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junho 29, 2012

Vamos falar de comédias: 'Suburgatory' e 'Modern Family'

Autênticas séries trazem mais do que humor: críticas e reflexões familiares



Enquanto Hollywood tem grande dificuldade de reconhecer comédias, deixando de fora de sua mais importante premiação - o Oscar - atores e filmes que até se sobressaem com o público e crítica, no mundo da TV elas dominam. O Emmy Awards, a principal premiação da TV americana e internacional, divide os gêneros e faz a festa dos comediantes e programas no estilo. Mesmo que ultimamente tem surgido séries que mesclam drama e comédia, como The Big C, Nurse Jackie e Enlightened, as comédias natas ainda vingam e, como bom exemplo, a campeã por dois anos seguidos: Modern Family.


O seriado, que está na sua terceira temporada (exibido pela FOX Brasil às quartas), tem mantido a qualidade das temporadas anteriores. Diferente de alguns programas que demoram a engrenar histórias e soam repetitivas, Modern Family tem sempre algo maior a mostrar. Evolui a cada episódio o processo de adequação da instituição família pelos os novos grupos sociais que ganharam espaço na sociedade em si. Continua-se fazendo graça com o casal gay (e seus problemas pessoais) e toca no espinhoso assunto de adoção por eles; a latina sensual que é casada com um americano mais velho e que tenta manter uma postura jovial, mas ao mesmo tempo conservadora; a família tradicional americana, que diferente do requisitado no american way life pregado nos anos 50-60, é bem disfuncional com os filhos de personalidades opostas (um curioso, uma fútil e uma nerd) e seus pais tão complicados quanto (a mãe é neurótica e o pai ansioso). Situações e problemas são enfrentados de forma corajosa e com um buscando doses de moralidade onde não se encontraria tempos atrás. No fim, o otimismo vence o preconceito, sempre.


Outra que causou menos burburinho, talvez por não trazer uma trama tão original, é Suburgatory. O seriado que teve sua primeira temporada já encerrada no Warner Channel pelo Brasil (agora está sendo reprisada do início) promete vida longa - tem uma segunda temporada garantida. A história é centrada em Tessa e seu pai George que se mudam da tumultuada Manhattan para o subúrbio. O motivo da mudança é o que engrena a série: a descoberta de preservativo pelo pai no quarto da jovem. O mundo moderno que geralmente vem a cabeça quando se pensa em cidade grande, cai por terra quando essa atitude denota o mais simples dos problemas: o falso moralismo que ainda rodeia os prédios altos das metrópoles. Mais radical que uma simples conversa, a atitude é impulsionada pela falta de apelo maternal - a mãe abandonou a família. No subúrbio (estereotipado ao máximo como gosta-se de ver) vão percebendo que a sociedade das aparências guardam uma hipocrisia ainda maior. Mas é ali, naquele ambiente alienígena, que vão se conhecendo e percebendo seus problemas em meio aos lares "perfeitos", fortalecendo os laços entres os dois, mesmo sem uma mãe e esposa. Uma série subestimada por é inteligente, ágil e divertida.


Se o filmes de comédia devem muito para emplacarem e as bons caminham um duro trajeto ao reconhecimento, na TV tem sido mais fácil. Quem ganha é o telespectador que tem opção em meio ao exagero de tiros, sangue e lágrimas que sobram na TV.