Produzida pelo Show Time, canal que tem crescido entre a pesada concorrência (HBO, AMC) com seriados de nype, Dexter, Nurse Jackie e The Big C, House of Lies teve sua primeira temporada finalizada na última segunda (10) pela HBO Brasil. E o que foi visto é um misto das duas séries citadas no incio do texto, só que acentuando o ambiente sexista e a falta de escrúpulos dos personagens. A trama se passa em uma corporação que reúne vários grupos de Relações Públicas. Com a crise econômica, a demanda aumentou, mas também afetou toda a corporação que cogitou se unificar à uma empresa maior e assim causar desempregos. O que nos primeiro episódios se limitou a mostrar os casos do grupo, virou uma visão maior que expandiu para todo o sistema de uma grande corporação, da qual, o grupo era sócio e prezava em segurar seus empregos.
Marty Kaan (Don Cheadle), o protagonista, é um homem inescrupuloso que comanda uma empresa de consultoria. Não importa quem seja, o que ele quer é a qualquer custo conquistar o (dinheiro do) cliente. Em meio aos problemas da empresa, ele ainda precisa equilibrar a vida pessoal - o divórcio e sua relação com o pai e o filho. No fim da temporada, é ela que sofre por ser o lado mais frágil da vida de Marty, já que seu filho Roscoe (Donis Leonard Jr.) sai de casa para morar com a mãe, assim como seu pai que o abandona. Um verdadeiro apocalipse como o próprio garoto se referiu.
Seus parceiros tiveram suas histórias contadas com menos entusiasmo. A que mais teve foco foi Jeannie Van Der Hooven (Kristen Bell), que mesmo noiva, usou o sexo para criar relações com superiores ou até mesmo para preencher um constante vazio que sentia. Ela também foi a chave para o clímax da primeira temporada, quando usa o "abuso sexual" para puxar um coro de outras mulheres na mesma situação contra os poderosos e assim mudar os rumos da trama. Os outros dois personagens do grupo Doug (Josh Lawson) e Clyde (Ben Schwartz), serviram como o alívio cômico e não tiveram suas vidas pessoais aprofundadas.
Foi uma temporada que, mesmo contornando aos poucos o excesso de sexo gratuito e nudez (ou eu me acostumei?), tratou da atual situação das megas corporações de um jeito inédito, trazendo um lado cômico e contado de uma forma dinâmica, abusando de truques em que liga o espectador à trama. Da forma esperada, os personagens inescrupulosos e que pouco se importam com os outros, querem apenas defender o seu, acaba rivalizando com a ética e moral do ambiente de trabalho. Marty utilizou as próprias armas fornecidas pelos seus superiores para vencer, mesmo que isso traga consequências negativas ao redor. Sexo e mentiras ditaram as regras em House of Lies, e não é tão diferente na realidade do mundo dos negócios, talvez um pouco menos exagerado. Mesmo anos depois do tempo mostrado em Mad Men, o sexismo, o abuso sexual e moral seguem firmes e fortes dentro dos escritório, assim como os interesses pessoais e dos negócios postos em jogo em The Good Wife. House of Lies uniu o melhor do gênero e contou uma história atual de forma interessante jovial. Muito boa.
Em tempo: O seriado já tem garantido uma segunda temporada que deve estrear em 2013.