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fevereiro 09, 2012

Crítica: 'Os Descendentes' usa o Havaí como plano de fundo para drama comum

Filme desmitifica estado norte-americano criticando capitalismo e mostrando problemas familiares



Estereótipos sobre lugares são fato comum no mundo todo. O nosso Brasil só agora vem conseguindo sair do rótulo de "praia, futebol e carnaval" - apesar do cinema hollywoodiano ainda bater nessa tecla. Com o Havaí não é diferente. E logo nos primeiros minutos de Os Descendentes (The Descendants, EUA, 2011) o protagonista, vivido por George Clonney, deixa claro: os havaianos, ao contrário do que acham os que vivem no continente, não são imunes a vida. E nas próximas duas horas o roteiro vai mostrar de forma leve uma história cheia de reviravoltas, umas espinhosas e outras comuns.

O título do longa, faz referência à família de Matt King (Clonney), que era poderosa décadas atrás e deixou para os descendentes terras avaliadas em milhões de dólares. Agora eles precisam tomar uma decisão crucial: vender esses terrenos para grandes empreendedores ou vão perder a propriedade. A decisão é complicada, já que as construção de resorts e hotéis - principais investimentos na ilha - mudariam a paisagem e a vida na região, refletindo a invasão capitalista. A decisão final é de Matt. Em âmbito ainda mais fechado, Matt passa por uma tragédia familiar: sua esposa sofreu um grave acidente e está em coma.

Do outro lado do problema, estão as filhas Scottie (Amara Miller) e Alex (Shailene Woodley) que eram muito ligadas à mãe, e agora precisam conviver com o pai que sempre fora ausente. Ambas estão vivendo os dilemas da adolescência - uma entrando e a outra saindo -, e suas emoções estão à mil. No meio disso, uma revelação sobre a infidelidade da mulher causa ainda mais rebuliço no que devia ser apenas uma passagem trágica na família e na vida de Matt - é... realmente, os moradores dos continentes não esperavam por essas coisas vindo do Havaí.

Como um bom drama sobre a vida e pessoas, Os Descendentes nos transporta para a vida dessa família, que aos poucos vão se conhecendo e procurando seguir em frente, superando os fantasmas. Quando percebem, os sentimentos acabam os unindo de forma gradativa e o protagonista termina se dando conta que o acidente não serviu apenas para ele se dar conta de um problema no casamento, como ele mesmo diz que tinha, e sim uma chance de reconciliação com as filhas e com seus ideais. Não existe nada mais importante que a família, e o respeito por essa linhagem vigorou com toda a mudança que passou Matt.

Uma história de vida comum, que se encaixaria em qualquer lugar do mundo, só que no filme todos vivem seus problemas de bermudas, biquínis e camisas com estampas floridas. Pois é, algumas coisas realmente são como dizem que são.