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julho 28, 2013

Crítica: Divertido, 'Wolverine - Imortal' apresenta novos dilemas ao herói

A dor de ser imortal


Todo bom herói que se preze tem seu lado sombrio, sua complexidade em aceitar suas responsabilidades e seus momentos de fraqueza. Não é apenas de altruísmo que eles sobrevivem - o saldo é sempre desequilibrado para o seu lado. Alguns são tão complicados que ficam entre a linha tênue de herói e anti-herói. Wolverine é um desses casos. O mais popular dos X-Mens - e de toda a Marvel - é também um dos que sempre está com seu humor à deriva, como se funcionasse como um Hulk. Porém, a pressão sobre ele é um tanto maior, pois é nele que se concentra grande parte da responsabilidade no universo mutante, devido sua força, sua imortalidade e o instinto animal que volte e meia atinge seus objetivos. O longa Wolverine - Imortal (2013) se aprofunda em seus dilemas, com um personagem vagando sem destino, vivendo os lutos que se acumulam em sua dolorosa vida.

A trama se passa após os eventos de X-Men 3: O Confronto Final (2006), da qual, Logan (Hugh Jackman no auge de sua forma física - mais uma vez) precisou matar seu grande amor Jean Grey (Famke Janssen) para salvar a humanidade depois que os poderes da Fênix à sucumbiu. Deprimido, ele é encontrado em um bar pela jovem Yukio (Rila Fukushima, ótima no papel), que fora enviada por seu pai adotivo, Yashida (Hal Yamanouchi), salvo por Logan em Nagasaki, no Japão, no momento em que a bomba nuclear dizimou o lugar. No leito de morte, Yashima deseja reencontrar Logan para lhe oferecer o fim de seus tormentos como agradecimento: trocar seu fator de cura em troca da mortalidade, o que faria Logan morrer como uma pessoa qualquer. Claro que isso é algo mais do que uma moeda de troca qualquer e antes de qualquer resposta, Logan acaba infectado por Víbora (Svetlana Khodchenkova), uma mutante bióloga, fazendo-o ficar vulnerável. No meio disso, ele precisa proteger Mariko (Tao Okamoto), neta de Yashida, que herdeira das conquistas do avô, é alvo de seu pai, Shingen (Hiroyuki Sanada) e da Yakuza, a poderosa máfia japonesa.

Essa intricada trama, acaba tendo como resultado um filme introspectivo, sem deixar de ser um blockbuster com grandes cenas de ação (a luta em cima do trem bala é alucinante) e bons efeitos especiais - mesmo que contidos. Destaque para a boa trilha sonora de Marco Beltrami que garante uma emoção a mais. Os dilemas de Logan aos poucos vão dando espaço ao seu lado heroico, altruísta que mesmo com uma mala sem alça que é Mariko, acaba despertando nele um motivo para viver e ser novamente imortal. Mas isso é mais consequência do luto. No cinema, até agora foram dois amores perdidos: Kayla Silverfox (Lynn Collins) e Jean (que apareceu mais do que o necessário neste). Wolverine por mais que sofra a dor da perda, acaba dando chance ao amor como um motivo de continuar sua vida. Não a sua importância com a humanidade, mas sim o sentimento que lhe preenche. Se isso o faz um herói, é uma consequência de situações e do contexto, entretanto, ele como imortal, tem como aprendizado se descobrir e buscar uma forma de equilibrar seus sentimentos.

Wolverine - Imortal é uma obra que veio para apagar de vez as fracas lembranças do filme de 2009, X-Men Origens: Wolverine, que mal é tocado durante o filme. Além disso, ele também prepara terreno para o mega evento que a FOX e Marvel prometem para 2014: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o longa que promete unir as duas gerações de heróis vistos na primeira trilogia (2000, 2003 e 2009) e no recente X-Men: Primeira Classe (2011), como a cena perdida (e de arrepiar) entre os créditos finais mostra. Essa grande franquia tem lá seus deslizes, mas o carisma de Jackman aliado ao forte e desafiador personagem que é Wolverine, fazem seus filmes sempre garantia de diversão com alguma questão para ser aprofundada. Se X-Men é uma das criações que mais conseguem contextualizar os dramas de personagens com o contexto atual, Wolverine é o anti-herói necessário para fazer a série ainda mais interessante. E que venham mais produções buscando cada vez mais ampliar esse mundo, afinal de contas, o melhor deles, é imortal - o que não falta história para contar.

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