Dramédia da HBO se sobressai
Na última semana, chegou aos canais brasileiros uma pequena amostra do que surgiu de novo na TV americana. Ringer - que faz o retorno da eterna Buffy, Sarah Michelle Gellar - original do canal CW, estreou pelo Studio Universal (segundas às 22h30); Person of Interest grande aposta da CBS e produzida por JJ Abrams veio aqui pela Warner Channel (terças às 21h); e Enlightened estrelada por Laura Dern (segundas às 21h, na HBO). A primeira estreou com uma audiência satisfatória, mas não tem conseguido se manter. Entre a crítica ela não passa de um novelão superficial, mas que tem no episódio piloto um ritmo admirável. Person of Interest foi a grande aposta da CBS para entrar no lugar de CIS que já demonstra desgaste. Estrelada por Jim Caviezel (A Paixão de Cristo) e Michael Emerson (Lost), o seriado estreou abaixo das expectativas, mas a originialidade do projeto pode fazê-lo continuar. Já a última, da HBO, foi mais uma tentativa do canal de se aproximar da concorrência que anda pegando pesado. Esse drama misturado com comédia lembra bastante a fantástica The Big C, mas infelizmente não é tão tocante quanto.
Ringer
A CW estava se tornando um canal desinteressante e repetitivo desde que passou a renovar séries já mortas como One Tree Hill, Supernatural e Smallville e apostar em projetos de gosto duvidoso como Hellcats. Porém, com o sucesso de The Vampire Diaries, eles se animaram e investiram melhor na grade. Entre as boas estreias do canal, estava a aguardada série Ringer. Primeiro, a série produzida pelos criadores de Supernatural, foi oferecida para a CBS, mas o canal não identificou o perfil da série como compatível para o público alvo da emissora, então o projeto foi oferecido para a CW, que tem os mesmos donos. O maior atrativo da série é o retorno de Sarah Michelle Gellar
ao mundo das séries, depois de uma temporada fraca nos cinemas - seus maiores sucessos foram em Scooby Doo e O Grito.
Em Ringer, Sarah interpreta as gêmeas Bridget
Cafferty e Siobhan Marx. A primeira é uma stripper de um clube que
pertence à máfia local. Ao presenciar um assassinato, ela se torna
testemunha chave no processo que é instaurado contra um dos chefões. Na
manhã do julgamento, Bridget foge, o que leva Victor Machado (Nestor Carbonell),
agente do FBI responsável pelo caso, a tentar localizá-la. Enquanto
isso, temporariamente livre, o chefe da máfia coloca a cabeça de
Bridget a prêmio. Ela decide se esconder na casa de sua irmã, Siobhan,
que vive na comunidade de Hamptons. Casada com Andrew (Ioan Gruffudd),
um bem sucedido homem de negócios que está sempre viajando, Siobhan não
tem uma vida feliz. Afastada de Bridget há anos, ela sequer contou a
alguém que tinha uma irmã gêmea. A reunião familiar ocorre em um barco e
conclui com o desaparecimento de Siobhan, que aparentemente caiu na
água durante a noite. Bridget, então, é confundida com sua irmã, o que a
leva a assumir sua identidade. Mas ela logo descobre que Siobhan não
tinha uma vida perfeita. Além de ter como amante o marido de sua melhor
amiga, ela também tem sua cabeça a prêmio. O amante de Siobhan é Henry
(Kristoffer Polaha), um escritor frustrado, casado com Gemma (Tara Summers), com quem tem filhos gêmeos.
A história lembra bastante a temática de alguns enredos de novelas e fica bem próximo de ser uma versão de bom orçamento de A Usurpadora, novela de sucesso oriunda do México. O primeiro episódio apresentou uma sensação de superficialidade em diversas cenas, porém, a narrativa conseguiu ser interessante e bem elaborada do início ao fim. Gellar até engana como as gêmeas, entretanto, sua atuação ainda vai depender se o roteiro lhe dará momentos maiores sozinha para ela poder emergir na personagem.
Person of Interest
A nova série policial da CBS, canal dono das franquias de CIS e NCIS, tem produção executiva, do novo queridinho da TV, J.J. Abrams. A trama é centrada em Reese, um ex-agente da CIA (Jim Caviezel), que foi dado como morto em ação. Recrutado por Finch (Michael Emerson),
um bilionário recluso e esquisito, ele passa a lutar contra o crime na
cidade de Nova Iorque. Finch desenvolveu um programa de computador capaz
de identificar pessoas que estão prestes a cometer um crime violento.
Assim, os dois agem à margem da lei para tentar evitar que um crime
aconteça. Fazem parte do elenco, Taraji P. Henson e Kevin Chapman. Essa mistura de Minority Report com qualquer filme de conspiração dá um tom único ao seriado, apesar dele ter se mostrado menor e mais simples do que prometia ser. Talvez o medo da imaginação fértil do produtor fez a emissora diluir a história em algo menos complexo.
As atuações sem grande novidade da dupla de protagonistas fizeram a proposta ainda menos surpreendente. O personagem de Caviezel mergulhou no clichê de homem magoado e vingativo que bate em todo mundo, mesmo quando entra em um quarto com várias pessoas armadas. Michael Emerson que ficou marcado como o Ben de Lost, aqui repete seu perfil misterioso, sério e calculista chegando a ser chato diversas vezes. Resta esperar se a trama ficará tão interessante quanto os outros projetos de JJ Abrams, como Lost e Fringe.
Enlightened
Essa foi a melhor surpresa entre as novidades. Mesclando drama e comédia como os sucessos Nurse Jackie e The Big C, Enlightened traz Laura Dern como Amy Jellicoe, uma executiva de uma grande
corporação que tem um temperamento autodestrutivo. Após sofrer um
ataque de nervos, interna-se em uma clínica para se recuperar. Lá, ela
entra em contato com sua espiritualidade e começa a ver a vida de outra maneira. Ao querer preservar sua nova maneira de ver a vida, ela volta para sua
rotina de trabalho determinada a levar para os colegas, amigos e
familiares as experiências e descobertas que fez. O problema é que nem
todo mundo está preparado para passar pela transformação que Amy passou. No elenco estão Luke Wilson, Sarah Burns, Amy Hill e Charles Esten.
Essa série estreou sem grande alarde e parece já sofrer com problemas de audiência. Porém, apesar de parecer uma versão mais livre de The Big C, o seriado tem dentro de si diversas críticas à indústria de anti depressivos, grandes corporações, ao capitalismo e principalmente ao comportamento das pessoas e sua relação com colegas de trabalho e família. O primeiro episódio traz uma grande atuação de Laura Dern, mas foi menos engraçado do que devia e os personagens coadjuvantes quase não tiveram vez. Entretanto, vale a pena compreender as reflexões da personagem que busca seu novo estilo de vida e como ela vai levar isso para aqueles executivos estressados, o ex-marido viciado e a mãe ausente. Não foi perfeito, mas em comparação às outras duas séries, mais uma vez a tv a cabo sai na frente.
Fonte: Nova Temporada