Muito tem se falado do fracasso de John Carter: Entre Dois Mundos (John Carter, EUA), novo filme da Disney que custou mais de US$ 250 milhões e somou em sua semana de estreia algo em torno de US$ 110 milhões pelo mundo. Esse relapso do público pode ter uma explicação mercadológica (filmes semelhantes foram lançados pouco tempo atrás, seja no visual e roteiro) ou realmente se trata de um equívoco do estúdio que há tempos procura uma franquia lucrativa de duradoura como Piratas do Caribe. Mas uma coisa é certa, John Carter é um bom filme e a melhor das tentativas do estúdio do Mickey.
A história é uma adaptação do livro Uma Princesa de Marte (John Carter of Mars), obra de fantasia e ficção científica do mesmo criador de Tarzan Edgar Rice Burroughs - ao todo são 11 livros, da qual, a Disney espera fechar uma trilogia. A trama é sobre o jovem John Carter (Taylor Kitsch), um veterano de guerra que de uma forma misteriosa é abduzido e transportado até Marte, onde vira prisioneiro de bárbaros verdes e precisa evitar o casamento arranjado e libertar a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) - a única esperança para não levar o planeta vermelho à ruína. No meio dessa jornada, ele se depara com um mundo em constante guerra.
Visualmente, o longa de Andrew Stanton, impressiona com efeitos especiais de primeira geração, a competente direção de arte (sofrendo pra não deixar tudo cair no ridículo) e uma boa trilha sonora. O árido ambiente de Marte promete boas cenas de ação, e a criação de seres oriundos do lugar - que o deixam mais perto de Avatar do que nunca. Mas é no roteiro que o longa se sobressai. Se o ambiente do planeta em questão não se difere de filmes que foram lançados anteriormente como Príncipe da Pérsia, Conan ou Fúria de Titãs (filmes bem abaixo da média), John Carter oferece uma história inteligente e muito bem contada. O jeito que é conduzido o passado do misterioso protagonista, por exemplo, é um grande trunfo. Até mesmo a atuação de estreantes na função de carregar sozinhos um blockbuster deste tamanho nas costas, saem bem na função como Taylor Kitsch, conhecido pelo seu papel em Friday Night Lights.
É triste constatar que o público que não segue à risca o que sai no cinema, provavelmente não vai comprar o ingresso, já que tudo que é mostrado nas prévias remete ao passado não muito distante e ainda está longe de superar o universo criado por James Cameron em Avatar - que provavelmente buscou inspiração por aqui também. O que poderia, quem sabe, ser uma franquia de ficção científica tão próxima de clássicos como Star Wars ou até mesmo ter o legado de O Senhor Dos Anéis, corre o risco de seguir a trilha de As Crônicas de Nárnia ou pior, não sair da tentativa como Príncipe da Pérsia. John Carter não merecia morrer na praia, ou melhor... em Marte.