A indústria cinematográfica, em especial Hollywood, vive um momento de impasse. A queda nas bilheterias, a pirataria, o abuso do 3D - que muitas vezes só serve para cobrar ingressos mais caros -, fazem da experiência histórica da sétima arte se perder em outras formas de entretenimento. Num momento onde um filme consegue facilmente ultrapassar a barreira de U$ 1 bilhão arrecadados, esses números só servem para maquiar o número decadente de público e outros diversos fracassos. Porém, pelo mundo, tudo ocorre de forma mais lenta, e em alguns países, o números são até otimistas. Não é a toa que Hollywood tem procurado locações de âmbito global para explorar em seus blockbusters, fazendo o máximo para agradar continentes diversos e angariar mais dólares desta maneira. Vale até comprar filmes prontos de outros lugares.

Essa crise nos bastidores da indústria, trouxe à tona as mesmas questões que hoje são levantadas. Seja na pergunta sobre em qual lugar estão os grandes astros, cada vez tratados com mais indiferença pelas plateias, e até em que ponto a tecnologia pode emocionar tanto quanto uma boa história, uma boa atuação. Afinal, O Artista define muito bem essas respostas e ainda ousa na forma sarcástica que eram as atuações, a estética, de antigamente em contraste no que é hoje em dia. Pode-se dizer até que existe um certo deboche no tratamento e seriedade da mensagem de antes e hoje.
Além disso, tudo é mostrado com maestria. Fotografia exuberante, edição que consegue manipular a platéia com eficiência, guiado por uma trilha sonora grandiosa, que revive até temas clássicos. É no visual que o filme conquista. Mesmo contado com uma estética clássica, em uma cena ele utiliza áudio para elucidar o pesadelo do protagonista que tinha medo do cinema falado; o cachorro Uggie que rouba a cena contracenando até quando não precisa; cenas que exploram a metalinguagem, misturando vida real com o cinema; e os subtítulos que surgem em momentos importantes e até criam suspense quando necessário.

