E a dona da festa mesmo é Anne Hathaway!

Demorei para compreender o filme, confesso. Acostumado a filmes que tratam a temática sobre drogas como algo destrutivo e sendo o personagem principal - como no excelente
Réquiem Para um Sonho de
Darren Aronofsky e
Trainspotting de
Danny Boyle - é complicado enteder o que uma festa de casamento mostrada como o assunto principal pode ter a ver com a superação do vício das drogas pela personagem
Kim que é a irmã de
Rachel, a noiva.
Kim, interpretada por
Anne Hathaway, está saindo de um longo programa de reabilitação, depois de algumas recaídas. Ela está nove meses sem consumir droga alguma, e continua a ir em reuniões. Mas algo de grandioso chega em sua família: o casamento de sua irmã
Rachel. E isso é motivo para todos ligados à família se mobilizarem e participarem da celebração, que é mesmo um espetáculo à parte. Até aí tudo bem,
Kim chega em meio aos preparativos, não aceita ficar de lado, e logo se revolta em não ser a madrinha principal.
Rachel cede e a deixa como destaque. Em uma das preparações antes do casório, todos dão seus depoimentos sobre os noivos. Temos piadas, gente cantando, chorando, até que
Kim vai falar. E ela usa todos seus problemas nesse depoimento, fala sobre sua superação, como se estivesse na verdade em uma das suas reuniões de ex-viciados.

A fúria de
Rachel cresce e essa é a primeira de série de discussões que as duas tem durante o filme. É díficil saber quem tem a razão. O problema de
Kim deve mesmo ser deixado de lado durante o casamento? Em outras cenas, fatos são jogados ao vento, e criando ainda mais atrito entre elas, além de despertar lembranças dolorosas de um trágico acidente causado por
Kim. Depois de brigas e até breves conciliações, a festa começa. E o diretor
Jonathan Demme, que fez o ganhador do Oscar de 1992, O Silêncio dos Inocentes, mostra para
Kim e a platéia do cinema quem realmente está certo. O casamento que mais parece um carnaval com temas variados, tem reggae, hip hop, cultura indiana e até samba, deixa claro para Kim, que aquele ponto da vida dela tem que enfim ser superado, pois, a vida de sua família está seguindo em frente e ela não tem escolha a não ser ir junto com a corrente. Afinal, assim como o próprio nome do filme, o casamento é de
Rachel. Isso sim é o tema principal tanto da família, quanto do filme.

É uma produção que trata o tema de uma forma diferente e bem sútil. Não é tão fácil captar a essência de primeira, afinal o filme soa como experimental, visto que parece como um documentário, sem fortes aspectos para nos guiar no mundo de
Kim. Já falei de
Anne Hathaway? Pois é, uma das minhas atrizes favoritas e brilha no filme. Ela atua de forma tão natural, que é impossível não se convencer do drama que ela passa, gostar dela, mesmo sendo uma personagem cheio de contradições. Isso valeu sua indicação ao Oscar deste ano, e com direito de ser umas das favoritas, junto com
Kate Winslet, essa que levou pelo conjunto da obra. Mas a hora da Anne vai chegar, pois aqui ela brilha, em um personagem tão complexo e cheio de improvisações até nas cenas mais díficeis, isso é perceptível.
O Casamento de Rachel
Rachel getting married
Estados Unidos, 2008 - 114 min
Drama
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Jenny Lumet
Elenco: Anne Hathaway, Rosemarie Dewitt, Mather Zickel, Debra Winger
Trailer: