que agora, usou-se uma peça que tem gerado controvérsia: Lexie (Chyler Leigh), a little Grey.
Carismática, a personagem logo se tornou querida por ser boazinha, competente e usar sua memória fotográfica para ajudar nos casos. Entretanto, nesta temporada, ela se limitou a sofrer por amores pelo mulherengo Mark Sloan (Eric Dane) e perder todo o brilho que ganhou após ser conhecida apenas como a irmã da protagonista Meredith (Ellen Pompeo). Felizmente, isso criou um desapego no espectador, porém, é impossível não prever um vazio na série que perdeu grandes nomes no elenco desde sua estreia.
Essa temporada foi a preparação para uma nova fase da trama. A evolução de residentes para cirurgiões de verdade. Mostrou o caminho trilhado por cada um para chegarem até o que seria o momento de decisões - como uma boa série teen. No meio do caminho, muitos dramas particulares, lágrimas e sexo. Um dos mais interessantes, foi a morte do marido de Teddy (Kim Raver) - uma personagem irregular e que provavelmente vai sair da série. O episódio em que a Drª Yang precisa opera-lo sem saber de quem se tratava foi o ápice e um dos momentos mais impactantes de todo seriado. Karev (Justin Chambers) também teve bons momentos com sua personalidade dura e, mais uma vez, tendo seu emocional desafiado. Outros coadjuvantes continuam irregulares como a April (Sarah Drew) e o Avery (Jesse Williams). Estranhos, pouco carismáticos e tramas bobas. Quem segura mesmo são as amigas Meredith e Cristina com seus problemas conjugais de verdade - mesmo que cansativos por vezes.
Foi um final triste, terminando com grande feito a metáfora de transição da vida de residentes para conquistarem o primeiro grande passo como cirurgiões. Afinal, estão isolados e com feridos e se virando como podem. Foi uma temporada irregular e que tem tudo para impulsionar um novo ciclo, mas deixou evidente que Grey's Anatomy caminha ainda mais rapidamente para seu fim. E não é culpa de mortes, tragédias - a morte de Lexie foi pedido da própria atriz - mas do ciclo natural da vida de séries. Porém, que seja um fim digno, sem exageros e mais tragédias, afinal, a vida não é feita só disso - e nem as séries deviam ser.