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agosto 15, 2010

HEATH LEDGER E 'O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR. PARNASSUS'

Último filme do ator é uma maravilhosa fantasia


Depois de uma morte precoce, impedindo o avanço de uma carreira que se mostrava promissora - após uma célebre indicação ao Oscar por Brokeback Montain e a interpretação obscura do vilão coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas (que lhe rendeu o prêmio de ator coadjuvante) -, o australiano Heath Ledger deixou um filme incompleto e a beira do abismo. Entretanto, a produção de O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus conseguiu ser finalizada e o cultuado diretor Terry Gilliam terminou as filmagens substituindo o ator com outros astros: Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. A verdade é que esse detalhe é mostrado de forma tão natural, que de forma alguma atrapalhou o resultado surpreendente, original e visualmente envolvente.

No filme,  um circo ambulante liderado por um velho mágico chamado Dr. Parnassus (Christopher Plummer), se apresenta em lugares diversos de Londres, sempre tentando atrair a atenção do público. A equipe é composta por um anão (Verne Troyer, roubando a cena quando aparece), um aprendiz  (Andrew Garfield, do excelente Leõs e Cordeiros e o novo Homem-Aranha) e a bela filha do Dr. (interpretada por Lily Cole). Uma noite, se deparam com Tony (Heath) enforcado e quase morto, suspenso em uma ponte. Misterioso, o rapaz diz não se lembrar de quem é e como foi parar ali. Então, logo vira integrante do show circense. Por trás da alegria do grupo, está Mr. Nick (Tom Waits), o demônio em pessoa. No passado, Dr. Parnassus fez um pacto com ele e a alma de sua filha está em perigo. Logo uma verdade sobre Tony vem à tona. E no caminho dessa revelação, que o personagem muda de aparência (ator) em meio ao mundo dos sonhos do personagens.

É curioso como a criatividade do mundo dos sonhos é maravilhosa ao extremo, refletindo a necessidade desse mecanismo para seduzir as pessoas (será explicado melhor no filme esse motivo). São balões com faces excêntricas, águas vivas no espaço, escadas que levam ao céu e por aí vai... A direção de arte é incrível. É de encher os olhos e ao mesmo tempo se divertir com a estranheza dos hilários componentes das cenas repletas de efeitos visuais. É mais ou menos o que poderia se esperar do novo Alice no País das Maravilhas (o superando nesses termos) e distorcer positivamente a seriedade de A Origem, da qual, também trata de sonhos.

Infelizmente, a narrativa não é fácil de acompanhar. É daqueles filmes que salvam a platéia confusa perto dos instantes finais. Além de fechar algumas pontas abertas pela metade até o meio da projeção, é no final que surge uma segunda interpretação para o filme, algo como se a fantasia existisse apenas dentro da cabeça do velho Dr. Parnassus. É compreensível que a dificuldade em deixar clara a trama afastou o grande público e dividiu a opinião dos críticos. Talvez se contado de forma mais linear, sem o embaralho proposital para guardar surpresas, teria o feito funcionar melhor. Mas aí, é difícil saber se O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, continuaria com a característica de ser tão desafiador e se destacasse no cinema alternativo, com esse jeito fantasista, belo e original. E como cinema de arte é assim mesmo, quem perde é o público, que não vai ver o último trabalho (mesmo não sendo o melhor) de Heath Ledger e uma aventura visualmente deslumbrante.  



O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
The Imaginarium of Doctor Parnassus
França | Canadá | Reino Unido , 2009 - 122
Drama / Fantasia
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam e Charles McKeown
Elenco: Heath Ledger, Johnny Depp, Colin Farrell, Jude Law, Christopher Plummer, Lily Cole, Tom Waits, Verne Troyer, Andrew Garfield 

Trailer:







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