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maio 08, 2011

'Thor' funciona como bom entretenimento e se arrisca ser algo mais

Adaptação dos quadrinhos foge à regra em alguns sentidos, mas segue receita de sucesso


A primeira grande aposta do ano no mundo das adaptações de heróis em quadrinhos para o cinema, chega com a missão de apresentar um personagem relativamente desconhecido do grande público, mas que tem todo potencial de grande blockbuster. E Thor não se perde na missão. Mesmo que anos depois do primeiro Homem de Ferro (Iron Men, 2008), o que mais chega perto - ainda que com grandes diferenças -, a produção serve como ponte para o aguardado filme de Os Vingadores. Infelizmente, com grandes lançamentos por vir, pode ser ofuscado pelos outros heróis e circunstâncias, assim como outra surpresa que chamou atenção, mas logo foi esquecida, Hellboy - principalmente o segundo filme. Entretanto, no momento, Thor é um bom filme.

A história que mistura uma mitologia épica e fantasiosa é um refresco no Universo Marvel que foi apresentado até agora aos cinemas. Aqui o herói é um deus que precisa mudar de comportamento para finalmente se tornar Rei de Asgard, seu reino. No meio disso acaba por ter de ajudar a Terra que vira alvo fácil numa disputa entre mundos, e numa situação ainda pior quando a cobiça pelo poder e a inveja dentro do próprio reino, se tornam uma ameaça constante. A trama é sobre Thor (Chris Hemsworth, esforçado e carismático), príncipe de Asgard e filho de Odin (Anthony Hopkins, nobre o suficiente), e que disputa com o irmão Loki (Tom Hiddleston, equilibrado entre os dois) o lugar do pai. Mas Thor, apesar de ser um guerreiro corajoso e forte, mostra uma arrogância e egoísmo fora do comum, ao contrário do "contido" irmão, que mesmo dando razão aos princípios dele, joga de outro jeito: manipulando e mentindo.

Os primeiros momentos de Thor são tão bem conduzidos, que se a sequencia na Terra pudesse ser retirada, não faria falta. Asgard esperou o tempo perfeito para ganhar vida nos cinemas. Todo o design é deslumbrante e o ingresso vale por cada detalhe da produção, sejam nas roupas, fotografia ou efeitos especiais. Até o clima de reinado, os personagens com direito aos amigos de Thor, os três guerreiros, a Lady Sif e o interessante Heimdall, são sem dúvidas garantia de novidade nessas adaptações. Mas infelizmente, a empolgação se perde quando Thor acaba na Terra, expulso por Odin, depois de ter desafiado suas ordens. No planeta, e sem poderes, ele é encontrado por Jane Foster (Natalie Portman, fazendo o básico como outra oscarizada, Jennifer Connely em Hulk), uma cientista que vai viver o dilema de acreditar na fantasia em conjunto com as teorias científicas - além, claro, de ser o interesse amoroso do protagonista.

São várias questões que fazem essa parte menos interessante e até, digamos, arrastada. Seja no excesso de alívio cômico (a personagem de Kat Dennings, Darcy chega ser chata), as locações - uma cidade pequena no meio do deserto, que faz das cenas de ação com destruição pobres -, forçado romance entre Thor e Jane, que não convence nem com o beijo final, entre outras. Mas felizmente outras são empolgantes, como a participação do S.H.I.E.L.D., a aparição do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), a menção ao Stark (Homem de Ferro) e as cenas pós créditos que preparam terreno para Os Vingadores, mesmo sendo uma incógnita para leigos.

Mas algumas coisas podem ser levadas um pouquinho mais a sério e que são relevantes no contexto atual, mesmo que jogadas sem grande profundidades. A menção da guerra nas falas de Odin, são bem interessantes se analisadas traçando um parâmetro do período político que o mundo passa hoje em dia. Poderia servir como uma mensagem sobre países imperialistas, mostrando que os males de uma guerra jamais serão ultrapassada pelos seus "pontos positivos". Outro fator que superficialmente é tratado na trama, é relacionado fantasia x ciência. Um ponto que se bem explorado pode emocionar tanto como o romance de Contato do astrônomo Carl Sagan - até a teoria de buracos de minhoca foram usados, como no romance. Além da fantasiosa explicação de Thor para a relação de Asgard com a Terra, formando uma árvore, é fantástica e deixa um gostinho para conhecermos os outros mundos citados. 

Thor é entretenimento sem questão se ser tão marcante como um Batman - Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), e mais perto da diversão que outros filmes da Marvel em conjunto com outras empresas: X Men e Homem-Aranha. Além de superior que filmes como O Quarteto Fantástico e Wolverine. Resta saber se esse o próximo passo para Os Vingadores, Capitão América - O Primeiro Vingador, seguirá a qualidade dos filmes, e finalmente se essa união dos heróis da Marvel, será tão empolgante quanto parece. Ainda neste ano tem a DC Comics com o semelhante (na essência) Lanterna Verde. No geral, é aguardar uma continuação desta história tão interessante que nos foi apresentada e expandiu as fronteiras das adaptações que mostravam sinais de desgaste.

Trailer:


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