Quando foi anunciado o projeto de Robin Hood com a direção de Ridley Scott, a expectativa para um novo Gladiador logo surgiu. Então quando foi confirmada que a versão seria protagonizada pelo eterno Maximus, Russell Crowe, foi quando a indústria começou a desconfiar. Estaria o diretor forçando a barra e tentando mesmo emplacar um novo Gladiador? Bobagem. O diretor de filmes cultuados como Alien O Oitavo Passageiro, Thelma e Louise, o próprio Gladiador e até Falcão Negro em Perigo (não fez muito sucesso, mas é bem prestigiado entre críticos) teve seu último sucesso notável em 2007 com o lançamento de O Gângster, porém sem fazer tanto barulho.
É óbvio que a parceria com Crowe também não precisa ser julgada dessa maneira, mesmo sabendo que o ator vencedor do Oscar há tempos não emplaca um filme. Então eis que meio deslocado - afinal há tempos um épico não faz grande sucesso, o último deles foi Cruzada, do mesmo diretor - Robin Hood retorna com mais cara de épico de ação, com batalhas, trama tentando ser mais realista com fatos históricos e o personagem menos caricato. O resultado beira à uma versão violenta, com uma trama complexa, cheia de traições e o romance básico. Porém, o que deveria ser realista, acaba se ruindo nos buracos do roteiro.
No filme, Robin (Russell Crowe) retorna das Cruzadas e encontra uma Inglaterra corrompida por suas relações com a França, sob a tirania de um jovem novo rei, e uma cidade de Nottingham oprimida por altos impostos e desmandos do xerife local (Matthew Macfadyen). Lá ele conhece Lady Marion, (Cate Blanchett), da qual tem de devolver a espada que pertencia de seu marido morto em combate. Também é no local que ele conhece seu passado e percebe a importância de seu destino como justiceiro. Ou seja, o destino dele se encontra sem querer com todos os personagens que o fazem se transformar na lenda. Esse roteiro meio preguiçoso, não consegue se justificar nem ao mesmo nas duas horas e meia de duração do longa. Então o filme não guarda surpresas e sim segue a constante linha reta para se chegar ao momento clímax: revela-lo como o herói que salva a mocinha em perigo e a Inglaterra.
Como positivo, pode-se citar a as cenas de batalhas, a fotografia de John Mathieson (que já trabalhou com o diretor no dois épicos), os efeitos especiais que não são falsos (o filme custou 200 milhões para ser produzido!) e a caracterização dos personagens secundários. Pode-se destacar desde os amigos fiéis do arqueiro, Will Scarlet (Scott Grimes), Allan A'Dayle (Alan Doyle) e João Pequeno (Kevin Durand), o exército de crianças pobres, até o nobre e cego que conhece a origem do protagonista, Sir Walter Loxley (Max von Sydow). Porém, os principais mesmo não são bem desenvolvidos. Russell Crowe já está velho, e é difícil engolir que quando o filme acaba, a lenda começa a partir dali. Lady Marion cai no estereótipo mulher guerreira sem mais nem menos. Infelizmente não é o melhor trabalho do diretor, mas também não deixa de ser uma boa diversão. Talvez se o realismo buscado, também servisse para preencher as lacunas do roteiro, aí o entretenimento seria melhor absorvido pela platéia e o diretor melhor compreendido.
Robin Hood
EUA, Inglaterra , 2010 - 140 min
Épico / Guerra
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Brian Helgeland, Ethan Reiff, Cyrus Voris
Elenco: Russell Crowe, Cate Blanchett, Max von Sydow, William Hurt, Mark Strong, Oscar Isaac, Danny Huston, Eileen Atkins, Mark Addy, Matthew Macfadyen, Kevin Durand, Scott Grimes, Alan Doyle, Douglas Hodge
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