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abril 19, 2011

'Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles' se perde ao tentar apresentar novo ponto de vista no gênero

Filme requer paciência para quem esperava algo diferente


Produções de ficção científica voltaram à moda. Desde que Will Smith declarou o dia da independência norte americana e gerou bons lucros à 20th Century Fox, no sucesso de bilheteria Independence Day, do final dos anos 90, foram feitos um número significativo de filmes no estilo, não muitos, pois o orçamento deste tipo de gênero sempre é muito alto. Vieram comédias como MIB Homens de Preto, até animações em computação gráfica, tal como, o sucesso mediano de Monstros vs Aliens, passando pelo interessante Planeta 51 até o recente fracasso Marte Precisa de Mães. Refilmagens de clássicos, como O Dia em que a Terra Parou e Guerra dos Mundos. As coisas mudaram com a tecnologia, e mesmo filmes b como Skyline - A Invasão, ganham destaque em grandes circuitos, pois custam pouco e conseguem se promover com a outra parcela de dinheiro, que antes seria gasta para complementar os efeitos visuais. Infelizmente, o que seria bom para mentes criativas trabalharem mais e criarem roteiro mais espertos e intrigantes, a maioria dos produtores visa apenas o exagero dos efeitos especiais e o lucro em uma trama que não fuja do clichê. Os únicos que realmente trouxeram algo de novo, e logo ganharam reconhecimento, foram os indicados ao Oscar Avatar e Distrito 9.

Pois então, Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, o primeiro blockbuster de 2011, falha em todos os sentidos. Primeiro sofreu o golpe do lançamento de Skyline, que se passa em Los Angeles e é do mesmo gênero e estilo (inclusive da mesma companhia de efeitos especiais). A sorte dos produtores é que o filme é bem ruim e foi um fracasso retumbante. Isso fez com que este segundo ganhasse mais notoriedade, já que parecia algo novo e melhor. Prometia uma visão diferente, como se complementasse Guerra dos Mundos, a boa refilmagem de Steven Spielberg, que não abrangeu a 'guerra' do título e sim a fuga. O título auto explicativo (culpa da distribuidora brasileira) mais uma vez enganou as platéias, que esperava a tal invasão do mundo e terminou vendo uma batalha sem fim de um grupo de soldados que desejam fugir de pontos de combate e salvar alguns civis. E nesse tipo de trama que mais parece uma guerra qualquer, sobram os clichês de outras diversas histórias que exploram as grandes guerras mundiais até as mais novas com intervenção dos Estados Unidos.

Se o público que estivesse disposto e curioso a ver um novo ponto de vista de uma invasão extraterrestre, soubesse que tal filme falaria sobre a relação entre os soldados, sentimento de culpa do líder que perdeu seus companheiros, o motivo da invasão que mais uma vez é a água, os civis que surgem no meio do caminho e criam tramas paralelas e dramáticas para novas tensões e dilemas para os protagonistas e ainda o heroísmo à todo custo destes, certamente pensaria duas vezes ao assisti-lo. Pode soar inédito e interessante em alguns momentos, mas nem de longe desafia o intelecto do espectador que depois de ver Distrito 9, precisa de algo além de explosões, criaturas nojentas e a resposta para tudo ser a água e vindas das pausas forçadas e narradas pela TV ligada em todo canto. Nem vale dizer que o filme sirva para diversão, já que a produção bilionária de James Cameron ou a produzida por Peter Jackson agrade também a parcela do público que não está disposto à pensar ou refletir um pouco mais. Uma pena. O gênero merece muito mais, já que a tecnologia finalmente está disposta a nos presentear com cenas melhores e divertidas, mesmo que para eles não saia tão caro. Já com roteiro ruim, quem paga caro é o público.

Trailer:



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