O cinema nacional teve uma grande estreia logo no início desse ano. A cinebiografia do então presidente Luíz Inácio Lula da Silva, foi uma das promessas de tornar-se um grande sucesso, seguindo o rastro de 2 Filhos de Francisco (2005) e se unindo a Chico Xavier, o filme como os mais lucrativos do ano ao tratar de cinebiografias. Semelhanças entre os três filmes é o que não falta. Todos os protagonistas tiveram uma infância humilde e são exemplos de superação. Mas se tem uma coisa que o Brasil ainda não se interessa, é por política. Simpatiza com espiritismo e adora música sertaneja, mas política é quase unanimidade. E nem separando ao máximo qualquer vestígio ideológico político do protagonista, Lula, o Filho do Brasil consegue decolar. E isso provavelmente é o que o faz ser fraco e sem graça.
Com direção de Fábio Barreto, a produção tenta juntar os fatos mais extraordinários do homem que conseguiu unir multidões e de fato chegar à presidência do Brasil. Mas o que poderia ser uma das histórias mais aguardadas do cinema, torna-se uma obra sem identidade, lançada em ano eleitoral (o que leva a dúvidas de sua credibilidade) e fica presa na necessidade de emocionar o público a qualquer custo. Acaba sendo quadrado e esperando o máximo atrair a população aos cinemas. Só o fato de escalarem Glória Pires, como a sofrida mãe, denota a pretensão de ser um dramático filme evento.

A história não tem mais nada a contar tudo o que sabemos mais ou menos até então. Ele só omite um dos fatos essenciais e que mudaram a história do Brasil: o próprio brasileiro. Lula tem um dom natural de falar com a massa e ser compreendido, isso é mostrado de forma certeira, mesmo sem discursos realmente impactantes (provavelmente querendo omitir os ideias socialistas). Ele conseguiu fazer os metalúrgicos votarem contra os patrões, conseguiu arrastar multidões - a cena da assembleia que aconteceu no estádio da Vila Euclides, em que discursa para 100 mil trabalhadores, é sem dúvidas a melhor do longa -, mas ele também deu esperança aos jovens e aos mais necessitados. E isso o filme omite, talvez por se tratar de algo que não se concretizou como prometido, quando seu modelo econômico seguiu praticamente o da direita, ou se trata de um deslize inexplicável. Daí pode se justificar a ausência da ideologia esquerdista, sem tocar em nomes de partidos, estando apenas em favor dos operários.

Lula - O Filho do Brasil
Brasil , 2009 - 128 min
Drama
Direção: Fábio Barreto
Roteiro: Denise Paraná, Fábio Barreto, Daniel Tendler, Fernando Bonassi
Elenco: Rui Ricardo Diaz, Guilherme Tortólio, Felipe Falanga, Glória Pires, Lucélia Santos, Cléo Pires, Juliana Baroni, Milhem Cortaz
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