Personagens insuportáveis e forçadas tramas atrapalham a série
Depois de 15 episódios, litros de lágrimas e suor, terminou nesta quarta-feira (04) pelo Universal Channel a primeira temporada da série musical Smash. Diferente do começo promissor, em que tudo parecia bem afinado, diluído num misto de clipes e novela, o seriado se perdeu pelo caminho, focando em tramas exageradas e cheias de adultério, traições e brigas. O que poderia ser um olhar reflexivo sobre os bastidores de um musical, terminou sendo um show desequilibrado, com personagens antipáticos, desinteressantes que tomavam grande parte da trama principal - esta mais estável. O final foi marcado com o sucesso, sem tanta emoção... não muito diferente da peça que eles encenavam que nas prévias não arrancou palmas da plateia. E aí virão mudanças...
A protagonista Karen (Katharine McPhee) dividiu com Ivy (Megan Hilty) a luta pelo papel principal no musical sobre a vida de Marilyn Monroe. Enquanto a primeira reflete a ingenuidade da icônica atriz, a segunda era o alter ego femme fatale e determinada pela fama. A disputa foi interessante, mas sempre teve no seu caminho personagens malas como o namorado de Karen, político e egocêntrico que o auge de sua imbecilidade, dormiu com a rival da namorada. Isso sem contar nas idas e vindas dos dois. Outro núcleo se dava pelos ensaios que tiveram bons momentos entre Tom (Christian Borle) musicista, sua amiga e roteirista Julia (Debra Messing), a dona de tudo Eileen (Angelica Huston) e o difícil diretor Derek Wills (Jack Davenport). O desenvolvimento da peça, seus percalços e intrigas, foram muito bem amarrados pelos quatro, mesmo que um ou outro estivesse errado - no fim sempre assumiam erros e tentavam contornar os problemas. Entretanto, dois chatos tomavam parte dos episódio conseguindo irritar até os mais pacientes: Ellis (Jaime Cepero), um assistente qualquer que tinha o prazer de causar intrigas. No fim, levou um fora de Eileen que até mesmo sendo prazeroso de assistir, dava uma impressão de tempo perdido para um foco num personagem absurdamente desnecessário. O outro que roubou minutos foi o amante de Julia, Michael (Will Chase). Tempo que os dois usaram pra trair suas famílias, por conta de um romance antigo. Ele sem qualquer ressentimento, culpa, corria atrás de Julia, mesmo sabendo que tinha esposa e um bebê em casa. Um personagem vazio que obviamente estava ali para movimentar a vida de Julia, porém, sua construção absurda só conseguiu causar indignação. Se fosse bem construído, poderia manipular a audiência mesmo que adultério não seja visto com bons olhos.
Durante a temporada, outros personagens sem alma rondaram a trama, nada acrescentaram a não ser dramas bobos e sem emoção. Como se aparecessem para moldar a personalidade dos reais protagonistas. Ok. Isso é normal em qualquer produção, mas não faz sentido serem tratados de forma tão estereotipada. Os citados, tinham ainda alguma importância na série, mas que foi reduzida a medíocres pessoas. Triste que essa crítica serviu para falar deles, e não desenvolver a ideia central que no episódio final definiu bem as duas protagonistas refletindo os dois alter ego de Marilyn: a estrela e a decadente melancólica. Uma brilhou e a outra se deprimiu. Mas foi isso que se levou desta carregada primeira temporada. A boa notícia, é que os personagens chatos já foram afastados da produção (assim como a criadora da série) e o show vai continuar. Desafinado, mas com a esperança de um retorno melhor ensaiado.