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março 07, 2010

O vazio existencial exposto em 'Amor sem Escalas'

O ser humano e a descoberta de sentimentos em fases da vida


A vida de Ryan Bingham (George Clooney), um Conselheiro de Transições de Carreira, não poderia ser mais complicada. O executivo trabalha em uma empresa que é contratada para demitir funcionários em grandes corporações. Os chefões dessas empresas não têm a coragem de fazer esse serviço e por isso pedem ajuda a pessoas como ele que dão um alento para os ex-funcionários. É até compreensível em partes, as reações são de pessoas desesperadas chegam a comparar a demissão até com a morte. Viajando de avião de um lado pro outro, Ryan não possui fortes laços afetivos com seus parentes e nem amizades verdadeiras. Se diz cercado de pessoas, mas a verdade é que se isola a cada viagem, vive distante do mundo real e não sente falta de ter uma família. Seu único hobby é acumular milhas para onde voa, sem pensar no que fazer depois com elas. 

Em meio a esse individualismo e a profissão dominada - em que construiu táticas eficientes a cada resposta e reação dos recém demitidos -, ele conhece conhece Alex (Vera Farmiga), com quem começa uma relação um tanto impessoal, da qual, os meios eletrônicos controlam quando vão se encontrar ou a troca de mensagens via celulares fazem parte do compromisso. O sexo é casual e os encontros são para preencher lacunas existentes na vida dos dois. Porém, ele também conhece Natalie (Anna Kendrick) que entra em sua empresa e apresenta um novo plano de demissão via videoconferência, tudo feito pela web. Natalie é uma jovem formada e quer entrar no emprego pelo desafio e principalmente por causa de um namorado, da qual decide seguir. A diferença entre as duas? Basicamente, que uma é aparentemente a versão de saias de Ryan e a outra é uma jovem sentimental.


Durante as viagens e aos preparativos de casamento da irmã, Ryan ouvindo os conselhos de Natalie e com seu apego por Alex aumentando, consegue aos poucos visualizar outras perspectiva e perceber o quanto é sozinho. Por mais que ele fuja da realidade que é sua casa vazia, um dia se dá conta que poderia fazer diferente e não ser um parente esquecido ou um amante qualquer. Nesse fluxo de sentimento também percebe-se o vazio existencialista dos outros personagens como o de Alex e a mudança de Natalie que não aguenta a pressão do desumano trabalho.

O diretor Jason Reiman  optou em dar um toque cômico no emprego de Ryan, assim também como fez em Obrigado por Fumar, com o porta voz da indústria de cigarros. São trabalhos difíceis, e que se fundamentam em um script que de tão convincente até eles mesmos passam a acreditar nele. Se iludem pela falta de humanidade ali presente nas palavras reconfortantes. O problema - ou solução - é que os seres humanos são cheios de sentimentos que despertam a cada momento da vida, sejam pra alertar ou para confundir ainda mais. Um filme que nada tem a ver com o título traduzido e muito menos deveria ser vendido como uma simples comédia romântica. Amor sem Escalas é sobre a vida, sentimentos e acima de tudo, a percepção de perda de tempo com futilidades, e a rejeição de pessoas que são importantes para a vida - talvez motivada pelo medo de conflitos e julgamentos - , que deve-se pôr todas elas em uma mochila e não deixar para trás.
  
Amor Sem Escalas
Up In The Air
EUA, 2009 - 109 min
Romance / Drama / Comédia 
Direção: Jason Reitman 
Roteiro: Jason Reitman e Sheldon Turner 
Elenco: George Clooney, Anna Kendrick, Vera Farmiga
Trailer:

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