Série é recheada de clichês e não sai do lugar comum
Uma das promessas para a temporada, Falling Skies, estreou no Brasil esta semana pela TNT - com menos de uma semana do lançamento nos Estados Unidos - apresentando uma premissa que não era muito inovadora, mas despertou interesse pela temática nunca ter sido tão bem explorada na TV. A série é sobre uma invasão alienígena que dizimou grande parte da população, e os poucos sobreviventes vivem em fuga, enquanto buscam uma forma de expulsá-los do Planeta Terra. Ou seja, é mais ou menos o que foi visto no medíocre filme Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, que estava nos cinemas no inicio do ano.
O primeiro episódio teve duas horas de duração e fez questão de apresentar todos os clichês possíveis do gênero: drama familiar, alienígenas fortes mas cheios de pontos fracos, problemas de convivência entre os sobreviventes, gangues que correm por fora querendo armamento para combaterem os aliens sozinhos, uma pitada de religião - muito mal realizada por sinal -, humanos capturados transformados em zumbis, e aquilo que não pode faltar: o líder e protagonista que tem os dilemas mais difíceis: está à serviço dos civis e tem o filho desaparecido. Claro que se tratando de uma produção que visa um público amplo, tais clichês não seriam problema, porém em Falling Skies tudo é tão fraco, superficial, que parece um filme B do gênero.
É de estranhar que Steven Spielberg está por trás de uma obra tão amadora, da qual, nem os efeitos especiais garantem uma estética apocalíptica e divertida como se esperava. Consegue ter um impacto ainda menor que The 4400, outra série do gênero, mas que focava em abdução. Se não basta a banalidade do roteiro, os diálogos são ainda mais dolorosos. Coisas do tipo, "aposto cinco milhões que você joga a bolinha naquele portão", o garoto responde: "você vai ter de pagar tudo em chiclete", isso numa missão de buscar por armamentos. Em outra cena a jovem fala sobre religião com o filho do protagonista, e uma outra personagem ouve e diz "por favor, reze e peça que Deus jogue as bombas em 'tal lugar'", a cristã então responde, "eu não peço coisas à Ele e sim pergunto o que eu posso fazer por Ele". Isso é o máximo que o roteiro pode levantar a questão de fé que é desencadeada em um ataque alienígena? Carl Sagan deve estar se revirando no túmulo.
Outras questões são ainda mais patéticas, como a gangue que surge atrás de armas e seqüestra uma parte do grupo de sobreviventes. Obviamente eles já sabem os pontos fracos dos alienígenas, querem lutar, mas não acreditam numa derrota dos invasores e sim que a humanidade caminha para a extinção. Existe algo mais clichê que já foi explorado em dezenas de produtos da ficção científica? Ainda por cima tem o drama do filho do principal da história que deseja que a tudo volte a ser como antes, mas por enquanto se diverte com seu presente de aniversário novo. Sério? E ainda temos alienígenas que mais uma vez chegam ao nosso planeta sem uma estratégia avassaladora, e sim ficam guerreando.
Falling Skies chega com a proposta de fazer o tipo de entretenimento fácil, digno da programação dublada da TNT, se aproveitando de referências mal utilizadas de outra série que é do mesmo nível, The Walking Dead. No entanto, mesmo com todos problemas e superficialidade, a série de zumbis é uma adaptação de quadrinhos, que tem um universo inteiro à ser explorado e ainda se aproveita de uma temática diferente, inédita na TV. Enquanto a invasão alienígena aqui, continua traçando o caminho entre o banal e o desinteressante. Resta esperar que o resto da temporada consiga sair do lugar comum, mas à primeira vista é uma decepção sem precendentes, quando a concorrência tem a ousadia de exibir Game of Thrones.
O seriado é exibido todas às sextas feiras, às 22h, pelo TNT e Canal Space.