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dezembro 18, 2010

As diferentes vertentes emocionais do filme 'Sentimento de Culpa'

Produção explora com delicadeza o complicado sentimento de consciência pesada


Culpa. Não existe sentimento mais espinhoso este que faz pessoas perderem o sono, se martirizarem por anos ou simplesmente convivem diariamente com ele. A culpa sempre rendeu bons percalços para personagens no cinema e sem dúvidas foi crucial para imortalizar obras ao tratar do assunto e ainda conseguir levar seu protagonista - e o espectador - à redenção. Um bom exemplo é o emocionante e épico Desejo e Reparação. Mas aqui, em termos relativamente menores e próximos à realidade cotidiana, o filme Sentimento de Culpa (Please Give, 2010) de Nicole Holofcener, trata de diversos parâmetros, da qual, personagens à todo momento se deparam com esse conflito interior e não sabem como afastarem tal sentimento.

A trama segue os dilemas de vários personagens: Rebecca (Rebecca Hall) uma jovem que vive de forma simples, satisfeita com um modesto emprego em um hospital (realizando exames de mamografia), não tem amigos e namorado, apenas tenta conseguir encontros pela internet, além disso, é órfã de pai e mãe e dedica seu tempo para cuidar da rabugenta avó (Anna Guilbert); sua irmã, Mary (Amanda Peet) é o oposto, vaidosa e fútil, trabalha como esteticista e nos seus tempos livres, além de destratar a avó, procura vingança com a nova namorada do seu ex; a vizinha Kate (Catherine Keener) que mais sofre com o sentimento ao trabalhar em uma loja de móveis usados, da qual, os consegue com famílias que perdem parentes, daí os revendem por um preço mais caro - aproveitando-se que os consumidores não entendem dos valores -, ela ainda é daquelas que param na rua para darem esmola e dessa forma equilibrar a culpa; Alex (Oliver Platt), marido de Kate, começa à sentir algo por Mary, anos mais jovem que ele e, assim, sofre sabendo que trai a família tão estável; e a outra é a filha do casal, Abby (Sarah Steele), adolescente com os problemas típicos da transição de fase, e que deseja comprar uma calça bem cara, entretanto, ninguém ao redor entende, fazendo-a sentir-se culpada.

O filme trata do assunto de uma forma natural, mostrando aos poucos que o sentimento pode ser domado, principalmente quando a própria vida vai dando sinais que não adianta procurar ações que diminuam o sentimento, como sair doando ou sendo voluntário sem entender realmente a importância do assunto, sabendo que na sua própria casa existem pessoas carentes e que necessitam de você. Os protagonistas aprendem muito bem isso com o tempo. Alguns escolhem doar sua vida ao próximo e esquecem de viverem suas próximas vidas, enquanto outros não enxergam a realidade dos mais próximos. E a sociedade impõe tanto ajuda aos necessitados, que esquece de lembrar que uma simples doação de paciência, sabedoria e amor ao próximo, já é importante. Um filme leve, sobre um sentimento que de tão pesado pode levar pessoas à patamares perigosos, mas em Sentimento de Culpa, os fatos cotidianos de qualquer pessoa são o tema principal, não tão extraordinários, mas nem por isso menos importantes.

Trailer:


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