Páginas

julho 08, 2012

Crítica: 'O Espetacular Homem-Aranha' diverte sem surpreender

Filme sofre com roteiro cheio de coincidências, mas atuações salvam o dia


Peter Parker estava em uma excursão de escola em algum lugar qualquer e logo é picado por uma pequena aranha modificada geneticamente. Chega em casa e passa por transformações que o deixa com os sentidos aguçados e poderes de um super herói. Precisa, agora, descobrir quem ele é e como lidar com o fardo. A história foi mostrada há décadas nos quadrinhos, estreou dez anos nos cinemas e fora repetida várias vezes na TV. Até hoje. E agora ela volta ao cinema praticamente da mesma forma. Porém, com novos atores, vilões e poucas mudanças. Sam Raimi foi quem cuidou da primeira trilogia cinematográfica que redefiniu os efeitos visuais dos filmes de heróis e abriu as portas para os filmes de super heróis que canalizaram um novo gênero em Hollywood. É dono da memorável cena de beijo que entrou para a história da cultura pop. Agora é Marc Webb o responsável pelo "reboot" do herói aracnídeo nas telas. E esse recomeço resultou numa variável situações boas e ruins.


Predestinado a ser o primeiro de uma nova série de filmes, O Espetacular Homem-Aranha (EUA, 2012), cumpre uma função de entreter e dar alguma nova complexidade que não fora mostrada anteriormente. Desta vez, na pele de Andrew Garfield, Peter Parker não é tão bobo e atrapalhado quanto o mostrado na pele de Tobey Maguire, mas em compensação sofre com os traumas de sua infância, da qual, perdeu os pais depois de fugirem misteriosamente. A figura do pai acaba ficando refletida no Tio Ben (Martin Sheen) e a Tia May (Sally Field) dá o tom matriarcal. O trunfo da trama para se afastar do longa de 2002 é exatamente este, e tudo caminha para um resultado razoavelmente bom. Entretanto, lá aparecem novamente a picada da aranha, o romance adolescente e as questões de um jovem que está buscando moldar seu caráter a cada questionamento que surge em seu caminho à vida adulta.


O maior problema que resultou no fiasco do terceiro filme (tirando os exageros no número de vilões), foi o roteiro que prega coincidências absurdas. Para complementar a personagem de Gwen, importante nos quadrinhos, inseriram ela em diversas situações onde nem mesmo o acaso seria tão ágil. E ela (interpretada pela querida Emma Stone) é novamente o centro dos equívocos neste novo longa. Ela está na sala de aula de Peter, é a principal estagiária na Oscorp, é filha do chefe de polícia da cidade, é a namorada de Peter, é principal chave da resolução da história e, ainda por cima, claro, a mocinha em perigo. Tais fatos desgastam o roteiro que já tem a fantasia um forte e difícil advento a ser compreendido e aceito pelo espectador. Isso se junto ao fato do pai de Peter ter sido o maior colaborador de quem vem a ser o vilão da história. 


Coincidências à parte, as atuações e escolha dos personagens não deixam à dever nem um pouco da outra trilogia. Todos eles estão numa gratificante sintonia e, os astros principais, Andrew Garfield e Emma Stone possuem uma química tão favorável que fica fácil esquecer da Mary Jane de Kirsten Dunst por um momento. Os coadjuvantes não fazem por menos, mesmo que remontando a história contada há poucos anos atrás. Os efeitos especiais também são incríveis - as cenas em primeira pessoa arrepiam e rejuvenescem os saltos do herói. Agora é aguardar para saber se os roteiristas vão de alguma forma complementar esse reinício, sem deixar para o seu final a resolução de uma nova épica história e tropeçaram nos equívocos estranhamente cometidos novamente neste primeiro. Algumas pontas já ficaram soltas e deixando o caminho aberto para o futuro. Só que infelizmente, a franquia começou à sombra da primeira franquia, que teve momentos marcantes e méritos por excelência, além de ter muito à ensinar. Afinal, sucesso com qualidade não se deve apenas com boas escolhas no casting e bons efeitos, é preciso parar de subestimar a inteligência da plateia - basta-se na rapidez em recontar a mesma história.


Trailer: