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novembro 19, 2010

O princípio do fim em 'Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1'

Mesmo com pouca ação, filme empolga com personagens e a história marcante


A grande polêmica que gira em torno dos filmes da série Harry Potter, é se eles deviam ou não serem fiéis a obra de JK Rowling. Passados sete filme e se aproximando do final, o que se percebe é um equilíbrio de alguns filmes mais fiéis e outros menos. Provavelmente, a troca de diretores entre os primeiros filmes - e até de roteiristas -, foram as principais características que explicitavam o interesse do estúdio intercalando diferentes caminhos e, que agora perto do final, busca o máximo agradar aos fãs. A primeira parte de Relíquias da Morte, segue o mesmo ritmo e as intenções do anterior Harry Potter e o Enigma do Príncipe, do mesmo diretor David Yates. A impressão que fica, é que enquanto os outros filmes buscavam divertir um público maior com cenas memoráveis de ação, sem seguir características importantes do livro, a responsabilidade de não desiludir os fãs dos livros ficou restrita, principalmente, nesses últimos dois últimos longas.

Como é dividido em duas partes, dividi-se também a aventura e desacelera a ação. Tudo nessa primeira parte do final busca preparar terreno para um evento muito maior. Então o maior "problema" do filme anterior, pode ser sentido aqui novamente: o ritmo lento. As poucas cenas de ação não impressionam, mesmo que o suspense esteja em doses maiores e guardando bons sustos. Outro ponto que éo foco da produção e que estava perdido nos últimos filmes, é o desenvolvimento dos personagens principais - Harry, Rony e Hermione -, que foi iniciado em A Ordem da Fênix e agora chega num estágio maduro. Como o mundo da magia criado pela escritora londrina já sustenta um bom filme, mesmo sem abusar da ação, personagens secundários que haviam perdido importância nos cinemas, retornam para emocionar com grandes e heróicos desfechos - e assim segurar o interesse do público. O elfo Dobby é um desses que provavelmente vai arrancar lágrimas dos mais sensíveis com seu sentimento de gratidão eterno pelo jovem bruxo.

No filme, a guerra declarada entre Voldemort, com ajuda dos Comensais da Morte, e Harry Potter com seus aliados, começam a entrar em níveis cada vez mais violentos e sem poupar a vida de inocentes. O "você sabe quem" tem ainda planos de criar um verdadeiro holocausto contra os denominados "sangue ruim" e transformar os trouxas em escravos de sua supremacia. Algo bem semelhante ao nazismo, principalmente quando a turma do mal toma o Mistério da Magia e prega que Harry é o inimigo. Para destruir o vilão, Harry precisa encontrar e destruir o que mantém sua imortalidade: Horcruxes, peças que asseguram a imortalidade do malfeitor. O roterista preparou bem o mistério apresentado pela escritora, jogando pistas novas - como o interessante conto dos três irmãos -, buscou outras nas histórias anteriores (os personagens fazem várias referências às produções anteriores), e confundiu um pouquinho a cabeça de quem não leu os livros quando apresentou alguns cenários novos (como a casa onde o bruxo viveu). A cena da velha e a cobra, apesar de bem realizada e marcante, pouco é explicada sua real necessidade.
 
Espera-se agora de As Relíquias da Morte - Parte 2, tudo o que o fãs, e os não fãs, mais desejam. Algo surpreendente e digno para encerrar umas das aventuras mais bem sucedidas da cultura literária infanto-juvenil e cinematográfica. Mesmo com tropeços nessa transposição, o forte da história manteve-se intacto e evoluiu de forma coerente: seus personagens. E, agora que os protagonistas alcançaram um nível de atuação bem mais convincente que anos atrás, a série Harry Potter pode se despedir e fechar com chave de ouro o seu legado que tanto falou sobre assuntos e sentimentos diversos: a dor da perda, amizade, amor, vingança, adolescência... Esse filme só não pode ser melhor compreendido e julgado, porque ausenta de um final, por mais, é mais uma vez, prazeroso mergulhar na magia apresentada, além de fazer o público se sentir muito bem acompanhado. Vai fazer falta.

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