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abril 16, 2013

Crítica: 'House of Lies' finaliza temporada nervosa

Primeiro ele perdeu a família, agora Marty perde os amigos, mas os negócios são promissores


Foi ao ar no último domingo (14), o episódio final da segunda temporada de House Of Lies, série do Show Time que a HBO exibe por aqui. Foi uma temporada bem estável e que terminou com a média positiva, apesar de tensa. A cena final representou bem o que foi visto no decorrer da temporada, Marty (Don Cheadle) duelando consigo mesmo, como se um alter ego sombrio ditasse o que ele deveria fazer, obviamente para ele conseguir ser mais competitivo, seja no trabalho ou na família. Marty que havia perdido seu filho para a ex-mulher na primeira temporada, agora conseguiu atingir seu ápice de arrogância e egoísmo: perdeu seus amigos e, entre eles, a pessoa que ele não assume estar apaixonado. Por outro lado, ele colhe os frutos de suas "boas" estratégias profissionais.

Ficou mais claro nessa temporada, que quanto mais conhecemos Marty, entende-se que a forma dele pensar e agir, está ligada diretamente com o sua realidade: um homem de negócios negro e com um passado sofrido. Quando tocada na questão racial sua atitude é o silêncio: ele apanhou por policiais numa batida e resolveu não dar queixa - chegando passar um exemplo tanto confuso para seu filho, que além de negro, é visivelmente afeminado. Outros exemplos que transparecem uma forma dele fazer de tudo para não perder o controle são: na forma como ele se relacionou com o problemático e idealista irmão, que acabou cedendo as chantagens de Marty e foi embora levando uma boa quantia - o que representou mais uma prova para ele de como o mundo funciona; e também passou a perna na sua equipe, quando desejou levá-los para trabalhar consigo - no fim, foi abandonado. 

No trabalho ele tem como sócios (olha a ironia) um político branco, racista e idiota e um grande banco corrupto - ambos são aliados de peso para a nova empreitada. Marty é um homem que vive de aparências, numa selvageria do mundo de negócios, da qual, ele usa o ataque como estratégia. Usa tanto o sexo, quanto sua inteligência para conseguir o que quer, só esquece que usar isso no campo de relacionamentos mais fortes e intensos, o resultado nunca é positivo, enquanto acha que no campo de negócios, ideais não interessam e sim ser bem sucedido.

Depois do episódio piloto que dava pistas que Marty tinha uma paixão por Jeannie (Kristen Bell), a segunda temporada mostrou que os sentimentos estavam começando a transparecer. Tal balde de água fria em Jeannie, que foi humilhada após tomar a atitude e de assumir que também sentia algo por ele e levou um fora, mostrou bem o que Marty é: um homem com medo de ser vulnerável, com receios de perder o controle - e talvez seu passado ainda seja revelado para ele ter se tornado amargo e viver no ataque custe o que custar. 

Os outros membros da equipe, Doug (Josh Lawson) e Clyde (Ben Schwartz), apenas se decepcionaram com a forma que o chefe agiu - eles sempre pensaram que ele era também um amigo. Doug (um dos personagens mais simpáticos da TV no momento) não conseguiu nem um sorriso de Marty em seu casamento, mas ao menos tomou sua primeira atitude de homem e escolheu não seguir o chefe; Clyde não só levou uma rasteira, ao ter perdido o trabalho que havia conseguido em parceira com Marty, como acordou pra vida e, com sede de vingança, agora vai se aliar a ex-mulher do chefe numa nova equipe. E o final é bem representativo, Marty num galpão gigante, vazio e comemorando seu novo negócio, mas que ainda só conta com seu pai e seu filho como aliados, e isso parece não significar nada nessa selva, pelo menos pra ele.

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