Hoje em dia, fica difícil saber o que culturalmente não se sucumbiu ao capitalismo e não se condensou na busca prioritária de executivos: lucrar o quanto for possível. A própria industria cinematográfica vive nesse intensa busca de resultados por grandes consultores tentando prever e fabricar filmes que rendam muita grana. No Brasil, o grandioso e tradicional carnaval já foi vendido à patrocinadores, assim como o futebol transformado no mercado lucrativo. Não muito diferente, nos EUA, o baseball passa pelo mesmo processo de adaptação, da qual, o esporte com todo seu romantismo e dependente de talentosos esportistas, agora é centrado em gráficos e números que possam indicar resultados futuros. O termo Moneyball, título original do filme O Homem que mudou o Jogo (EUA, 2011) é o nome dessa nova visão.

Em crise, para salvar o time no próximo campeonato, conhece o jovem analista Peter Brand (Jonah Hill), um jovem ambicioso que acredita em um novo método para conquistar bons resultados. Graças à sua formação em economia, Peter mostra para Billy que mesmo com um orçamento baixo, é possível utilizar táticas para conquistar algo. Geralmente, incentivar e apostar em jogadores rejeitados, mais baratos, e que possuem alguma característica importante para determinados jogos. Quebrando paradigmas, ele nada na maré contra a imprensa e de envolvidos ao esporte (inclusive dentro do seu time). Fazer a ideia ser aceita é um desafio e que bate de frente com conceitos tradicionais da formação de grandes astros (a prioridade do mercado).

Indicado ao Oscar, O Homem que mudou o Jogo pode muito bem ser comparado ao outro que aparece na lista: Os Descendentes. Tudo está lá, o tradicional e romântico versus o capitalismo, os frágeis laços familiares e os protagonistas na meia idade buscando algum sentido para a vida. Em outras instâncias vale um comentário em como Brad Pitt está ótimo no papel, e como esse personagem reflete no que ele é para a indústria. O galã que sempre teve oportunidades, mas nunca desempenhou seu talento à ponto de ser reconhecido como bom ator. Agora é sua chance máxima e como Billy, ele tem se afastado de produções milionárias e escolhendo projetos mais modestos (recentemente, no experimental A Árvore da Vida - também indicado) e até trabalhando nos bastidores como produtor. Uma boa reflexão do que é a vida (sem nenhuma uma fórmula de sucesso) e a adaptação para seguir vivendo num mar cheio de tubarões.
